terça-feira, 30 de setembro de 2008

Prospecção de clientes ou de oportunidades de negócios?

Ivan Postigo

Imaginar que uma empresa desenvolve relações no mercado para captação de clientes revendedores, mas ao mesmo tempo perde outros, devido a um atendimento inadequado, pode soar um pouco estranho não ?
Uma resposta rápida a essa pergunta seria sim, mas isso é um fato tão comum que profissionais que trabalham com gestão comercial já tem números referenciais para essa questão.
Um dos referenciais diz que 70% do clientes, que trocam seus fornecedores, o fazem porque consideram que a empresa não se importa com eles.
Outra referencia é que, dos clientes que figuram no cadastro das empresas, apenas 35% fazem reposições com freqüência, e os gestores pouco conhecimento têm dos motivos que levam os outros clientes a não efetuarem compras.
Temos, ainda, uma veia industrial que se sobressai à mercadológica. Organizações são administradas com os olhos de seus gestores voltados para dentro e as costas para o mercado.
Hoje, não importa onde o produto é fabricado e por quem, mas onde é vendido, como é vendido, quem compra, por que compra.
Qualidade excedente, aquela exigida pelo fabricante, mas não identificada e reconhecida pelo consumidor, não tem valor comercial.
A imagem, a marca, o atendimento a moda, às necessidades imediatas, são muito mais importantes, num mercado em constante mutação, que torna produtos, recursos e serviços obsoletos do dia para a noite.
Entender e dar respostas rápidas a essas necessidades é que faz toda a diferença.
Cada dia mais, com os avanços tecnológicos, os produtos estão mais parecidos e suas diferenças estruturais imperceptíveis.
Um amigo, gestor de recursos humanos, ao ter como incumbência a contratação de um gerente comercial, pediu-me que o ajudasse a entender o que estava acontecendo com a área mercadológica da empresa.
Dessa forma poderia formatar melhor o perfil do profissional a ser procurado.
Já desenvolvemos vários trabalhos e ele se identifica com os conceitos que defendo; em diversas oportunidade pudemos testar os referencias que comentei acima e sempre chegamos a números bem próximos.
Nessa análise, constatamos que a empresa, há cinco anos, estava trabalhando naquilo que definimos como “área de conforto”: A mesma quantidade de clientes ativos, preços médios bem próximos, pequenas variações de mix de produtos e volume médio por ponto de venda praticamente inalterado.
Algumas mudanças ocorreram na organização e as vendas tiveram uma queda importante, com isso os gestores iniciaram um processo de reestruturação e estão em busca de um gestor para dinamizar o trabalho comercial.
A primeira reação é de se fazer forte prospecção no mercado, contatando novos revendedores, afinal se as vendas caíram é porque os clientes estão comprando menos.
Um minuto para reflexão:
Antes de qualquer ação é importante entender porque as vendas caíram, procurando respostas para perguntas óbvias.
Quais revendedores continuam comprando e quais deixaram de comprar?
O volume por ponto de revenda, daqueles que fizeram reposição, é o mesmo?
Que mudanças aconteceram e porque, no perfil das vendas?
Fizemos mais 5 perguntas, bastante simples, e rapidamente pudemos identificar que da carteira de clientes “cadastrados” 50% haviam comprado nos últimos 5 anos, observando os dados até 2.007.
Neste ano de 2.008, apenas 59% dos clientes que compraram nos anos anteriores fizeram reposição.
Para quem gosta de matemática , isso significa pouco menos de 30% da carteira de clientes cadastrados.
Ao tomar o preço médio, o numero médio de peças por ponto de revenda, multiplicando-os pela quantidade de pontos que não fizeram reposição chegamos ao volume perdido de faturamento.
Não vamos nos aprofundar nas demais análises efetuadas, este ponto já e suficiente para colocação de uma pergunta: Prospectar mais revendedores para que, se há um volume significativo que deixou de comprar e não há ciência do fato?
Nossas empresas, mais do que sair oferecendo seus produtos no mercado, atendendo de forma inadequada seus revendedores, precisam aprender a prospectar oportunidades de negócios e sustentá-las, o que não quer dizer abertura de novos clientes.
O revendedor abriu um negócio para vender e não para comprar produtos, portanto quando não se sente confortável ou não observa rentabilidade redireciona seus esforços e atenção.
Como diz a velha máxima : Ao descobrir ouro, escave a montanha.
Só após realizar essa tarefa procure oportunidades em outros lugares.
Sem isso estaremos apenas espalhando a nossa gestão inadequada e abrindo espaço para os concorrentes.

Ivan Postigo
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Autor do livro: Por que não ? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
www.postigoconsultoria.com.br

Jornal Economia em Notícia - Edição 37