France Presse
02/04/2008
A América Latina crescerá acima dos 5% em 2008, especialmente os países da América do Sul, que têm uma demanda interna funcionando como principal motor das economias, segundo divulgou nesta terça-feira o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA).
O relatório da Latinwatch, publicado semestralmente pelo segundo banco espanhol que possui com grandes investimentos na América Latina, assegura que a América do Sul vive "um período de expansão econômica desconhecido para o subcontinente desde a década de 70".
Os países sul-americanos encerraram 2007 com um crescimento recorde do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,5%, mas, para este ano, o BBVA previu que o crescimento será ligeiramente menor, de 5,4%, e ainda cairá um pouco mais em 2009, para 4,6%.
"Em 2007, a América Latina embarcou no quarto ano consecutivo de crescimento caracterizado por um intenso ritmo de atividade econômica", assegurou o banco espanhol.
O BBVA destaca especialmente o avanço do Peru, que cresceu a um ritmo de 9% em 2007 e permanecerá em 7% este ano. A Argentina, que teve um crescimento da economia de 8,7% em 2007, alcançará este ano 7,5% de crescimento. Já a Venezuela, cresceu 8,4% no ano passado e este crescerá 5,7%.
A menor dependência comercial dos Estados Unidos e a maior diversificação das exportações protegeram grande parte dos países sul-americanos da crise financeira internacional, desencadeada pela crise das hipotecas nos EUA, segundo o relatório da Latinwatch.
"A América Latina não está no centro da crise como estava no passado. Hoje ela observa de longe e está mais preparada que antes para enfrentar as consequências", explicou o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
Moreno explicou que um país que é "um grande exportador, capaz de produzir de tudo, que está com reservas recordes", como o caso do Brasil, "sofrerá menos o impacto da crise".
O BBVA ressalta ainda assim a forte demanda interna, que serve de motor para as economias sul-americanas e, consequentemente, cria uma maior liquidez e melhora a situação da dívida externa.
Segundo o relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), organismo dependente das Nações Unidas, a América Latina e o Caribe, reduziram suas dívidas externas em 22% em 2006 para 20,3% em 2007.
O BBVA, no entanto, destaca o forte acúmulo de reservas internacionais que passaram de 320,9 bilhões de dólares em 2006 para 414,3 bilhões de dólares em 2007, de acordo com dados da Cepal.
O relatório da Latinwatch referente ao segundo semestre de 2007 somente adianta um possível risco de uma inversão na evolução dos preços das matérias-primas e a perda do controle da inflação, ainda que não existam indícios concretos de que em breve haverá uma redução dos preços das matérias-primas.
Segundo especialistas reunidos em dezembro do ano passado no Brasil, a América Latina continua sendo a principal fonte de minerais do planeta, principalmente de ferro e cobre que alimentam as reservas do Peru e do Chile, enquanto que o 'boom' das matérias-primas agrícolas acelera a economia da Argentina, do Brasil e do Uruguai, afirmou o relatório do BBVA.