terça-feira, 21 de outubro de 2008

Jornal Economia em Notícia - Edição 51

Presidente do FED americano sugere necessidade de novo pacote

Reuters
21/10/2008
O chairman do Federal Reserve (FED, o banco central americano), Ben Bernanke, disse ao Congresso nesta segunda-feira que uma nova leva de gastos governamentais pode ser necessária à medida em que a economia beira o que pode ser um período prolongado de baixo crescimento.
"Com a economia devendo ficar fraca por vários trimestres e com o risco de uma desaceleração prolongada, a deliberação de um pacote fiscal pelo Congresso nesta conjuntura parece apropriada", disse ele em comentários preparados para discurso no Comitê de Orçamento da Câmara dos Deputados.
É a primeira vez que Bernanke explicitamente endossa um segundo pacote de estímulo econômico. O governo mandou cerca de US$ 100 bilhões em cheques aos cidadão para estimular a economia durante o verão (do hemisfério Norte), mas o gasto do consumidor segue fraco.
Bernanke acrescentou que o pacote deveria considerar incluir medidas para melhorar o acesso ao crédito, mas não especificou a forma como isso poderia ocorrer.
Ele disse ainda que existem alguns sinais encorajadores de que as medidas tomadas até agora para descongelar os mercados de crédito estão ajudando, mas que ainda é cedo para medir o impacto total.
"A estabilidade dos mercados financeiros, vista como um primeiro passo essencial, não irá eliminar rapidamente os desafios que a economia geral ainda enfrenta", completou.

Mercosul adverte que crise pode atrasar crescimento

EFE
21/10/2008
Os ministros do Trabalho dos países-membros do Mercosul reconheceram hoje que a crise financeira internacional pode afetar o crescimento regional e propuseram ações coordenadas para enfrentar ameaças como o desemprego.
Em declaração assinada hoje no Rio de Janeiro, os ministros e seus representantes pediram ações coordenadas para preservar a expansão econômica e os empregos em cada um dos países do bloco sul-americano, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No entanto, o texto dos ministros do Mercosul contrasta com o otimismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repetido perante a imprensa pelo ministro do Trabalho Carlos Lupi, que disse que a crise "das hipotecas" não afetará o Brasil.
"Nosso cenário não é esse (...). Pode ser que não cresça tanto como prevíamos, mas queda não haverá", disse Lupi ao ser consultado sobre as projeções Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O conteúdo da declaração coincide também com um relatório da OIT que advertiu hoje em Genebra que a crise aumentará em 20 milhões o número de desempregados no mundo até 2009.
Os ministros do Mercosul também recomendaram que seja fortalecido o mercado regional por meio de uma maior integração entre os países-membros e evitar que a região "se transforme em uma das variáveis de ajuste para as economias que sofrem com maior força as conseqüências da crise internacional".
O documento foi assinado também pelos ministros do Trabalho de Paraguai, Uruguai e Venezuela, além de pela vice-ministra do Trabalho da Argentina, Noemi Rial.
Ao manifestar sua "preocupação com a grave crise no mercado financeiro e suas eventuais repercussões" nos países, os ministros assinalaram que será afetado o ritmo de crescimento econômico e estão ameaçadas as políticas de promoção de emprego, combate à pobreza e a aceleração do desenvolvimento.

Mercado de fundos do Brasil é resistente à crise

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Silvia Rosa
21/10/2008
Apesar da retração do mercado de capitais, a indústria de fundos de investimento no Brasil tem se mostrado resistente frente à crise internacional. "Os resgates líquidos no ano alcançaram menos de 3% do patrimônio total do mercado de fundos, representando cerca de R$ 40 bilhões", diz Marcelo Giufrida, durante cerimônia de posse como novo presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).
Segundo o vice-presidente da Anbid, Alexandre Zákia, a indústria de fundos brasileira é uma das menos afetadas pela crise internacional, apresentando, na média, desempenho superior a muitos países como a Espanha, cujas perdas no mercado de fundos alcança cerca de US$ 200 bilhões, quase metade do seu patrimônio total de US$ 450 bilhões.
Zákia destaca que a tendência é haver uma migração dos investidores para ativos de menor volatilidade como produtos como os Certificados de Depósito Bancário (CDB) e fundos DI.
Para Giufrida, o recente fechamento de dois fundos no mercado brasileiro -das gestoras GWI e da EM Galleas - são casos isolados, pouco representativos do mercado. "São fundos focados em clientes alta renda, que tiveram problemas localizados, mas que não refletem a realidade do mercado, que apresenta cerca de 8 mil fundos."
Giufrida destaca que uma das prioridades da nova diretoria da Anbid é ampliar a atuação na auto-regulação dos bancos de investimentos, estendendo a adoção da suitability, que permite adaptar os tipos de investimento ao perfil do cliente, para o varejo. "Hoje essa metodologia já é adotada nos private banks", diz Celso Scaramuzza, vice-presidente da Anbid.
A entidade também está analisando como regular as atividades de "equity kicker", pela qual os bancos concedem empréstimos às empresas antes da Oferta Pública inicial (IPO). Ele ressalta que a entidade tem focado na melhoria dos prospectos das ofertas públicas, que devem trazer alertas sobre os fatores de riscos.
A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, afirmou ontem que a instituição irá analisar as operações envolvendo derivativos, e se necessário irá impor restrições às operações que exigem maior risco. "A CVM vai analisar esses problemas e, caso necessário, imporá punições."
Maria Helena afirmou que CVM colocará em audiência pública, ainda esta semana, a norma que regulamentará a demonstração de instrumentos financeiros, incluindo derivativos, nas notas explicativas dos balanços de companhias abertas.
A regulamentação está dentro do cronograma de convergência para o padrão internacional de contabilidade, conhecido como IFRS, discutida em parceria com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Até o final do ano, será elaborada uma norma mais detalhada, conforme os pronunciamentos adotados pelo International Accounting Standards Board (IASB), sobre a demonstração e contabilização das operações com instrumentos de derivativos. "A deliberação nº 550 da autarquia, que exige informações detalhadas sobre os instrumentos de derivativos detidos por companhias abertas nos balanços do terceiro trimestre, é uma norma transitória e antecipa em parte o que a CVM passará a exigir a partir do fim do ano", diz.

Argentina pode estatizar US$ 28,7 bi em fundos de pensão

Rodrigo Postigo
21/10/2008
O governo da Argentina irá propor ao Congresso a estatização de aproximadamente US$ 28,7 bilhões depositados em fundos de pensão privados, afirmou nesta segunda-feira uma fonte do mercado previdenciário.
A idéia seria que o Estado passasse a administrar os ativos atualmente nas chamadas AFJP, de modo que os trabalhadores não seguissem perdendo dinheiro devido às turbulências nos mercados.
As AFJP investem seus recursos em ativos financeiros, diferentemente de um sistema previdenciário que permanece nas mãos do Estado argentino.

Anbid deve editar norma sobre atuação de banco em emissão de ações

Valor Online / Fernando Torres
21/10/2008
A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) deve apresentar nos próximos dias uma norma de auto-regulação sobre as operações de "equity kicker", em que um banco de investimento faz um aporte de capital ou empresta recursos para uma empresa antes da abertura de capital desta companhia e atua como coordenador da oferta de ações em seguida. O anúncio foi feito hoje pelo novo presidente da Anbid, Marcelo Giufrida, que não revelou maiores detalhes sobre a regra.
"Nós não queremos impedir o uso do instrumento, mas que ele seja usado adequadamente", explicou Alberto Kiraly, vice-presidente da Anbid, alegando que a operação tem seu valor e contribuição em alguns casos.
Segundo a edição de outubro da ValorInveste, se o banco líder da operação for credor de mais de 10% da dívida total da empresa ou proprietário de mais de 10% de suas ações a emissão será classificada como tendo conflito de interesse. Nesse caso, será obrigatória a contratação de um banco sem relação com o processo.

Brazil wants to regulate currency derivatives

Mon Oct 20, 2008 6:15pm EDT
BRASILIA, Oct 20 (Reuters) - The Brazilian government wants to tighten regulations on the country's currency derivatives market after key companies announced heavy losses in recent weeks, a senior government aide said on Monday.
"We need to create a mechanism so that these hedge operations don't turn into flame throwers," an aide of President Luiz Inacio Lula da Silva told Reuters. He asked not be named.
Brazil's currency, the real BRBY, has weakened by nearly one-third since reaching a nine-year high in early August, causing massive currency losses for pulp producer Aracruz Celulose (ARCZ6.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) (ARA.N: Quote, Profile, Research, Stock Buzz), meat processor Sadia (SDIA4.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) and industrial conglomerate Votorantim Group.
Aracruz's foreign exchange and derivatives losses totaled 2.7 billion reais ($1.27 billion) in the third quarter.
"Investment banks had been offering these derivatives a lot. A brake needs to be put on that," Lula's cabinet member said, without detailing what measures were being studied.
"We were surprised (by these operations), we and the boards of directors of these companies," he said.
The Sao Paulo stock and derivatives exchange, BM&F Bovespa (BVMF3.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz), has increased deposit requirements from clients to cover losses in derivatives and securities trade, the head of the exchange told Reuters on Monday.
The total exposure of companies to foreign currency derivatives could exceed 20 billion reais, according to one estimate.
Separately, the government said on Monday that it would increase credit lines to Brazil's large farm sector by 2.5 billion reais and to the construction industry by as much as 4 billion reais.
$1=2.125 reais (Reporting by Natuza Nery; Additional reporting by Aluisio Alves and Isabel Versiani; Writing by Raymond Colitt; Editing by Leslie Adler)

Too Many Banks ‘Too Big to Fail’

The New York Times
ROB COX
Published: October 19, 2008
The financial crisis is forcing regulators to encourage the creation of bigger, more interconnected institutions. In the short term, this may serve a useful purpose by allowing healthier, well-capitalized banks like Wells Fargo, Bank of America and JPMorgan Chase to shore up weaker ones.
But it also presents a serious threat to the financial system by fostering financial behemoths that are, to use Federal Reserve Chairman Ben S. Bernanke’s euphemism, “systemically critical.” Policy makers need to start thinking about how to downsize institutions that are becoming “too big to fail” before the situation comes to that.
The basic problem is, in the argot of Wall Street, excessive concentration of risk — or, in layman’s terms, the placing of too many eggs in too few baskets. For the moment, it’s easy to see why regulators have encouraged acquisitions like JPMorgan’s of Washington Mutual and Bear Stearns, and Bank of America’s of Countrywide. These are a common tactic used in times of distress to spread capital across the banking system to fill in the weak spots.
Yet it’s creating some real monsters. Each of these three banks may be close to bursting through the regulators’ 10 percent cap on any one bank’s share of total United States deposits. Watchdogs might well show temporary forbearance, and later force banks to sell off deposits. Of course, none of the three are in a precarious position, but the failure of one would almost certainly wipe out the Federal Deposit Insurance Corporation’s reserves, which were stretched thin after the failure of IndyMac this year.
Because they have tendrils in many other, riskier businesses — among them investment banking, private equity and servicing hedge funds through prime brokerages — these mega-institutions pose risks to the financial system that could be beyond regulators’ ability to contain.
Indeed, Lehman Brothers’ failure showed that even smaller firms can be so interlinked through capital markets — particularly their more opaque corners like credit-default swaps — as to approach systemically critical status.
The worry is that because governments deem the biggest banks too important to fail, they could develop risk-taking cultures unchecked by the full discipline of a free market. This is something akin to what happened at Fannie Mae and Freddie Mac — and it could conceivably happen again.
It’s also one reason some investors have called for Citigroup, a sprawling global financial conglomerate that was until recently the largest American bank by assets, to be broken up.
Even if regulators are preoccupied with sorting out the current mess, they shouldn’t forget to address big concentrations of risk once the financial system looks more stable.
As Mr. Bernanke stated recently, the broad outlines of reform would include more robust regulation to make sure banks do not take advantage of their too-big-to-fail status. The financial infrastructure also needs strengthening. A clearinghouse for credit-default swaps, for example, would make that market less complex and more transparent. Finally, Mr. Bernanke wants a clear mechanism to handle the failure of nonbank financial institutions like Lehman. The Federal Deposit Insurance Corporation Improvement Act provides a blueprint for handling the collapse of banks. But the bankruptcy process is not suited to an orderly winding down of a securities firm with global operations.
All of Mr. Bernanke’s ideas make sense. But the most effective way to minimize the chance that institutions are too big to fail would be, well, to make them less big — and more to the point, less interconnected.
Regulatory carrots and sticks would help. One approach would be to further increase the cost of deposit insurance for banks that engage in practices deemed risky. Another would be to raise capital requirements in such a way as to force riskier businesses — possibly even entire divisions like fixed income, currencies and commodities trading — into separate, ring-fenced subsidiaries that are highly capitalized, or perhaps even make it practical for the banks to hive them off altogether as hedge funds.
These, too, could fail. But with damage confined to a smaller entity with less aggressive borrowing and no recourse to investors’ deposits, the financial system would have less difficulty absorbing the shock.