quarta-feira, 30 de abril de 2008

Standard & Poor's eleva rating do Brasil para grau de investimento

Folha Online / Epaminondas Neto
30/04/2008
A agência de classificação de risco Standard & Poor's, uma das principais, anunciou nesta quarta-feira que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. Com a decisão, o rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo passou de BB+ para BBB-, nota que já está incluída no grupo classificado como grau de investimento.
O grau de investimento é a classificação dada pelas agências de rating a países com poucas chances de deixar de honrar suas dívidas.
Com a nota, o Brasil poderá receber recursos de grandes fundos internacionais que só têm autorização para investir em mercados que já conquistaram essa chancela de bom pagador.
A agência também elevou o rating do Brasil em moeda local de longo prazo de "BBB" para "BBB+", enquanto o rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3". Já a perspectiva para o rating brasileiro foi colocada como "estável". Na metodologia da S&P, isso significa que o rating deve ser mantido pelos próximos dois anos, com poucas chances de ser alterado.
Em seu comunicado, a S&P afirma ainda que a revisão do rating brasileiro reflete "a maturidade das instituições do Brasil e da política monetária" e "a melhoria das tendências de crescimento". A S&P faz ressalvas em relação à dívida pública, que "permanece mais alta do que os outros com outros países BBB".
Mesmo com essa ressalva, a agência pondera ainda que "um registro razoavelmente previsível de políticas pragmáticas de gestão fiscal e da dívida ameniza esse risco".
A S&P não esquece da dívida externa, "que caiu dramaticamente", diz. Em fevereiro, o governo brasileiro anunciou com estardalhaço que o país tinha se tornado "credor externo líquido", isto é, que as reservas cambiais, somadas aos créditos privados no exterior, haviam superado o valor da dívida externa pública e privada.
O anúncio da S&P surpreendeu o mercado financeiro e mesmo integrantes do governo, que somente esperavam novidades para 2009 devido ao impacto, ainda desconhecido, da crise econômica americana sobre as economias emergentes.
No final de fevereiro, a presidente da agência de classificação de risco Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, havia dito que o Brasil estava no caminho certo para alcançar o grau de investimento, mas antes precisava melhorar os números da dívida interna, reformular a legislação tributária e investir em infra-estrutura.
Entenda
O rating é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.
Para publicar uma nota de risco de crédito, os especialistas dessas agências avaliam além da situação financeira de um país, as condições do mercado mundial e a opinião de especialistas da iniciativa privada, fontes oficiais e acadêmicas.
O rating é sempre aplicado a títulos de dívida de algum emissor. Se uma empresa quer captar recursos no mercado e oferece papéis que rendem juros a investidores, a agência prepara o "rating" desses títulos para que os potenciais compradores avaliem os riscos.
As agências, portanto, classificam debêntures, "medium-term notes", títulos de dívida conversível, mas não ações.

Carga tributária deve subir em 2008, mesmo sem CPMF

Rodrigo Postigo
30/04/2008
A carga tributária do Brasil deve subir para 36,8% do PIB. A projeção considera um aumento de quase um ponto percentual do PIB em comparação à estimativa de 35,9% da carga tributária de 2007. A previsão é do especialista em contas públicas e consultor Amir Khair, feita com base nos dados da arrecadação da Receita Federal no primeiro trimestre do ano, divulgados na sexta-feira passada. "O governo não pode perder tempo em começar a desonerar. Tem de ir com coragem", avalia Khair.

Desembolsos do BNDES em 12 meses atingem recorde de R$ 70,2 bilhões

Folha Online
30/04/2008
Os desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) somaram R$ 70,2 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em março, uma expansão de 24% em relação ao mesmo período anterior, e as aprovações atingiram R$ 102,6 bilhões, alta de 22% na mesma base de comparação.
O banco informou que a demanda por recursos reflete a expansão dos investimentos na economia, puxada, basicamente, pela ampliação do mercado interno. O crescimento de 16% da Formação Bruta de Capital Fixo no último trimestre de 2007, alinhado com o aumento da demanda por bens de capital, teve impacto relevante no resultado da Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial).
A linha de financiamento do BNDES para máquinas e equipamentos registrou a maior expansão de sua história nos 12 últimos meses encerrados em março de 2008. A alta foi de 57% em relação ao mesmo período anterior, totalizando desembolsos de R$ 22 bilhões.
Os desembolsos para o setor de infra-estrutura cresceram 65%, somando R$ 27,7 bilhões entre abril de 2007 e março de 2008, e representaram 40% do valor total liberado pelo BNDES no período.
As aprovações atingiram quase o dobro, R$ 43,8 bilhões, com crescimento de 61% no período analisado, indicando que os desembolsos ao longo do ano seguirão crescendo, em boa medida em função das demandas dos setores de energia e transportes terrestres.
Os desembolsos para indústria, nos últimos 12 meses encerrados em março, somaram R$ 28,5 bilhões, correspondendo a 41% do total liberado pelo BNDES no período. As aprovações, de R$ 44,4 bilhões, equivalem a 43% do valor aprovado entre abril de 2007 e março de 2008.
Nos primeiros três meses de 2008, o BNDES liberou R$ 16,5 bilhões --alta de 47% em relação ao período de janeiro a março de 2007-- e aprovou R$ 21,7 bilhões, uma expansão de 22% na mesma base de comparação. O setor químico e petroquímico também se destacou no desempenho do primeiro trimestre do ano. As liberações para a área totalizaram R$ 1,2 bilhão (alta de 126%) e as aprovações R$ 960 milhões (alta de 33%).

Hedge funds see Brazil vulnerable to commodity drop

Tue Apr 29, 2008 6:00pm EDT
By Elzio Barreto
SAO PAULO, April 29 (Reuters) - Concerns over a slump in commodity prices may weigh on Brazil's benchmark stock index and currency in the near term, hedge fund managers said on Tuesday.
Brazil may be able to weather a recession in the United States since local demand has been the main driver of the economy's recent expansion.
But Brazil's markets are vulnerable to a downturn in commodity prices caused by a U.S. slowdown as the country's Bovespa index .BVSP is heavily weighted in metals, oil and steel companies.
"There isn't a direct effect of the U.S. crisis, but the risk is commodity prices since a big part of the Bovespa index is commodities," Enio Shinohara, a partner at Claritas Investments, a Brazilian hedge fund with about $1.1 billion in assets, said at a seminar.
Brazil has been partially insulated from the crisis in the U.S. economy and in credit markets because prices of iron ore, oil, soybeans and other agricultural commodities have surged to record highs.
The Bovespa index, which soared 43 percent last year, has edged down 0.1 percent so far in 2008, contrasting with a slump in emerging market countries such as China and India as well as major markets in the United States and Europe.
The high commodity prices helped increase the inflows of dollars from exports and fueled investors' appetite for companies such as iron ore and metals miner Vale (VALE5.SA: Quote, Profile, Research) and oil giant Petrobras (PETR4.SA: Quote, Profile, Research).
But analysts said the surge in commodity prices may have been overdone, raising concerns that a decline in prices will have a direct impact on the Bovespa index.
"We have concerns about commodities for sure," said Christopher Edwards, managing director of Fabien Pictet & Partners Ltd, a London-based hedge fund with $700 million in emerging market assets. "You can't have ever increasing demand and ever increasing prices."
Edwards said he has sold short shares of Petrobras and Vale, betting on a drop in commodity prices.
Brazil's currency, the real BRBY , has gained 4.2 percent after surging more than 20 percent in 2007 -- partly owing to dollar inflows from commodity exports -- and may also be vulnerable to the commodity drop.
"Our currency is being perceived as a commodity currency. As commodities have gained this year, the currency has appreciated," said Luiz Fernando Figueiredo, partner of hedge fund company Maua Investimentos and a former Brazilian central bank director of monetary policy.

Sugar Surplus to Total 10 Million Tons in 2008, Sucden Says

By Marianne Stigset
April 30 (Bloomberg) -- Global sugar production will surpass consumption by 10 million metric tons in 2008, which is likely to depress prices, Sucden said.
Output will reach 170 million tons this year, led by output in Brazil, India and Thailand, Paris-based Sucden said in an e- mailed report today. Stocks-to-use ratio could reach a record 55 percent by September, up 5 percentage points from a year earlier, Sucden said.

Reforma que dá mais poder a Brasil e emergentes avança no FMI

Folha Online / Eduardo Cucolo
30/04/2008
A reforma que aumenta os poderes do Brasil e de outros países emergentes no FMI (Fundo Monetário Internacional) foi aprovada ontem pela Junta de Governadores do Fundo. A informação foi divulgada hoje pelo Ministério da Fazenda, em Brasília.
A reforma já havia sido aprovada preliminarmente no final de março pela diretoria-executiva do FMI. Agora, precisa passar também pelo Poder Legislativo dos membros do Fundo até o dia 30 de outubro.
Segundo o Ministério da Fazenda, dos 185 governadores, 175 votaram a favor das mudanças. A Junta é composta por ministros de Finanças ou presidentes de Banco Central dos países-membros do Fundo.
A reforma aumenta as cotas de 54 países. O Brasil está entre os mais beneficiados. O poder de voto do país passa de 18º para 15º na posição entre os países membros. A diretoria do Brasil sobe três posições, da 21ª para a 18ª, entre as 24 cadeiras na instituição.
"Desde a aprovação da proposta pela Diretoria Executiva, em 28 de março, o Brasil procurou ampliar o apoio à reforma, dialogando com países que se mostravam reticentes ou contrários à sua aprovação", diz o Ministério da Fazenda em nota.
Segundo o governo brasileiro, os países em desenvolvimento conseguiram introduzir dois elementos importantes. O primeiro se refere ao aumento do nível de acesso normal aos financiamentos do FMI.
O segundo elemento é a referência "explícita" às revisões periódicas, a cada cinco anos, das cotas dos membros.

Produção de álcool e de açúcar baterá recorde em 2008, prevê Conab

Agência Brasil
30/04/2008
Estimulado pela forte expansão do álcool no mercado e pelas perspectivas de crescimento nas exportações, o Brasil fará neste ano a maior colheita de cana-de-açúcar de sua história, de acordo com levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) feito em 361 unidades produtoras no país.
Com base em dados de unidades de produção de todos os Estados onde a atividade é desenvolvida, a Conab estima que a colheita deste ano deverá variar entre 607,8 milhões e 631,5 milhões de toneladas, número entre 8,8% e 13,1% acima da do ano passado, que foi de 558,5 milhões de toneladas.
O levantamento indica que cerca de 55% (entre 309,8 milhões e 321,9 milhões de toneladas) da cana colhida nesta safra serão usados na produção de biocombustíveis, enquanto 44% (de 248,3 a 257,9 milhões de toneladas) serão transformados em açúcar. O restante, de 49,6 milhões a 51,7 milhões de toneladas, será usado na fabricação de cachaça e rapadura e como alimento para gado, sementes e mudas.
Segundo a Conab, os investimentos em tecnologia nas usinas de cana-de-açúcar, o plantio de variedades mais produtivas e o clima favorável são os principais motivos do crescimento. A alta desta safra também se deve à área plantada, que aumentou de 7 milhões para 7,8 milhões de hectares, crescimento que teria ocorrido principalmente sobre áreas de pastagens.
Dados da Conab mostram que o país tem hoje 276 milhões de hectares de terras cultiváveis. Desses, 72% estão ocupados por pastagens, 16,9% por grãos e 2,8% por cana-de-açúcar, o que demonstra o potencial de crescimento da atividade sobre áreas de pastagem.

País enviará energia para a Argentina

Reuters
30/04/2008
O governo brasileiro decidiu fazer um "mix" de várias regiões do País, excluindo o Sul, que passa por uma estiagem, para enviar energia à Argentina a partir de maio, informou ontem o Ministério de Minas e Energia
No dia 5 de maio, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) vai se reunir para decidir o volume que será enviado, entre maio e agosto, o mesmo que o país vizinho terá que retornar entre setembro e novembro.O intercâmbio de energia entre os dois países foi acertado no encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner no início deste ano.
No entanto, agentes do setor temiam que o sistema elétrico do Sul, atualmente com reservatórios de hidrelétricas mais baixos do que no restante do País, não fosse suficiente para atender ao acordo firmado entre os dois políticos.