quarta-feira, 5 de março de 2008

Qualidade , um assunto ultrapassado

Ivan Postigo

De tempos em tempos há assuntos que vêm à tona e se tornam moda já perceberam, não porque tenham maior ou menor importância, mas um artigo, um livro, um curso passou a chamar a atenção.
Citando apenas alguns , tivemos períodos de grande divulgação de reengenharia, PCP (planejamento e controle de produção) controle de custos, formação de preço de vendas, ISO e qualidade , seus controles e círculos.
Passado esses ciclos as empresas deixam de praticá-los?
Não, evidentemente que não, de forma nenhuma.

O que ocorre é que o mercado prepara profissionais, com treinamentos e experiências práticas, quer nas empresas ou em empresas especializadas, e a questão que era teórica se torna concreta e bastante óbvia.
As organizações com uma vocação maior para os avanços da gestão rapidamente aprendem e se adaptam a nova realidade, vêm depois as empresas que aguardam a consolidação do assunto e por último aquelas que demoram a perceber e aceitar a importância prática da abordagem.
Alguns temas retornar tempos depois com uma outra roupagem, dessa forma poderíamos questionar qual a vantagem de nos envolvermos novamente com estes?
Acredito ser fundamental colocarmos a organização sempre num processo de reflexão, o que é bem diferente de efetuarmos a manutenção de uma técnica implantada.
Poderíamos considerar então que uma técnica se desgasta?
Vamos encontrar opiniões que dirão sim , outras que dirão não, prefiro considerar que esta se torna óbvia, com isso os debates praticamente são desnecessários e primordial é sua implementação.As empresas implantam as técnicas sob supervisão de especialistas, depois as moldam à suas culturas.
Esse conceito fica bem claro quando falamos de custos, embora sirva para qualquer técnica, no livro extremamente interessante escrito por Thomaz H. Johnson, sob o título Relevance Lost : The Rise and Fall of management Accountig. As últimas informações que tive dão conta que já foi traduzido para o português, uma busca pelo nome do autor pode confirmar.

O conceito de que qualidade é fundamental correu o mundo, fez de um pequeno país, estabelecido num arquipélado , uma potência. O que há para debater?
A questão é uma só: implante-se.
A próximo assunto que vai se tornar uma grande onda é o da criação, inovação, para isso temos que ter nossas empresas com seus PCP, sistemas de custos, conceitos de formação de preços, sistema de qualidade consolidados, caso contrário como entrar na nova onda.
Encontro ainda empresas falando em controle de qualidade, quando esta já ultrapassou o processo de produção, se tornando um conceito, uma cultura, influenciando o conceito de produtividade.
Produtividade está diretamente relacionada com o fazer certo, da forma correta (eficácia) e fazer bem feito, atendendo o processo definido ( eficiência ), algumas culturas a classificam como fazer bem na primeira vez.
Com o tempo alguns sistemas vão se consolidando, se tornam indiscutíveis, não atende-los demonstra total incoerência.
Há alguns dias recebi um telegrama, enviado por um banco, não era urgente, certamente há meios mais rápidos e práticos do que esse não?
Nas suas viagens de negócio você não iria à um outro país de navio, certamente tomaria um avião, a não ser que não tivesse nenhuma pressa e resolvesse fazer um cruzeiro.Jamais alguém lhe dirá : “ Estou fazendo sua reserva no próximo navio”.
Com qualidade é a mesma coisa, no mínimo nós temos que atender a percepção dos nossos clientes, afrontá-la seria uma irresponsabilidade. Nossos produtos têm que atender suas exigências, caso contrário não dá para falar em qualidade.
Qualidade hoje em dia demanda praticidade, implementação, ação, não mais discussões, esse assunto como objeto de debates está ultrapassado.
Podemos aceitar ou não esse posicionamento, mas certamente os consumidores nos cobrarão caro a qualidade não percebida nos nossos produtos. Assunto fora de questão não ?



Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br

Venda de veículos novos tem melhor fevereiro da história

Rodrigo Postigo

05/03/2008

As vendas de veículos novos no varejo continua impulsionando o ritmo da indústria automobilística brasileira. Segundo dados divulgados hoje pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a comercialização total de veículos 0 km cresceu 33,7% em fevereiro deste ano em relação a igual período de 2007, totalizando 346.183 unidades, recorde na história do setor.

De acordo com o levantamento, o acumulado de veículos vendidos no ano foi de 713.273 unidades, alta de 32,7% sobre o acumulado do ano passado, com 537.274 unidades.
Em fevereiro, somente o número de automóveis vendidos alcançou 158.943 unidades, crescimento de 33,7% sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram comercializados 118.806.

Já o mercado de motos alcançou o expressivo número de 139.014 unidades vendidas, o que representa uma alta de 29,7% em relação a fevereiro de 2007.

400 empresas testam adesão à nota fiscal eletrônica

Sefaz / RS

05/03/2008

Aproxima-se de trezentos o número de empresas de onze estados com acesso ao ambiente de testes da Sefaz Virtual do Rio Grande do Sul, além de mais de cem empresas gaúchas. O sistema, desenvolvido pela Secretaria da Fazenda e pela Procergs está possibilitando que as empresas localizadas em estados que ainda não desenvolveram a infra-estrutura necessária ao uso do documento eletrônico possam realizar a emissão de notas eletrônicas em todo o país.Os estados de Paraíba, Santa Catarina e do Rio de Janeiro têm nove empresas já emitindo notas fiscais eletrônicas via Sefaz Virtual, após terem concluídos seus testes. A Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro também já autorizou 198 empresas daquele estado a aderir ao sistema gaúcho, evitando pedidos isolados das empresas enquadradas na obrigatoriedade da emissão de NF-e.

Isso deve agilizar as autorizações e reduzir o processo burocrático.A estimativa da Secretaria da Fazenda gaúcha é de que haja um crescimento expressivo da utilização da NF-e nos próximos meses em função da obrigatoriedade para os setores de cigarros e combustíveis líquidos. A obrigatoriedade para esses setores foi definida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária e passa a vigorar em 1º de abril para todos os Estados. De acordo com Júlio César Grazziotin, diretor da Receita Estadual, somente no Rio Grande do Sul mais de 300 empresas serão alcançadas pela obrigatoriedade, e não poderão mais emitir Nota Fiscal em papel. “Essa ampliação representará um aumento na modernização dos processos de troca de informações entre a Receita e as empresas, diminuindo custos e as possibilidades de fraude. Para as empresas que cumprem adequadamente com suas obrigações, a nota eletrônica vai ampliar a justiça fiscal.”

A Receita Estadual calcula que haverá um relevante aumento na emissão ainda neste ano, impulsionado pela obrigatoriedade da nota eletrônica para novos setores no mês de setembro, entre os quais os setores automotivo, de bebidas alcoólicas e refrigerantes, medicamentos, cimento, frigorífico, de aços semi-acabados e laminados e fornecedores de energia elétrica. O início da obrigatoriedade para esses segmentos atingirá um grupo ainda maior do que as mais de 4 mil empresas que deverão utilizar a NF-e a partir de abril em todo o país.De acordo com o coordenador do Projeto da NF-e na Secretaria da Fazenda, Vinícius Pimentel de Freitas, no próximo Encontro Nacional dos Administradores e Coordenadores Tributários Estaduais (Encat), na segunda semana de março, em Palmas (TO), começarão a ser avaliados os setores para os quais a obrigatoriedade será necessária a partir de 2009.

Já na próxima semana, em outra reunião nacional em Florianópolis, serão debatidas as alterações na fiscalização no trânsito de mercadorias com a adoção obrigatória da Nota Fiscal Eletrônica.Para o secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Junior, a adequação da Nota Fiscal Eletrônica em todo o território nacional permitirá, a exemplo do Rio Grande do Sul, facilitar a fiscalização através da modernização dos processos, reduzindo as possibilidades de sonegação e fraude na arrecadação.

Brasil ocupa 49º posição em ranking de competitividade turística

Rodrigo Postigo

05/03/2008

O Brasil ocupa apenas a 49º posição no ranking dos países que oferecem os ambientes mais atraentes para o desenvolvimento da indústria de viagem e turismo no mundo. A informação é do relatório do Índice de Competitividade para Viagem e Turismo (ICVT) 2008, divulgado hoje pelo Fórum Econômico Mundial. O ICVT avalia 130 países medindo os fatores e as políticas que viabilizam o desenvolvimento no segmento. Suíça, Áustria e Alemanha ocupam as três primeiras colocações.

O Brasil, 4º na América Latina, foi o 3º colocado em recursos naturais e 12º em culturais. Na questão de sustentabilidade social ocupa a 37ª colocação. O relatório concluiu que o transporte terrestre se mantém deficiente no País. A qualidade das estradas, portos e ferrovias ocupam, respectivamente, o 110º, 116º e 87º lugares.A segurança continua sendo um fator de grande preocupação no Brasil. No quesito, o País ficou em 128º, na frente apenas do Paquistão e da Rússia. O estudo mostra, ainda, que a competitividade do País vem caindo devido aos preços para o turista (92ª colocação), afetados principalmente pelos altos custos de passagem e taxas aeroportuárias.

Além de Suíça, Áustria e Alemanha, os outros países que compõem as dez primeiras posições no ranking são: Austrália, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Suécia, Canadá e França. Na América Latina e no Caribe, as cinco primeiras colocações ficaram respectivamente com Barbados (29º no ranking geral), Costa Rica (44º), Porto Rico (46º), Brasil (49º) e Panamá (50º).

Brazil GMO cane research advances, waits for OK

Tue Mar 4, 2008 5:17pm EST
SAO PAULO, March 4 (Reuters) - Sugar cane genetically modified for greater ethanol and sugar production could be developed in three to five years but strict Brazil biotechnology regulation could keep it off the market for as much as seven years, companies said on Tuesday.
Scientists are field-testing GMO cane varieties with higher sucrose yields than conventional ones, said Brazilian leading biotech companies Alellyx Applied Genomics and Sugarcane Technology Center (CTC).
"At this point, (the GMO cane) is more a regulatory issue than a scientific issue" said Paulo Arruda, scientific director at Alellyx Applied Genomics, developer of a variety being tested in the fields.
"If there are no major regulation setbacks, our target is to launch our first (commercial) variety in 2013-2014," Arruda said in a workshop promoted by sugar analyst F.O. Licht.
Brazil cleared commercial use of GMO soybean and cotton after passing a biosafety law in 2005, but it has taken until February 2008 to approve any other genetically modified agricultural product.
Last month Brazil's National Biosafety Council (CNBS) gave the final clearange for two varieties of transgenic corn for commercial use. Many other products have been waiting approval for years.
Ethanol derived from sugar cane has helped Brazil reduce its dependence on gasoline as a motor fuel.
The Alellyx genetically modified sugar cane program is focused not only in developing cane with a higher sucrose yield, but also with increased biomass and resistant to herbicides and insects and to drought.
The company, which has an agreement with U.S. biotech giant Monsanto (MON.N: Quote, Profile, Research), is especially interested in supplying GMO cane for Brazil's new cane frontier.
"Most of Brazil's new cane areas are degraded pastures, where pluviometric levels are lower than traditional cane producing areas," Arruda said, explaining the importance of drought resistant varieties.
"We'd be happy if technology allows us to have 10-15 percent higher yields given the adverse conditions," he said.
Brazil's Sugarcane Technology Center (CTC) also sees regulatory aspects as the main barrier for GMO cane progress in Brazil rather than technical aspects.
"In three to five years it'd be possible for us to have available varieties (if regulation was okay)," Jaime Finguerut, industrial strategic development manager at CTC, told Reuters in the sidelines of the workshop.
Through the use of existing varieties, it's possible to raise conventional cane yields currently by around 2 percent per year. With GMO cane it would be possible to double this growth, Finguerut said.
But Arruda, from Alellyx, said government approval of GMO cane varieties should be simpler than other crops like soy or corn, which took years to be accepted in Brazil, as cane is not used directly as food.
About half of Brazil's almost 500 million tonne cane crop is turned into ethanol. Sugar, which accounts for the rest of the crop, does not contain any DNA or protein to be considered as a GMO product.
(Reporting by Inae Riveras; Editing by David Gregorio)

Brazil May Keep Interest Rate at 11.25% as Inflation Slows

By Andre Soliani
March 5 (Bloomberg) -- Brazil's central bank will probably keep the overnight rate unchanged at a record low for a fourth straight meeting as policy makers bet inflation will slow to target.
All 31 economists surveyed by Bloomberg expect policy makers, led by bank president Henrique Meirelles, to keep the benchmark rate at 11.25 percent. Monthly inflation, as measured by the benchmark IPCA index, slowed in January to 0.54 percent from 0.74 percent a month earlier.
``The bank can wait a bit longer to better assess the situation,'' said Marcelo Salomon, chief economist at Sao Paulo- based Unibanco SA. ``Inflation has cooled in the first two months of the year, easing pressure for a rate increase.''
The central bank in October snapped Brazil's longest cycle of monetary easing since at least 1999 after higher food prices coupled with the fastest economic expansion in more than three years raised concern that inflation would overshoot policy makers' 4.5 inflation target.
Economists such as Robert Padovani at WestLB AG in Sao Paulo say the retreat of monthly inflation in the beginning of this year signals that a surge in prices in December was ``temporary.''
Food, Demand
Annual inflation in Brazil has quickened from an eight-year low of 2.96 percent last March to 4.74 percent through mid- February. Since January, the 12-month inflation rate has persistently exceeded mid-point of the central bank's target of 4.5 percent plus or minus 2 percentage points.
Meat and milk prices were the main driver of inflation in the second half of last year, Padovani, a senior strategist for the German state-owned bank, said. Food prices in 2007 jumped 10.8 percent, the most in five years, fueled by rising worldwide consumer demand for commodities.
Monthly food price inflation decelerated to 1.52 percent in January from a five-year high of 2.06 percent in December.
``When we face an overall quickening of prices, we don't see a sudden reverse,'' Padovani said. He forecast that the central bank will have room to resume rate reductions in the third quarter.
Still, other economists such as Salomon say that inflation rates remain ``uncomfortably'' high to justify a cut, especially in light of strong domestic consumer demand.
Record-low interest rates coupled with record bank lending has stoked a surge in demand for consumer goods such as home appliances and cars in Latin America's No. 1 economy. Retail sales last year jumped 9.6 percent, the biggest gain since the national statistic agency started the current series in 2001.
Global Context
In an expanding economy, it's easier for companies to pass along higher production costs to consumers, which increases the odds that rising prices will spread across the economy, said Salomon, who expects the bank to hold rates through year-end.
While unanimous in forecasting that the central bank will pause, economists are split over the direction of monetary policy in the months ahead, Tony Volpon, chief economist at CM Capital Markets in Sao Paulo, said.
He forecast the bank will raise rates as early as June.
``We are seeing a worldwide inflationary process,'' Volpon says. ``The U.S. clearly made an option for inflation and that will affect everyone.''
The Federal Reserve has cut the U.S. benchmark interest rate by 2.25 percentage points since September, to 3 percent. Fed Chairman Ben Bernanke last week indicated policy makers are ready to lower interest rates further to revive the world's biggest economy as banks make it tougher to borrow.
Salomon says the Brazilian central bank's ability to further cut interest rates, the highest in the region, will hinge on the international circumstances.

Brazil Real Falls on U.S. Recession Concerns, Stock Declines

By Adriana Brasileiro
March 4 (Bloomberg) -- Brazil's real weakened as concern that the U.S. economy is sliding into recession curbed demand for higher-yielding, emerging-market assets.
The real fell 0.8 percent to 1.6859 per dollar at 3:55 p.m. New York time, after most trading in Brazil had ended, following declines in U.S. stock markets that came after Federal Reserve Chairman Ben S. Bernanke urged banks to write down more mortgages.
``Markets are under the influence of a lot of turbulence right now and it's very risky to make short-term bets on the direction of local assets,'' said Mauro Cunha, investment director and partner at Maua Investimentos in Sao Paulo, which has more than $1.3 billion under management.
The real rose as much as 0.5 percent to 1.6640 per dollar earlier. It touched 1.6630 per dollar on Feb. 27, the strongest since May 1999, during a nine-day rally.
Brazil's benchmark Bovespa index declined as much as 2.7 percent, cutting into demand for reais, after state-controlled oil company Petroleo Brasileiro SA reported a drop in earnings yesterday.
The yield on Brazil's zero-coupon bond due in January 2009 was little changed today at 11.78 percent, according to Banco Votorantim SA.

'Guerra fiscal é parte do jogo', diz relator da reforma tributária

Picciani adianta que considera inconstitucional pontos que signifiquem ameaça à autonomia dos Estados

Estado de São Paulo / Denise Madueño

05/03/2008

O relator da proposta de reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), adiantou que vai considerar inconstitucional qualquer ponto do projeto que significar uma ameaça à autonomia dos Estados. Ele disse que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é de responsabilidade dos Estados e cabe a eles legislarem sobre a questão. "No País federativo a guerra fiscal faz parte do jogo. Unificar o ICMS é tirar competência dos Estados a quem cabe fazer a legislação (desse imposto)", afirmou Picciani.

"Quero ver como a proposta está escrita no projeto. Vamos ter de encontrar uma forma sem ferir essa questão constitucional", completou. O relator ressaltou que, como recebeu a função hoje, ainda não tinha lido o projeto de forma detalhada. "Vou ser rigoroso. Não vou aceitar propostas que firam o pacto federativo, que firam a autonomia dos Estados", antecipou. Ele ainda vai definir se pedirá ou não a realização de audiências públicas. "Se a redação que foi dada resolver essa questão, apresento logo o meu parecer", disse. No caso contrário, Picciani vai pedir que a comissão ouça constitucionalistas e os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Justiça, Tarso Genro. Picciani afirmou que pretende concluir o seu relatório no prazo máximo de um mês.

Picciani foi indicado relator do projeto pelo presidente da CCJ, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois pertencem a um mesmo grupo político. No ano passado, Picciani era o presidente da CCJ e indicou Cunha para relatar a proposta de emenda constitucional que prorrogava a CPMF. Cunha concluiu seu parecer depois de reclamações de governistas de que ele estava adiando o relatório e usando a função para que o PMDB conseguisse cargos no Executivo.

Além de relator da reforma tributária, Picciani é responsável por outros dois projetos que mexem com interesses do governo. Ele é o relator da comissão especial que estuda limites e mudanças na edição de medidas provisórias pelo presidente da República e do projeto que estabelece as novas regras para as agências reguladoras. "Tenho um bom trânsito na bancada, tanto na do Rio de Janeiro como em todo o PMDB, e auto-avalio que tive desempenho satisfatório nas funções que exerci", disse, ao ser questionado porque conseguia tantas funções relevantes na Câmara.

Real forte muda empresas, que cobram política industrial

Reuters
05/03/2008
A indústria eletroeletrônica brasileira avalia que já fez o que podia para contornar o real valorizado e continuar exportando. Agora, prevendo déficit comercial do setor de US$ 20 bilhões em 2008, diz que é hora de o governo adotar uma política industrial que garanta condições de competitividade iguais às de outros países.
"Um setor que tem déficit crônico como o nosso tem a obrigação de apontar para o governo as oportunidades de ocupar este mercado", afirmou o empresário Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), representante de um setor que movimentou mais de R$ 110 bilhões em 2007.
"Não vamos pedir proteção nenhuma para a indústria instalada no Brasil. Não queremos ser chamados de 'órfãos do velho modelo'. Queremos condições de igualdade", declarou, ao apresentar um documento chamado "Propostas para uma nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior".
As sugestões foram discutidas com especialistas do BNDES e de outros órgãos oficiais, segundo Barbato, que fez questão de valorizar a iniciativa do governo de lançar - espera-se para ainda este mês - uma política industrial. A expectativa da Abinee é de que pelo menos a proposta de desoneração de encargos trabalhistas para os exportadores de software faça parte do pacote.
"Existe um diálogo", comentou o empresário, elogiando a atuação do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Por outro lado, Barbato não poupou crítica ao governo Fernando Henrique Cardoso, lembrando que à época se alegava que "a melhor política industrial era não ter política industrial".
Sócio da Cerâmica Santa Terezinha, o presidente da Abinee abriu os bastidores dos esforços feitos recentemente para continuar exportando seu único produto: isoladores elétricos de vidro e cerâmica, frente à valorização do real de 26% nos últimos 12 meses.
Na ânsia de reduzir custos, ele baixou a guarda e mudou, por exemplo, a matriz energética da fábrica, em Pedreira, interior de São Paulo, de gás liquefeito de petróleo para gás natural. "Resisti o quanto pude", admitiu, diante do momento delicado de abastecimento de gás natural para a indústria.
Considerando os ganhos de produtividade, a recuperação de preço dos bens exportados e a moeda forte, ainda assim a fatia das vendas externas no faturamento da Cerâmica Santa Terezinha encolheu de 40% para 27% no ano passado.
"Houve mudanças muito violentas no processo produtivo das empresas. Não se esperava que a indústria fosse capaz de fazer tantas mudanças para manter o retorno com as exportações", disse o empresário. "Graças aos ganhos de produtividade, tenho mais condições de continuar concorrendo", afirmou.
Com o dólar abaixo de R$ 1,70, a indústria está no limite da compensação cambial por ganho de produtividade decorrente de redução de custos, avalia o gerente do departamento de economia da Abinee, Luiz Cezar Rochel, membro da equipe técnica que organizou as propostas de política industrial da associação.
"As exportações estão estáveis e as importações, crescendo. A indústria atua para reduzir custos, mas isso tem um limite", afirmou. "Outras iniciativas, como custo menor de mão-de-obra e de infra-estrutura, começam a ganhar mais importância agora do que quando o dólar estava a R$ 2", disse.
O assessor-econômico da Abinee, Carlos Cavalcanti, que também integrou a equipe técnica, justificou a necessidade de uma política industrial "que garanta qualidade à produção, com ganhos de produtividade que compensem a política cambial".
A redução da carga tributária, é claro, está contemplada nas propostas do setor, que defende, por exemplo, a desoneração da folha de pagamentos de empresas de mão-de-obra intensiva. A adoção dessa medida está condicionada pelo governo à aprovação da reforma tributária no congresso.