sexta-feira, 14 de março de 2008

Brazil cancels fixed-rate bond sale on slump

Thu Mar 13, 2008 10:39am EDT
SAO PAULO, March 13 (Reuters) - Brazil canceled the sale of fixed-rate bonds in the local capital markets on Thursday as yields surged because of a slump in global markets that increased investors aversion to emerging market assets.
"The regular auctions of LTNs and NTN-Fs...will not take place given the current conditions in financial markets," the national treasury said in a statement.
Brazil has two types of domestic fixed-rate bonds, the LTNs and NTN-Fs. The LTNs pay no coupon, while the NTN-Fs pay a 10 percent coupon every six months.
The treasury has canceled the auctions before, during market turmoil that pushed yields higher. (Reporting by Silvio Cascione, Writing by Elzio Barreto; Editing by Theodore d'Afflisio)

Brasil 'se tornou ator econômico de peso', diz The Guardian

BBC Brasil

14/03/2008

Em um sumplemento especial de 20 páginas publicado hoje, o jornal britânico The Guardian faz um balanço do Brasil e afirma que "mais conhecido pelo futebol, samba e sensualidade, ele se tornou um ator econômico de peso".

No caderno intitulado "terra de contrastes", o jornal faz uma análise dos setores de economia, agricultura, energia, saúde e cultura, além de um perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da cidade de São Paulo, que chama de "a cidade do futuro".

Segundo o Guardian, quando se pensa "na exuberância brasileira", a primeira coisa que vem à mente, dificilmente, será a economia, já que o Brasil "é a terra do Carnaval".

"Mas visualize isso: um país em que o fluxo de investimentos atingiu níveis recordes, onde a exportação de tudo, desde soja a biocombustíveis, está aumentando e onde a renda dos ricos e pobres está crescendo e impulsionando um boom de crescimento."

A reportagem afirma que o Brasil "parece ter entrado em uma nova fase de expansão sustentável que poderia, finalmente, destrancar o vasto potencial do País".

Segundo o jornal, os números vão "de bons a espetaculares: 1,4 milhão de empregos criados todos os anos; mais de US$ 100 bilhões em reservas (que excedem a dívida externa e tornam o Brasil credor internacional); 4,7% de inflação, o que é "manso" pelos padrões brasileiros; 4% de crescimento econômico, e uma ligeira aproximação na diferença com a China. Ah, e no ano passado o mercado de ações cresceu em 60%".

Segundo analistas ouvidos pelo Guardian, o crescimento é equilibrado e o País estaria menos vulnerável hoje.

"Analistas concordam que a forte demanda doméstica, a estabilidade financeira e exportações bem distribuídas internacionalmente oferecem alguma proteção contra o desaquecimento americano. Quando o mundo pega uma gripe, o Brasil não mais pega uma pneumonia."

O Guardian destaca que agora, além do samba e jogadores de futebol, o Brasil também exporta carros e aviões, notadamente aviões executivos e de passageiros da Embraer, mas afirma que apesar do crescimento, o País ainda enfrenta vastos problemas sociais e ambientais.

"Há um lado escuro do crescimento. Ambientalistas levantam o alarme de que o cultivo de cana e soja estão empurrando o rebanho de gado para o norte, na Amazônia, acelerando o desmatamento. As condições dos trabalhadores de algumas dessas plantações já foram comparadas à escravidão."

"O crescimento ainda provocou gargalos de infra-estrutura horrendos. Os engarrafamentos em São Paulo pioram a cada mês, os portos não conseguem acompanhar o ritmo do volume de navios e as viagens aéreas freqüentemente se tornam caóticas."

De acordo com políticos entrevistados pelo jornal, estes seriam problemas normais do processo de amadurecimento do País.

O Guardian ainda destaca a desigualdade entre ricos e pobres e a violência nas favelas: "A guerra de gangues e a brutalidade policial permanecem enraizadas aqui, bem como a extrema desigualdade. Algumas favelas, com sua legião de crianças de rua e barracos de madeira e plástico, poderiam passar pelas regiões mais empobrecidas da África subsaariana. Exceto pelo fato de que helicópteros sobrevoam a região, transportando os super-ricos para compras com hora marcada com Gucci e Jimmy Choo".

Críticos ouvidos pelo jornal ainda dizem que o crescimento do Brasil impressiona, mas é vazio, "como um carro alegórico de Carnaval, porque se apoia em condições globais benignas e no crescimento do crédito doméstico enquanto foge à difícil tarefa de construir uma economia competitiva".

O Guardian conclui comentando que o Brasil era conhecido como o País do futuro. "O futuro ainda não chegou, mas está mais perto agora do que já esteve em várias gerações."

Carga tributária atingiu 36,08% do PIB em 2007

Rodrigo Postigo

14/03/2008

A carga tributária brasileira atingiu um novo recorde em 2007, ao atingir o equivalente a 36,08% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no País). O índice é 1,02 ponto percentual superior ao registrado em 2006. A informação foi divulgada hoje, pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que calculou o peso dos impostos na economia com base em dados da Receita Federal, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Estados e municípios.

De acordo com o estudo, em 2007 foram arrecadados R$ 923 bilhões, com R$ 105 bilhões a mais do que no ano anterior um crescimento de 12,87%.

Separadamente, a arrecadação federal, responsável por 70,51% da carga tributária brasileira, foi a que mais aumentou: 14,05%. No âmbito estadual, o aumento foi de 10,13%; e no municipal, de 10,32%.

O estudo aponta que cada brasileiro gastou, em média, R$ 4.943,15 com o pagamento de tributos no ano passado R$ 563,76 a mais do que em 2006. Na comparação entre os dados divulgados hoje pelo IBGE e o estudo do IBPT, enquanto o PIB per capita aumentou 4%, o valor gasto por cada brasileiro com o pagamento de impostos subiu 7,2%.

O Instituto informou ainda que durante os cinco anos de governo Lula a carga tributária brasileira já aumentou 3,43 pontos percentuais. Desde 1988, a carga tributária já aumentou 80%.

Economia do Brasil cresce 5,4% com maior investimento desde 1996

Reuters

14/03/2008

A economia brasileira cresceu 5,4 por cento em 2007, ano em que os investimentos tiveram a maior expansão desde 1996. Para analistas, o dado mostra que o país está se preparando para aumentar o chamado PIB potencial, enquanto a demanda interna mantém-se aquecida.

Apenas no quarto trimestre, o Produto Interno Bruto cresceu 1,6 por cento em relação ao trimestre imediatamente anterior e 6,2 por cento frente ao mesmo período de 2006, segundo os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Economistas consultados pela Reuters previam expansão de 5,3 por cento no ano e de 1,3 por cento na comparação trimestral.

No ano, a indústria cresceu 4,9 por cento, o setor agropecuário avançou 5,3 por cento e o setor de serviços teve expansão de 4,7 por cento.

A formação bruta de capital fixo --uma medida dos investimentos-- avançou 13,4 por cento, a taxa mais alta desde o início da série histórica do IBGE.

O dado "mostra um sentimento muito positivo do empresário, porque é um tipo de investimento que não tem retorno de curto prazo", afirmou Fábio Knijnik, estrategista do BES Investimentos.
"Isso aumenta também a capacidade de crescimento potencial. Aumentam as chances de que o PIB cresça mais do que 4,5 por cento."

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou que os investimentos permitem expansão sem pressões inflacionárias. "A economia cresce de forma robusta e equilibrada... eu acredito que dá para manter o crescimento de 2007 em 2008", disse a jornalistas.

Land of contrasts

Brazil is enjoying high employment, low inflation and steady economic growth. But that comes with vast social and environmental problems. Rory Carroll reports

The Guardian
2008/03/14

Picture Brazilian exuberance and odds are you are not thinking economics. This, after all, is the land of carnival.
But picture this: a country where investment inflows are running at record levels, where exports of everything from soy to biofuels are surging and where the incomes of rich and poor alike are rising and driving a consumer boom.
Not quite as attention-grabbing as a beauty queen wearing just a smile and a feather, granted, but it adds up to a striking conclusion. Brazil, best known for soccer, samba and sensuality, has become a serious economic player.
After decades of ruinous boom and bust, South America's giant appears to have entered a new phase of sustainable expansion that could finally unlock the country's vast potential.
"Brazil is in a very positive moment, though we still have many things to do," says Fernando Henrique Cardoso, the former president widely credited with turning things around. If the country stays on track Cardoso thinks it could emulate Spain's belated, impressive development.
The figures range from good to spectacular: 1.4m jobs created each year; over $100bn in foreign exchange reserves (which exceed the external debt and make Brazil an international creditor); 4.7% inflation, which is tame by Brazilian standards; 4% economic growth, a slight closing of the gap with China. Oh, and last year the stock market zoomed up 60%.
"The exuberance we are experiencing is rational in the sense that the fundamentals are solid," says Henrique de Campos Meirelles, president of the central bank. "There is good reason for optimism. This is balanced growth. Brazil today is much less vulnerable than in the past." Brazil's expected investment-grade rating later this year will be a symbolic benchmark, he says.
Analysts agree that strong domestic demand, financial stability and exports that are well spread internationally offer some protection from the US slowdown. When the developed world gets flu, Brazil no longer gets pneumonia.
As well as footballers and samba it is exporting cars and planes, notably the executive jets and passenger liners of Embraer. Indian and Chinese demand for its commodities continues unabated, while sugarcane-based ethanol production is leaping off the charts.
There is a dark side to this growth. Environmentalists voice alarm that soy and cane crops are pushing cattle north into the Amazon and accelerating deforestation. Workers' conditions on some cane plantations have been compared to slavery.
Growth has also created horrendous infrastructure bottlenecks. Sao Paulo's traffic jams worsen every month, ports cannot keep pace with tanker volumes and air travel regularly descends into chaos.
The teething pains, say policymakers, of a maturing country. Difficult adjustments launched in the mid-1990s have been consolidated under President Luiz Inácio Lula da Silva, giving the government leeway to expand ambitious anti-poverty drives. A £3.2bn scheme unveiled last month followed the much-lauded Family Allowance initiative, which pays monthly stipends to more than 11 million poor families with young children.
Hike up into the favelas, the notoriously lawless hillside slums, and you find hairdressers, stationers and electrical goods shops reporting booming sales.
There are still, of course, the more traditional booms courtesy of drug-dealers in combat fatigues who sit on pavements making little piles of gunpowder. "A bomb for the police," explained one young bomb-maker in Rocinha, a Rio favela, after a shoot-out that killed an 11-year-old girl.
Gang warfare and police brutality remain embedded here, as does extreme inequality. Some shantytowns, with their legions of street children and shacks of wood and plastic, could pass for the more impoverished parts of sub-Saharan Africa. Except that overhead there are helicopters ferrying the super-rich to shopping appointments with Gucci and Jimmy Choo.
Economic and social indicators do suggest the gap is closing, albeit slowly. "What has been achieved looks more solid than in some other countries," concludes Michael Reid in a recent book, Forgotten Continent: the Battle for Latin America's soul.
Reid's upbeat assessment comes with a warning about the need for bolder pro-market reforms of byzantine taxes, red tape and outdated labour laws.
Some critics go further and argue that Brazil is glitzy but hollow, just like a carnival float, because it is coasting on benign global conditions and a domestic credit boom while shirking the hard graft of building a competitive economy.
"Everybody is making a lot of money," says Alan Goldlust, the head of Comexport, a big trading company. "I'm making more money than I've ever made. But nothing is being done to improve our schools or labour laws or bureaucracy. We're filling our stomachs but not our heads."
In the same vein some western diplomats credit Lula with raising Brazil's prestige but not its influence, partly because he lets Venezuela's Hugo Chavez shout as regional spokesman. A permanent seat on the UN security council is still a dream.
The president's vow to end the corrupt ways of the old elite has also faded in a slew of financial scandals tainting senior members of his ruling Workers' Party.
Dilma Rousseff, the president's chief of staff, disagrees. Lula was enthusiastically voted back into power last year, she points out, and the government is sticking with its commitment to low inflation and financial stability. "We have shown we are not afraid of taking tough decisions."
It used to be said that Brazil was a country with a great future condemned to its eternal contemplation. That future has not arrived, not quite yet, but it is closer now than it has been in generations.
· Rory Carroll is the Guardian's Latin America correspondent

Mercado brasileiro se distancia de vizinhos sul-americanos

BBC Brasil

14/03/2008

Apesar do discurso de integração comercial, nos últimos dez anos os exportadores dos demais países sul-americanos vêm perdendo participação no mercado brasileiro --o maior do continente.
As importações brasileiras dos países da América do Sul como um todo caíram de 19,8% do total em 1997 para 15,4% no ano passado.

As vendas brasileiras para países dentro e fora do Mercosul estão indo no sentido oposto, em alguns casos dando saltos de dois dígitos.

O desequilíbrio provoca críticas dos parceiros comerciais na região, que acusam o Brasil de excesso de protecionismo. Mas economistas brasileiros ouvidos pela BBC Brasil atribuem o fenômeno à falta de competitividade das economias da região.

"Barreiras"

Ecoando reclamações de exportadores de países vizinhos, o presidente da Associação de Exportadores Peruanos, José Luís Silva Martinot, diz que o Brasil é um país fechado, que muitas vezes dificulta a entrada de produtos da região.

"[Às vezes] barreiras técnicas ou leis estaduais fazem com que seja quase impossível comercializar com o Brasil", afirma ele.

O desequilíbrio em favor do Brasil e a queda relativa das importações dos vizinhos se acentuaram a partir de 2003, justamente quando ganhou novo impulso o discurso do governo brasileiro pela integração sul-americana.

Em 2002, as exportações e importações brasileiras na região estavam quase equilibradas, com exportações de US$ 7,5 bilhões contra importações de US$ 7,6 bilhões.

No ano passado, as exportações haviam quadruplicado, para US$ 31,9 bilhões, enquanto as importações cresceram uma vez e meia, para US$ 18,5 bilhões. Ou seja, o superávit brasileiro pulou para US$ 13,3 bilhões.

Com essas mudanças nos números, não é de estranhar que as reclamações se acumulem.

Argentina

"Há muitas coisas que podem melhorar [na relação comercial]", diz Eduardo Sigal, subsecretário argentino de integração econômica para as Américas e o Mercosul.

"(Ainda) há travas legislativas, constitucionais e burocráticas que dificultam que o comércio seja maior."

A Argentina é um dos países que viram umas das maiores viradas na balança. Em 1997, tinha um superávit de mais de US$ 1,1 bilhão com o Brasil. Em 2007, teve um déficit de mais de US$ 4 bilhões.

De maneira geral, o Brasil passou a comprar mais de outras partes do mundo e a vender mais para os vizinhos.

Olhados em conjunto, os países sul-americanos receberam em 1990 o equivalente a 8,5% de todas as exportações brasileiras. No ano passado, foram o destino de 19,9% das vendas das empresas brasileiras para o exterior.

A participação da região nas exportações já foi maior --chegou a 24,2% em 1997-- mas caiu no início desta década até chegar a 12,4% em 2002, após a crise que atingiu mercados importantes, como Argentina e Venezuela.

O analista do Ministério do Planejamento Leandro Freitas Couto, que analisou os dados de comércio de todos os países, destaca que entre 1990 e 2004 aumentou o comércio --tanto importações quando exportações --entre todos os países sul-americanos.

A exceção foi o Brasil e o Uruguai, que passou a exportar mais para fora da região neste período.
"A estrutura produtiva é o maior entrave a uma integração maior", afirma Couto.

Competitividade

Um levantamento do economista Chau Kuo Hue, consultor da LCA Consultores, mostra que o comércio na região cresceu com o aumento da concentração entre os quatro maiores da região --Brasil, Argentina, Chile e Venezuela.

Em 1990, as vendas para estes três países representavam 51,5% da exportação brasileira para a região. No ano passado, a participação de Argentina, Chile e Venezuela nas exportações brasileiras passou para 73,8%.

"Isso mostra não uma integração maior entre todos os países, mas uma concentração do comércio entre os grandes", diz Hue, para quem isso é sinal da falta de complementaridade entre os países da região de um modo geral.

O economista Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da FGV do Rio de Janeiro, acha que esta situação não vai mudar e que a assimetria pode até aumentar.

"Ela reflete basicamente a diferença de estrutura econômica do Brasil em relação à maioria dos países da região", afirma.

Ele diz que o atual momento, com o real valorizado, seria o ideal para aumentar as importações dos países da região, que também entram no Brasil com tarifas baixas.

"Se com essas condições não for possível mudar o perfil das importações brasileiras na região, eu acho difícil que isso aconteça depois", afirmou.

Para Carlos Langoni "é bom lembrar que a economia brasileira é liderada pelo setor privado (). E o setor privado compra de onde for mais barato, onde for mais eficiente, onde tiver mais controle tecnológico".

O cientista político Amaury de Souza, sócio das consultorias MCM Consultores Associados e Techne Informática e Recursos Humanos, também acha que o limite está justamente na diferença de tamanho e diversidade dessas economias.

"Nós produzimos de tudo. E temos que ver o que eles têm a nos oferecer", diz ele.

Um maior equilíbrio, afirma, pode vir no futuro, quando as empresas brasileiras que estão se estabelecendo no exterior aumentarem a integração produtiva e o comércio intrafirmas, exportando para o Brasil a partir dos países vizinhos.

Busca de equilíbrio

Em diferentes países há o reconhecimento de que o Brasil não pode ser completamente responsabilizado pela situação e que muitos países precisam sofisticar a sua oferta para entrar no mercado brasileiro.

"Do ponto de vista da Venezuela essa relação está sendo menos aproveitada [do que pelo Brasil]", diz Nelson Quijadas, presidente da Câmara de Comércio Venezuela-Brasil.

"Nós deveríamos aproveitar a possibilidade de transferência de tecnologia do Brasil para cá."

O governo brasileiro reconhece que o desequilíbrio comercial é um problema para a integração regional e diz estar tentando tomar medidas para mudar o rumo.

"Há um esforço brasileiro para buscar o equilíbrio, mas o comércio não é um jogo de soma zero", afirma o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.

Ele diz que foram criadas comissões para monitorar o comércio e discutir a eliminação de barreiras que dificultam as importações dos vizinhos.

"A maior parte dos setores ainda tem um enorme potencial de substituição de importações competitivas e de integração da cadeia", diz o secretário.

*Com reportagem de Andrea Wellbaum (Argentina e Uruguai), Denize Bacoccina (Brasília) e Márcia Freitas (Peru)

Mercado interno puxa expansão da economia em 2007

Folha Online / Cirilo Junior

14/03/2008

O mercado interno foi o principal responsável pelo crescimento de 5,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2007. A demanda interna foi responsável por uma contribuição de 6,9 p.p. (pontos percentuais) na expansão da economia brasileira no ano passado, enquanto a demanda externa teve influência negativa, de 1,4 p.p. --trata-se do segundo ano consecutivo que o desempenho externo contribui negativamente.

A expansão de 5,4% informada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é a maior taxa constatada desde 2004, quando houve crescimento de 5,7%. Já no último trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,6% frente ao trimestre anterior, e 6,2% em relação ao quarto trimestre de 2006. Em valores, o PIB brasileiro totalizou R$ 2,558 trilhões no ano passado.
Segundo o IBGE, o aumento do investimento, aliado ao consumo das famílias (que cresceu 6,5% em 2007), foram os principais fatores para o resultado do ano passado.

Para a gerente das Contas Nacionais Trimestrais, Rebeca Palis, a economia em 2007 pode ser resumida no desempenho do mercado doméstico, influenciado pelo aumento de 3,6% da massa salarial, o aumento de 28,8% nas operações de crédito e pela redução da taxa Selic de juros --foi de uma média de 15,1% ao ano em 2006 para 11,9% no ano passado.

"O resultado de 2007 manteve o padrão do ano anterior. Esse desempenho foi apenas intensificado. O fato de a Selic ter diminuído contribuiu para a geração de mais investimento", afirmou.

A formação bruta de capital fixo subiu 13,4% no ano passado. Esta taxa, que mede o investimento no país, teve o maior crescimento da série histórica, iniciada em 1996.

O coordenador de Contas Nacionais, Roberto Olinto, ressaltou que a expansão demonstra que o Brasil está se preparando diante de uma expectativa futura de crescimento da demanda. Baseado nisso, ele classificou o crescimento da economia em 2007 superior, em termos de qualidade, ao resultado de 2004, quando o PIB teve incremento de 5,7%, recorde da série histórica.

"O consumo é o estímulo para o investimento. O crescimento baseado em um mercado interno forte é um indicador de qualidade maior", observou.

O investimento, no ano passado, foi puxado pelo setor de máquinas e equipamentos, cujo crescimento nesse indicador chegou a 19,3%. O setor tem peso de 60% na medição da taxa de investimento.

Em 2004, a taxa de investimento crescera 9,1%, diante de uma expansão de 3,8% no consumo das famílias. As exportações haviam crescido 15,3%, enquanto que as importações tiveram expansão de 13,3%. O investimento na construção civil teve expansão de 5,1% em 2007.

"Em 2004, o setor externo contribuía decisivamente. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias crescia menos do que a economia, o que não ocorre agora", frisou Rebeca Palis.