quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Jornal Economia em Notícia - Edição 19

Argentina anuncia acordo de US$ 200 mi com BNDES

Rodrigo Postigo
03/09/2008
A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, anunciou nesta terça-feira que assinará um acordo através do qual o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abrirá créditos "de US$ 200 milhões" para financiamento de compra de bens de capital argentinos por empresas brasileiras.
O acordo será assinado na próxima segunda-feira durante a visita oficial que Cristina fará ao Brasil, onde a governante se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Haverá US$ 200 milhões (do BNDES) para ajudar os produtores com vendas no Brasil e no mundo. Haverá o financiamento de bens de capital e mercadorias argentinas", o que "vai ajudar a inserir nossos produtores no mundo", destacou.
Em um ato na sede do governo por ocasião do Dia da Indústria, a chefe de Estado também antecipou que trabalha em uma normativa para exigir a compra de maquinaria argentina "para ter acesso aos créditos" dos bancos públicos.
"No Brasil é assim, exceto quando essa maquinaria não é construída no país", explicou Cristina durante o ato, transmitido pela cadeia nacional de rádio e televisão e no qual também anunciou o cancelamento da dívida da Argentina com o Clube de Paris.
"Queremos um acordo com a indústria local para garantir que haja preço, qualidade e tempo de entrega e porque acreditamos na necessidade de articular acordos que sejam proveitosos para todos", declarou a chefe de Estado.
Cristina ressaltou que protegerá a indústria argentina desde que os empresários "garantam" que sua produção terá "qualidade e eficiência nos prazos de entrega".
Em 4 de agosto, os diretores das maiores associações patronais de Argentina e Brasil destacaram as boas possibilidades de negócios conjuntos através de créditos do BNDES, durante uma reunião empresarial em Buenos Aires, por ocasião de uma visita de Lula ao país.
O comércio entre Argentina e Brasil alcançará este ano o número recorde de US$ 30 bilhões, dez vezes mais que em 1986, quando foram assinados os primeiros acordos de integração bilateral.

Cresce a fatia da pessoa física

Gazeta Mercantil / Silvia Rosa
03/09/2008
Com o cenário de queda de juros e aquecimento do mercado de capitais, a participação dos investidores pessoa física na Bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) cresceu expressivamente nos últimos seis anos, saltando de 85.249 contas cadastradas na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) em 2002 para 529.089 em agosto deste ano, segundo dados divulgados ontem pela BMFBovespa.
Os investidores pessoa física movimentaram R$ 87,53 bilhões, respondendo por 25,5% do volume total negociado na Bovespa até o dia 28 de agosto deste ano.
A participação das mulheres no mercado de capitais também aumentou significativamente, passando de 17,63% do total dos investidores em 2002, para 22,68% em agosto deste ano, respondendo por 125.178 investidores. Já a participação de homens recuou de 82,37% para 73,17% no período, contabilizando 403.911 investidores.
Os dados da BM&FBovespa, no entanto, consideram todos os CPFs cadastrados em cada agente de custódia, e pode contabilizar o investidor mais de uma vez caso utilize mais de uma corretora.
O estado de São Paulo concentra a maior parte dos investidores, respondendo por 48,8% do total com 237.327 contas cadastradas, seguido pelo Rio de Janeiro com 25,36%, Minas Gerais com 5,82% e Rio Grande do Sul com 5,36%. A região Norte apresenta a menor concentração de investidores.
Em agosto, os investidores pessoa jurídica somaram 22.927 contas cadastradas, respondendo por 4,15% da base total.

CVM edita parecer sobre incorporação

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados
03/09/2008
A Comissão de Valores Mobiliários ( CVM) editou nesta segunda-feira o parecer de orientação n 35/08, que trata de deveres legais de administradores de empresas nas incorporações de controladas. De acordo com comunicado da autarquia, um dos principais objetivos da medida é assegurar uma negociação efetiva e independente entre o controlador e os administradores da companhia controlada durante o negócio. "Ao negociar uma operação de fusão, incorporação ou incorporação de ações, os administradores devem agir com diligência e lealdade à companhia que administram", diz a CVM.
O parecer determina, entre outros pontos, que a decisão sobre a incorporação seja fundamentada e documentada, e que todos os documentos que embasaram a decisão dos administradores sejam colocados à disposição dos acionistas. Caso a relação de troca e as condições propostas sejam insatisfatórios para a empresa controlada, os administradores devem rejeitar a operação, ressalta o texto do parecer.
A CVM recomenda ainda a criação de um comitê especial independente para negociar a operação. O órgão concedeu a possibilidade de que o comitê tenha várias composições, inclusive por administradores da companhia, desde que mantenha a independência. Essa alteração foi resultado do processo de audiência pública pelo qual passou o texto.
Outra orientação do parecer é condicionar a operação à aprovação da maioria dos acionistas não-controladores, inclusive os titulares de ações sem direito a voto ou com voto restrito.

País não pode ser "pego de surpresa" por contas externas

Terra / Denise Campos de Toledo
03/09/2008
A balança comercial brasileira registrou recorde de importações em agosto: quase US$ 17,5 bilhões. Apesar disso, o saldo ainda foi positivo em cerca de US$ 2,2 bilhões. É que as exportações brasileiras também seguem em expansão, amparadas, principalmente, no bom desempenho das commodities. O governo já está até refazendo, para cima, as projeções para as vendas externas do País neste ano.
Por conta disso, o Brasil ainda pode contar com bons saldos na balança. Neste ano, o superávit já está em quase US$ 17 bilhões. As exportações estão e vão continuar crescendo. O problema é o ritmo.
O dólar baixo favorece muito mais as importações. Por isso o saldo comercial está encolhendo. Esse processo tem aspectos positivos: entram mais produtos baratos no País, o que segura a inflação.
E até as empresas aproveitam para a compra de maquinário, além de componentes, que ajudam a produzir mais, com custo menor. Há ganhos de produtividade. Mas, há o lado negativo. Os produtos nacionais perdem terreno para os estrangeiros, aqui e no exterior. Empresas produzem menos que poderiam, com reflexo na atividade em geral. E saldos menores interferem nas contas externas, que já estão no vermelho.
E não é só o dólar que atrapalha a competitividade do produto brasileiro. O custo Brasil vai bem além disso. A carga de impostos é um problema até maior. Nessas condições a tendência é o saldo comercial manter uma trajetória decrescente, que pode se intensificar diante de uma queda mais acentuada dos preços das commodities no exterior.
Além das perdas para as empresas e para a atividade econômica, tem a questão, já destacada, das contas externas. Sem o reforço maior da balança comercial, o País ficará mais dependente dos investimentos diretos e os destinados ao mercado financeiro. No entanto, não é um problema para agora.
As reservas cambiais recordes e a reestruturação da dívidas garantem, uma situação confortável, que até protege o País diante das incertezas do cenário externo. Mas, são sinalizações que merecem atenção, para o País não ser pego de "surpresa" mais à frente.

Proposta de orçamento mostra crescimento da carga tributária federal

Na proporção com o PIB, receitas da União devem crescer em 2008 e 2009.Crescimento da carga acontece sem a CPMF, mas com aumento do IOF.
G1 / Alexandro Martello
03/09/2008
Dados contidos na proposta de orçamento federal para o ano de 2009, enviada na última semana pelo governo ao Congresso Nacional, mostram que a carga tributária da União, o que inclui a arrecadação dos tributos federais, das contribuições do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e das "demais receitas", deverão crescer acima do aumento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 e 2009, o que configura elevação da carga tributária (arrecadação dividida pelo PIB).
Em 2007, segundo dados da proposta orçamentária do próximo ano, a arrecadação do governo com tributos, com o INSS e com as demais receitas (a chamada receita primária total), somou R$ 620,3 bilhões, ou 24,24% do PIB. Para 2008, a estimativa é que este valor, mesmo sem a cobrança da CPMF, mas com aumento da alíquota do IOF para empréstimos (autorizada no início de 2008), suba para R$ 715,7 bilhões, ou 24,83% do PIB. E a previsão para 2009 é de nova elevação: para R$ 808,8 bilhões, ou 25,38% do PIB.
Nesta previsão não está incluída, porém, a arrecadação dos estados e dos municípios. Refere-se apenas aos tributos cobrados pelo governo federal. Faltam ser computados, portanto, as receitas do ICMS, tributo que individualmente mais arrecada no Brasil, além do IPVA, do IPTU e do ISS, entre outros.