sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Jornal Economia em Notícia - Edição 40

Produção industrial recua em agosto

Gazeta Mercantil/1ª Página / Sabrina Lorenzi
03/10/2008
O efeito calendário contribuiu para que a produção da indústria caísse 1,3% em agosto (que teve dois dias a menos que o mês anterior), mas já se torna visível que a economia brasileira começou a colher taxas mais moderadas de crescimento. O ritmo chinês de algumas categorias da indústria no segundo semestre do ano passado torna a base de comparação elevada demais para grandes saltos daqui para frente.As fábricas mantiveram em agosto o nível de produção nas alturas, mas mesmo assim o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou aumento de apenas 2% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Como elevar o crescimento sobre um salto de 10,5%? Foi este o percentual de aumento da produção industrial em outubro do ano passado. O ritmo asiático foi empurrado pela produção de bens de capital, que cresceu 27,8% naquele mês, conforme lembra a pesquisadora do IBGE Isabella Nunes. Os bens duráveis no mesmo período cresceram 18,2%. "A base de agosto a dezembro está muito elevada e vai ser difícil crescer muito. Mas o ritmo da indústria continua crescendo e o patamar de produção é alto", afirmou. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, debitou a queda da produção em agosto à alta da Selic e à retração da demanda.

O Aumento da arrecadação federal

Jornal do Comércio – RS
03/10/2008
A arrecadação de tributos federais em agosto teve um aumento de 3,58%, em termos reais, em relação a agosto de 2007. Foi menor do que nos meses anteriores (em julho, pelo mesmo critério, foi de 12,85%). Assim, aparentemente, a receita estaria caindo; visão negada pelo próprio Fisco, que prevê alta real de cerca de 10% neste ano, com a arrecadação total, inclusive previdenciária, chegando a cerca de R$ 700 bilhões, ante R$ 642,6 bilhões no ano passado.
As receitas correntes, de R$ 52,5 bilhões em agosto e de R$ 443,5 bilhões nos primeiros oito meses (+9,49% sobre 2007), mostraram que o Fisco é hábil em repor o nível da receita tributária quando há mudança legal. Acabou a receita de R$ 24 bilhões da CPMF, obtida entre janeiro e agosto de 2007, mas ela foi substituída pela alta de 151,7% na receita do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de R$ 5,3 bilhões para R$ 13,4 bilhões, e pelo aumento do crédito, assegurando mais consumo, emprego e lucros. Já foi largamente superada a projeção de receita do IOF de R$ 8,4 bilhões no ano.
Os lucros permitiram elevar o Imposto de Renda (IR) das empresas em 23,7% reais, no ano, e o peso na receita total passou de 12,07% para 13,53%. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) aumentou 28,2%, mais R$ 5,8 bilhões.
Mais emprego formal e melhores salários contribuíram para a alta da receita do IR na fonte sobre os rendimentos do trabalho, de 18,8% reais (+R$ 5,3 bilhões).
Níveis recordes foram alcançados no IPI de automóveis, que aumentou 20,9% reais, e no Imposto de Importação (+26,3%).
Assim foi compensada a diminuição, desde maio, das receitas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), incidente sobre combustíveis, da arrecadação do Refis e do Imposto sobre Ganhos de Capital. Com a queda das cotações das ações, o IR sobre ganhos em operações em bolsa diminuiu de R$ 856 milhões para R$ 680 milhões entre os primeiros oito meses de 2007 e 2008.
Ainda que o ritmo da atividade econômica seja menos intenso, em razão da crise externa, a arrecadação real só cairia em caso de recessão no País. Hoje, quando muito, se admite desaceleração do crescimento do PIB, de 5,1%, neste ano, para 3,6%, em 2009.
Os ganhos da arrecadação federal são de tal ordem que o governo adia a divulgação da carga tributária em relação ao PIB no ano passado, provavelmente superior à registrada em 2006.

Desaceleração econômica e inflação dividem o Copom

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Ana Cristina Góes
03/10/2008

O Comitê de Política Monetária (Copom) estará em uma encruzilhada na próxima reunião, agendada para os dias 28 e 29 deste mês. De um lado está crise financeira norte-americana e a desaceleração da economia global batendo à porta, do outro a demanda interna ainda aquecida e o compromisso de manter o aperto monetário para convergir a taxa de inflação para o centro da meta no próximo ano. Se a forte queda no preço das commodities no mercado internacional alivia as pressões inflacionárias, a recente disparada na cotação do dólar na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) pode contaminar os preços. O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, acredita que o Banco Central (BC) manterá o ritmo de aperto monetário mesmo com o cenário de desaceleração da economia. "A situação é difícil, todas as perspectivas apontam para o impacto da crise americana na economia doméstica. Mas os últimos indicadores mostram um descompassado entre oferta e demanda. O dólar é outro ponto que agrava a situação. Com esta volatilidade, ninguém sabe qual será o patamar de equilíbrio do câmbio", afirma Campos Neto. O estrategista-chefe do Crédit Agricole, Vladimir Caramaschi, concorda que o câmbio é um fator decisivo para o Copom optar por manter o aperto monetário, apesar do desaceleramento econômico global. "Acredito que o Copom eleve o juro em 0,5 ponto percentual por causa do câmbio. Até a semana passada poderia afirmar que a taxa de câmbio não seria problema. No entanto, diante desta recente disparada do dólar existe a chance de contaminação dos preços", avalia Caramaschi. Para o diretor presidente do Ibmec, Claudio Haddad, a possibilidade de a recessão norte-americana contaminar a economia doméstica é remota. "O Brasil está numa situação completamente diferente dos Estados Unidos", afirma Haddad, que acredita que ainda existe espaço para o Banco Central (BC) dar prosseguimento ao aperto monetário. "Na próxima reunião acredito que o Copom promova um aumento entre 0,25 e 0,50 ponto", estima. Na contramão, o ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Nicola Tingas, prevê que o Copom vai surpreender e interromper o ciclo de alta na taxa Selic, mantendo o juro básico em 13,75% ao ano. "Estamos vivendo uma crise de solvência. O temor aqui no Brasil é de que o enxugamento da liquidez tenha um efeito local. A oferta de crédito menor pode comprometer o crescimento da economia doméstica", disse. Crise financeira O ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio da Ciano Investimentos, Ilan Goldfjan, afirma que a atual crise financeira é conseqüência de vários erros cometidos no passado. "É igual um acidente aéreo. É um conjunto de erros, não um só. Não dá para achar um só culpado nesta situação", afirmou. Para o ex-diretor do Banco Central, a situação atual da economia doméstica se assemelha a de um avião procurando uma pista longa para pousar. "Se quiserem que a economia brasileira mantenha o ritmo de crescimento de 6% ao ano não vai dar, me desculpe. No contexto atual, a economia doméstica vai acompanhar a tendência de desaceleração global", afirmou Ilan Goldfjan.

Chefe de negociações industriais quer retomar Doha ainda em 2008

Rodrigo Postigo
03/10/2008
O novo presidente do grupo de trabalho sobre acesso ao setor industrial (Nama, na sigla em inglês) da OMC, Luzius Wasescha, afirmou hoje que pretende redigir ainda este ano um novo texto de compromisso que permita desbloquear a Rodada de Doha para a liberalização do comércio.
Embaixador suíço na Organização Mundial do Comércio (OMC), Wasescha foi nomeado oficialmente presidente do grupo hoje, pelos 153 países-membros, no lugar do canadense Don Stephenson.
Em sua primeira entrevista após assumir o cargo, Wasescha disse que vai consultar imediatamente os membros do Nama. "Antes de começar a andar pela floresta, é preciso saber mais sobre as árvores que o formam", afirmou.
Até 20 de outubro, o suíço deverá manter uma série de consultas bilaterais para sondar os diferentes grupos. Ele afirmou que apenas depois disto pretende redigir o novo texto de compromisso.
O novo presidente do Nama assinalou que pretende apresentar seu novo texto simultaneamente ao do embaixador Crawford Falconer, que preside o grupo sobre agricultura.
Embora reconhecendo a existência de divergências entre os países- membros, Wasescha afirmou que há possibilidade de um acordo comum sobre direitos alfandegários na indústria e na agricultura ainda este ano, como já havia dito o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.
A Rodada de Doha é negociada há sete anos sem que haja um acordo satisfatório para todas as partes.
A última tentativa fracassou em julho passado, quando não se chegou a um acordo, entre outros tópicos, sobre uma cláusula para que países em desenvolvimento pudesem proteger suas agriculturas de importações maciças.

Casa Branca diz que crise afetará economia também em 2009

EFE
03/10/2008
A crise financeira que causou turbulências nos mercados internacionais ainda afetará a economia americana no primeiro trimestre do próximo ano, reconheceu hoje a Casa Branca.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, afirmou em sua coletiva de imprensa diária que "ninguém deve subestimar o que esta onda da crise creditícia" fez à economia este ano "e provavelmente fará no primeiro trimestre" de 2009.

"Nossa economia é resistente e é claro que nos recuperaremos, mas seguramente vai representar um peso", assegurou Fratto.

Fratto se declarou "bastante otimista" de que a Câmara vá aprovar a medida, mas disse que levará "semanas" até que o Departamento do Tesouro comece a comprar ativos de má qualidade de Wall Street.

"O Tesouro quer começar a se movimentar o mais rápido possível, mas é uma coisa complicada (...) acho que demorará pelo menos semanas", declarou o porta-voz.

Brazil real sinks to 2 per dollar, 1st time in yr

Thu Oct 2, 2008 11:14am EDT
SAO PAULO, Oct 2 (Reuters) - Brazil's currency weakened to the 2-per-dollar mark for the first time in more than one year as investors dumped emerging market assets and flocked to the U.S. dollar.
The real BRBY plunged almost 4 percent to 2 per dollar from 1.925 on Wednesday, a threshold it hasn't crossed since Aug. 29, 2007. The dollar reached a 13-month high against a basket of major currencies .DXY.
(Reporting by Elzio Barreto, Editing by Chizu Nomiyama)

After Financial Crisis, Uncertainty and Lectures From Abroad

The New York Times
By ALEXEI BARRIONUEVO and SIMON ROMERO
Published: October 2, 2008
SÃO PAULO, Brazil — As America’s financial crisis was gathering speed, Brazil’s president seemed dismissive, almost gleeful, about the troubles up north.
China, a strong client for South American commodities, including Brazilian soybeans, above, may offer some needed relief.
“What crisis?” said the president, Luiz Inácio Lula da Silva, when asked last month about the financial maelstrom. “Go ask Bush about that.”
Like a number of South American countries, Brazil had been flashing a newfound confidence, one born of a deliberate push to decrease political and economic reliance on the United States. But on Monday, shortly after Congress rejected a proposed $700 billion bailout package, Mr. da Silva struck a very different tone, saying in his weekly radio address that Brazil was not immune from the spreading woes after all.
“A recessionary crisis in a country like the United States,” he explained to Brazilians, “can bring problems to all countries.”
In only a few days, Latin American leaders have gone from schadenfreude to fear. Despite strong economic growth this decade and some aggressive efforts to break free of the American orbit, there is a growing nervousness that once again Latin America cannot escape the globalized connections in the financial sector that run through the United States.
After seeming to revel in the collapse of Lehman Brothers, Hugo Chávez, Venezuela’s president, skipped the opening of the United Nations General Assembly last week to visit China instead, saying that Beijing was now much more relevant than New York.
But by Tuesday, after the American stock market plunged nearly 778 points, dragging down Latin American exchanges with it, New York, and Wall Street in particular, had suddenly become relevant once more, with Mr. Chávez saying at a summit meeting in Brazil that the financial crisis would have the force of “one hundred hurricanes.”
A number of governments in the region have been working for the past decade to reduce their dependence on the American economy. They have diversified trade with the rest of the world, while also making efforts to save tens, and sometimes hundreds, of billions of dollars for times when international conditions turn sour.
As their economies strengthened and their political cooperation took off, it seemed the United States was being rapidly pushed out of the picture. Latin American leaders were standing up to America with growing bravado.
In the past month, both Venezuela and Bolivia expelled the American ambassadors to their countries. Not only did Brazil, thought to be among America’s strongest allies in the region, support the expulsion by Bolivia, a major source of natural gas, but Mr. da Silva also railed against an American naval presence in the region, warning that his nation needed to put its own warships on alert in response.
Such anti-American sentiment reflects a longstanding bitterness over Washington’s economic prescriptions for Latin America, policies that some countries in the region blame for undercutting them. As Wall Street itself started to unravel, some leaders seemed to feel vindicated by the collapse.
“We are witnessing the First World, which at one point had been painted as a mecca we should strive to reach, popping like a bubble,” Cristina Fernández de Kirchner, Argentina’s president, said two weeks ago.
But the financial crisis has exploded far beyond Wall Street. Whipsawing global markets are already having a ripple effect across Latin America. As nervous investors pulled money out of emerging markets, Brazil’s currency, the real, plunged 16 percent against the dollar last month, resulting in hundreds of millions of dollars in losses at large food and eucalyptus-pulp exporters that placed bad bets on the direction of the real.
In Mexico, falling remittances from the United States are also raising concern, with Finance Minister Augustín Carstens warning that money sent home from across the border could decline by $2.8 billion, or 8 percent, this year. In Venezuela, a sharp drop in the value of the country’s bonds in the last two weeks reflects fears about plunging oil prices, especially since the United States remains by far the largest buyer of Venezuelan oil despite the deterioration of relations between the countries.
The issue, economists say, is largely about access to credit, which is needed to keep Latin America’s export-oriented economies humming along. “The credit crunch and the liquidity constraints we are seeing are going to affect everyone in the world,” said Alfredo Coutiño, a senior economist at Moody’s, the credit-rating agency. “That means that the cost for Latin American companies, particularly for those with the need for external funds, is going to be higher.”
Plummeting commodity prices could also hamper growth in countries like Argentina and Ecuador, while the psychological effect of a crash in the United States is already reverberating through Latin American stock exchanges. That could lead to a reining in of household spending, which has driven much of the recent growth in Brazil’s economy, especially, economists said.
Some governments are also directly tied to the American institutions they have derided, as in Venezuela, where the government has lost about $300 million in Lehman-related investments.
Ricardo Sanguino, director of the finance committee in Venezuela’s National Assembly, said the losses were minor compared with the Central Bank’s reserves of more than $30 billion and previous decisions to shift some of those reserves into gold and out of American investment banks into Swiss banks.
“The crisis affects us because we’re not a completely closed economy, but the impact won’t be disastrous,” Mr. Sanguino said.
With increased fiscal discipline, some countries have built up stabilization funds that should help them weather the fallout from the Wall Street mess, economists said. Brazil’s government has directed its national development bank, the BNDES, to extend $2.5 billion in credit to agricultural exporters for the next harvest to try to prevent a major slowdown.
Other countries in the region may struggle more. Before the crisis, foreign investment had already dwindled in Bolivia and Ecuador, where governments flush with revenues before commodities prices began declining had nationalized foreign companies and clashed with multinationals.
Argentina, still weighed down by debt, saved much less than Brazil or Chile during its economic expansion. Now it faces declining commodity prices, especially for soybeans, its main export, and will have less flexibility to infuse cash into its industries, analysts said. In recent weeks, the Argentine government, realizing it may face a fiscal shortfall, has been focused on international investors to gain new funds, and has leaned on Venezuela to refinance billions of dollars in debts. But with oil prices plummeting, Venezuela may impose harsher conditions on lending to Argentina.
Even before the Wall Street meltdown, the region’s Achilles’ heel — high inflation — was rearing its head in several countries, notably in Venezuela, Bolivia and Argentina. Economists had been warning for months that Argentina could be headed toward a financial crisis of its own if it could not get rising inflation under control.
One silver lining for some countries could be China, which has become a strong export partner for South American soybeans, oil and other commodities. If China’s growth remains robust, the country will continue to lean on Brazil and Argentina for the crop. By traveling to China last month to sign a deal aimed at tripling oil exports to the country, Mr. Chávez may end up reducing his country’s dependence on the American market. “The world will never be the same after this crisis,” Mr. Chávez told reporters in Brazil. “A new world has to emerge, and it is a multipolar world. We are decoupling from the wagon of death.”
Other leaders, like Mr. da Silva, have gone from being dismissive of the crisis to outright incensed at Wall Street and Washington for it.
“We did what we were supposed to do to get our house in order,” an angry Mr. da Silva said Monday. “They spent years telling us what to do and they themselves didn’t do it.”

Venezuela, Argentina e Equador são mais vulneráveis à crise, diz 'Economist'

De acordo com a revista, dependência de commodities desses países é um problema.

BBC

03/10/2008

Um artigo na última edição da revista britânica The Economist diz que Venezuela, Argentina e Equador são os três países da América Latina mais vulneráveis a problemas decorrentes da atual crise econômica global.

O texto, intitulado Keeping their Fingers Crossed ("Mantendo os Dedos Cruzados", em tradução livre), alerta que o problema para esses países é que a crise está vindo acompanhada de uma diminuição no preço de commodities da qual dependem suas economias.

"Aqueles países que têm sido mais hostis ao capitalismo global parecem ser os mais expostos a suas mudanças de humor", diz o artigo.

"A Venezuela, que deixou de fabricar produtos que seus consumidores querem para importá-los pagando por eles com a renda do petróleo, parece estar particularmente vulnerável", continua a revista, se referindo à queda do preço do petróleo no mercado internacional.

"Cortar os gastos públicos é uma opção, mas não parece uma que ele (o presidente da Venezuela, Hugo Chávez) desejaria contemplar antes das eleições (estaduais e municipais) de novembro."