segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Brasil será independente também na produção de gás, afirma Lula

Rodrigo Postigo

12/11/2007

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, no programa Café com o Presidente, que o Brasil poderá atingir a independência na produção de gás. Para Lula, a independência em relação ao combustível depende de investimentos que a Petrobras já está fazendo, inclusive em território boliviano. Lula também disse que a descoberta do novo campo de petróleo na bacia de Santos fará com que o País se torne um dos maiores produtores de óleo no mundo.

"Em um primeiro momento, o gás tem prioridade para termelétrica. Ou seja, quando os lagos que produzem energia elétrica tiverem em um nível muito baixo, nós acionaremos imediatamente as termelétricas de gás. Em um segundo momento, a Petrobras precisa atender às suas próprias necessidades, porque ela precisa reinjetar gás para tirar petróleo. Aí, depois, ela pode oferecer para as indústrias, oferecer para os carros, oferecer para quem quiser. E nós estamos trabalhando com a certeza de que logo, logo, o Brasil também será independente na questão da produção de gás", disse.

Lula defendeu ainda os novos investimentos da estatal petrolífera na Bolívia. "Primeiro porque você sabe que o Brasil hoje depende do gás da Bolívia, a Argentina depende do gás da Bolívia, o Chile depende do gás da Bolívia e nós precisamos fazer investimento na Bolívia para que a gente possa produzir mais para atender o mercado interno da Bolívia, o mercado interno brasileiro, o mercado argentino e o mercado chileno", analisou.

Carga tributária chegará a 35,4% do PIB até o final do ano, prevê especialista

Rodrigo Postigo

12/11/2007

Até o final de 2007, o custo-Brasil será proporcional a 35,4% de toda a riqueza produzida no País. A estimativa foi apresentada por Amir Kahir, mestre em finanças públicas pela Fundação Getúlio Vargas, em estudo que projetou os ganhos do governo em suas três esferas: federal, estadual e municipal.

"A carga tributária é obtida pela divisão da arrecadação pelo Produto Interno Bruto (PIB). Assim, quanto mais alta a arrecadação e menor o PIB, maior é a carga tributária", explicou. Conforme o especialista, a União é responsável por 70% do total, os Estados, por 26%, e os municípios, por 4%.

Descoberta de petróleo pode "transformar" País, diz 'FT'

Rodrigo Postigo

12/11/2007

A descoberta do campo petrolífero de Tupi, na Bacia de Santos, anunciada na semana passada pelo Brasil, "tem o potencial de transformar sua indústria de petróleo e catapultar o País ao topo da liga de nações produtoras de petróleo", afirma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal Financial Times.

O diário relata uma afirmação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que o Brasil poderia chegar ao nível de Arábia Saudita e Venezuela, mas observa que "ela estava, talvez, deixando-se levar pela euforia do momento".

"Ainda assim, muitos analistas concordam que a descoberta tem o potencial de transformar o papel do Brasil na região e no mundo, aumentando sua confiança na busca de objetivos como um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e a entrada no G8, o grupo das nações mais desenvolvidas", diz o jornal.

A reportagem observa que até agora tudo o que há são dois poços de teste perfurados a 280 km da costa na Bacia de Santos, mas que confirmaram que "o campo tem entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, não muito aquém do total de reservas da Noruega, que estavam em 8,5 bilhões de barris no ano passado".

O jornal relata que isso aumentaria em mais de 50% as reservas brasileiras e observa que "Tupi pode ser apenas o início".

A reportagem comenta o fato de o novo campo ter sido descoberto abaixo de uma espessa camada de sal e observa que "a descoberta sugere que todo o petróleo extraído até agora nas águas brasileiras havia atravessado a camada de sal, absorvendo impurezas no caminho, razão pela qual ele é um petróleo pesado, de baixa qualidade".

"O petróleo sob a camada de sal é mais leve, de alta qualidade. E há bastante petróleo", diz o Financial Times.

O jornal cita um analista de uma empresa de consultoria em energia que afirma que a descoberta do campo de Tupi abre a possibilidade de extrair "dezenas de bilhões de barris" na região, apesar de que, em sua avaliação, isso só será conhecido com novas perfurações.

Por isso, observa a reportagem, "o governo brasileiro está tomando suas precauções agora, retirando 41 blocos sobre a camada de sal do trecho que seria leiloado para exploração neste mês, para poder avaliar seu verdadeiro potencial".

Oferta de ações da BM&F deve chegar a R$ 4 bilhões

Folha Online

12/11/2007

Após a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), será a vez da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) lançar ações no mercado acionário brasileiro. O IPO (oferta pública de ações) da BM&F deve chegar a R$ 4 bilhões.

A faixa de preços estimada para as ações é de R$ 14,50 a R$ 16,50, e a Bolsa considera no cálculo um preço "médio" de R$ 15,5. Os coordenadores ainda devem consultar potenciais investidores sobre o valor a ser pago pelas ações (o processo de "bookbuilding"). O preço definitivo para a oferta pública deve ser fixado no dia 28.

A BM&F prevê lançar 260,16 milhões de ações ordinárias, que devem ser listadas no segmento do Novo Mercado da Bovespa, reservado para empresas comprometidas, em tese, com práticas mais avançadas no tratamento do acionista minoritário. A nova ação, que deve ser negociada sob o código "BMEF3", deve estrear no pregão a partir do dia 30 deste mês.

O montante de ações em oferta corresponde a 28,8% do capital social da BM&F. No prospecto preliminar, a Bolsa indica que nenhum acionista tinha mais de 5% das ações, sendo que o Bradesco era detentor de 4,9%. Os acionistas vendedores devem receber todos os recursos provenientes da oferta.

Pelo cronograma divulgado hoje, o período de reserva das ações começa no próximo dia 19, até o dia 27. A Bolsa de Futuros deve fazer uma oferta destinada a investidores não-institucionais ("oferta de varejo"), que podem investir pelo menos R$ 5 mil, e outra para investidores institucionais, com potencial de investimento mínimo de R$ 300 mil.

O prospecto preliminar da operação, distribuído hoje pela BM&F, mostra que a Bolsa teve lucro líquido de R$ 222 milhões no período de janeiro a setembro, resultado 55% superior ao registrado no mesmo período de 2006. A receita líquida foi de R$ 292,6 milhões, acréscimo de 33%.

Senadores propõem abertura do mercado doméstico de transporte aéreo para estrangeiros

Rodrigo Postigo

12/11/2007

Um forte lobby para a abertura do mercado doméstico de transporte aéreo começa a ganhar fôlego no Congresso. Projetos de lei dos senadores Tião Viana (PT-AC), presidente interino do Senado, e Gerson Camata (PMDB-ES) revogam os artigos 181 e 182 da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro de Aeronáutica. Se aprovadas as propostas, companhias aéreas estrangeiras poderão fazer o transporte de cabotagem no Brasil.

Outros três projetos de lei que dormitam na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aumentam o limite para o capital estrangeiro nas companhias aéreas nacionais, hoje restrito a 20% do total. Quatro projetos sobre os mesmos assuntos tramitam na Câmara. Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, tais medidas não beneficiariam os usuários e prejudicariam ainda mais as empresas brasileiras.

"Tudo está se fazendo para aumentar a participação estrangeira nas empresas. Isso não garantirá preços melhores para os passageiros nem empregos para brasileiros", ressaltou Graziella. "Essa crise está dando oportunidade para os lobos".

Para o senador Tião Viana, o caráter protecionista do Código Brasileiro de Aeronáutica em relação às empresas aéreas nacionais "não mais se justifica, diante da demanda de transporte aéreo e da necessidade de ampliar a oferta desse vetor fundamental para o desenvolvimento do turismo e da economia nacional".

Sustentabilidade ganha força com pressão de investidores

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Áluísio Alves

12/11/2007

Desde sua criação, em 1995, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) penou para convencer as empresas de que respeito a acionistas minoritários, transparência na divulgação de informações e gestão profissionalizada as tornaria mais fortes e valorizadas no mercado. Gradualmente, o tema ganhou força entre bancos, investidores, governo e outras instituições do mercado. Hoje, um quarto das 450 empresas da Bovespa são listadas voluntariamente aos níveis superiores de governança corporativa, que exigem, por exemplo, tag along para todos os acionistas e submissão a uma Câmara de Arbitragem para solucionar conflitos societários. Agora, o instituto quer estabelecer parâmetros mínimos para a discussão sobre a sustentabilidade, tema que subitamente virou coqueluche na maioria das empresas, embora poucas sabem trabalhá-lo de forma séria. Nesta entrevista, o presidente do IBGC, José Guimarães Monforte, explica porque o tema será o principal assunto do 12 Congresso Anual da entidade, que começa hoje, e de que forma ela se associa com a governança corporativa.

Gazeta Mercantil - Depois da repercussão criada como Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas, diversas empresas vêm utilizando iniciativas ambientais como estratégia de marketing. A sustentabilidade não deveria ser um tema mais abrangente que isso? Nós queremos discutir estratégias para garantir a perenidade das empresas e não de bom mocismo corporativo. A sustentabilidade de que falamos é a que inclui o envolvimento do Conselho de Administração na formulação de estratégias de longo prazo e sua implementação na prática.

Gazeta Mercantil - Mas esse nível de discussão não está restrito a um grupo muito pequeno de empresas no Brasil? Na média, o nível da discussão está bastante elevado no Brasil, mesmo para padrões internacionais. O próprio processo de internacionalização vivido por muitas empresas e a conseqüente pressão de investidores levam à busca por práticas de sustentabilidade e por perenidade corporativa. Ainda há alguma confusão, mas isso é uma história parecida com a evolução dos estágios iniciais da governança corporativa no País. Não vejo risco de que o interesse pelo tema seja só uma onda.

Gazeta Mercantil - É possível medir e comparar o desempenho das empresas em sustentabilidade?A companhia tem que deixar claro como pretende sustentar seus resultados em horizontes mais longos. E já existem alguns indicadores que ajudam nesse sentido, como o GRI (Global Reporting Initiative, padrão internacional para relatórios de práticas sustentáveis). Também pretendemos incluir diretrizes sobre o tema no guia de IBGC de boas práticas.

Gazeta Mercantil - Pode citar alguma? Estamos muito preocupados com a hegemonia do ‘curto prazismo’ na estratégia das empresas. Nesse sentido, correr atrás do lucro máximo pode não ser a melhor política. Em vez disso, as empresas deveriam discutir como conseguir o lucro ótimo, que inclui a discussão sobre a capacidade de repetir e melhorar esse lucro ao longo do tempo.

Gazeta Mercantil - Mas isso não tem mais a ver com analistas de bancos e corretoras? Afinal são eles que apontam o guidance trimestral como mostra de boa governança. Tranparência não tem a ver com guidance. Semanas atrás, o International Corporate Governance (ICGN) teve uma discussão sobre esse assunto e recomendou às empresas acabar com a divulgação de guidances trimestrais. Nós vamos debater isso com os analistas também no Brasil.

Gazeta Mercantil - Nos últimos meses, as notícias de empresas tidas como referência em sustentabilidade não foi dos melhores. A Natura enfileirou resultados trimestrais ruins e o ABN foi comprado pelo Santander. Esses casos não tiram parte da força do discurso da perenidade das companhias? Eventuais movimentações não invalidam a abordagem do assunto. Mesmo em momentos de ajuste, os agentes de mercado avaliam as empresas tidas como sustentáveis com prêmios significativamente maiores do que a média das empresas.