quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Recuperação da economia global parece ter se iniciado, diz Copom

Visão dominante é de contração em 2009 e recuperação em 2010, diz.
Sinais de contração da economia global estão se enfraquecendo, informa.
G1 / Alexandro Martello
10/09/2009
A recuperação da atividade econômica global "parece ter tido início" apesar de as tendências de contração ainda prevalecerem sobre as pressões inflacionárias, segundo avaliação feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na última semana, quando os juros básicos da economia brasileira foram mantidos em 8,75% ao ano. A ata da reunião foi divulgada nesta quinta-feira (10). "A visão atualmente dominante aponta para contração da economia mundial em 2009, com recuperação em 2010. As projeções consensuais são de retração da atividade nos EUA, na Europa e no Japão (o G3), que não seria totalmente compensada pelos bolsões de dinamismo econômico existentes nas economias emergentes, mormente na Ásia", informou o Copom em sua ata. Segundo a autoridade monetária, os "sinais de contração" da economia global "estão enfraquecendo", com alguns países, especialmente na Ásia, registrando crescimento econômico já no segundo trimestre. O BC avalia ainda, na ata do Copom, que há "evidências" de que a atividade econômica no G3 (EUA, Europa e Japão) poderia estar se estabilizando, com "sinais de melhora na atividade industrial e estabilização do mercado imobiliário nos EUA, recuperação da atividade manufatureira e da confiança empresarial na Alemanha e retomada industrial no Japão". "Por outro lado, persiste o risco de que os problemas do sistema financeiro internacional sejam agravados pela deterioração cíclica na qualidade do crédito, centrada nos EUA e na Europa, o que poderia conter a distensão das condições financeiras e, por conseguinte, dificultar a consolidação da recuperação", acrescenta o Copom.

Normas internacionais vão a audiência ainda neste mês

Valor Econômico / Sérgio Bueno
10/09/2009
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) vai colocar em audiência pública ainda neste mês as seis normas que faltam para a adoção integral dos padrões internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês) no Brasil a partir do ano que vem. A informação é do diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Eliseu Martins, que fez ontem uma apresentação sobre as novas regras para empresários, contadores e auditores na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul).
As seis normas tratam das demonstrações consolidadas e separadas, dos investimentos em coligadas e joint-ventures, dos contratos de construção no setor imobiliário e da retirada do patrimônio pertencente à União dos balanços das concessionárias de serviços públicos. Outros quatro pronunciamentos, que se referem à marcação a mercado dos instrumentos financeiros, estão em audiência desde agosto até o dia 25 deste mês e a expectativa do diretor é que as primeiras sugestões das empresas e profissionais interessados cheguem a partir do dia 20.
Segundo Martins, as novas normas sobre instrumentos financeiros são um "refinamento" do pronunciamento a respeito do assunto que saiu no ano passado e não devem gerar grandes dúvidas. Uma exceção pode ficar por conta da determinação de que as provisões somente poderão ser feitas a partir de perdas efetivas e reconhecidas, ao contrário do critério atual que inclui o provisionamento de perdas estimadas. "Mas provavelmente os bancos não vão aplicar essa norma e o Iasb [grupo encarregado de elaborar os padrões internacionais de contabilidade] ainda pode mudar essa concepção até 2010", ressalvou.
Outro ponto que pode gerar dúvida determina que bancos e empresas que venderem instrumentos financeiros (recebíveis, por exemplo) sem repassar contratualmente para o comprador o risco pela realização dos ativos não poderão dar baixa dessas carteiras de seus balanços.
"Nesse caso a norma entende que a carteira é uma garantia por um empréstimo e o dinheiro recebido pela empresa é uma dívida", explicou Martins. Segundo ele, a nova regra está em linha com práticas semelhantes que começam a ser adotadas pelo Banco Central.
"O compromisso é que as normas saiam ainda em 2009 para vigorar em 2010", afirmou o diretor. De acordo com ele, a intenção é evitar problemas como os provocados em 2008, quando o primeiro bloco com 14 normas foi editado para vigorar a partir do mesmo ano por conta da lei 11.638, de 2007.
Outro pronunciamento, relativo à contabilização dos benefícios pagos a empregados e complementos de aposentadorias, já foi aprovado em audiência pública e deve ser publicado pela CVM nos próximos 15 dias, acrescentou.
Com as novas normas o Brasil será ainda "um dos primeiros países do mundo" a adotar uma única contabilidade para os balanços individuais e consolidados, disse Martins.
Segundo ele, isso foi possível porque a Receita Federal (que utiliza as demonstrações individuais para fiscalizar as empresas) aceitou que a adoção de normas contábeis para melhorar as informações a investidores, credores, sindicatos e fornecedores não irá provocar aumento ou redução da tributação.

Grupo analisa adoção de IFRS para pequenas e médias empresas

CFC
10/09/2009
A Norma Internacional de Demonstrações Contábeis para Pequenas e Médias Empresas (PMEs), editada recentemente pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB, na sigla em inglês), começou a ser analisada por um Grupo de Estudos criado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A iniciativa, que partiu de entendimento prévio mantido com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), faz parte do processo de convergência do Brasil às Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS).
Na primeira reunião do Grupo, realizada no dia 26 de agosto, foram discutidas as diretrizes do trabalho e definiu-se que o primeiro passo seria a revisão da tradução da norma do IASB sobre PMEs. Posteriormente, essa IFRS será analisada em relação à sua adoção, de forma simplificada, para o segmento das pequenas e médias empresas brasileiras. O entendimento do grupo será apresentado ao CPC e, posteriormente, a minuta da norma será colocada em audiência pública.
Para o coordenador do Grupo de Estudos e conselheiro do CFC, Nelson Zafra, o texto deverá ser disponibilizado em audiência pública até o fim deste ano. O grupo é composto também pelos colaboradores do CFC Guy Almeida Andrade, Nelson Pfaltzgraff, Paulo Schnorr e Ricardo Julio Rodil.

'FT': setor bancário e pré-sal trazem "esperanças" ao Brasil

BBC Brasil
10/09/2009
O bom comportamento do setor bancário no Brasil, além da sorte com as novas descobertas no campo do petróleo, traz altas esperanças para o Brasil, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira no diário britânico Financial Times.
Em um caderno especial sobre "Os Novos Grandes", de apresentação para o Fórum Econômico Mundial na Ásia, a reportagem afirma que o Brasil "vem confundindo céticos que duvidaram de sua robustez econômica, com recente demonstração de vigorosa vida corporativa".
Segundo a reportagem, graças às boas políticas econômicas, e um pouco de sorte com o preço de exportação de commodities, o País, um dos últimos a entrar em recessão, será, provavelmente, um dos primeiros a sair.
O jornal ressalta que apesar de as descobertas do petróleo na camada pré-sal dominarem as manchetes, "é o setor financeiro que vai agir como arauto de uma ampla recuperação corporativa do Brasil".
O setor bancário brasileiro se manteve conservador nos últimos anos, regulamentado pelo Banco Central (BC), e mesmo quando a recessão chegou, o governo conseguiu aprovar medidas para encorajar os bancos a emprestar mais.
"Já há sinais de um retorno à forma nos mercados de crédito brasileiros, que vinham crescendo a taxas de 25% a 30% antes da crise", afirma o jornal. "O retorno do crédito vai ajudar a lubrificar os gastos dos consumidores e impulsionar empresas de varejo no cenário mundial".
"Empresas como a de cosméticos Natura, e a Hypermarcas, de alimentos, produtos de limpeza, higiene e medicamentos devem acelerar os planos de expansão no exterior."
Segundo o FT, essas empresas vão se unir ao grupo de multinacionais brasileiras, que já atraem investimentos estrangeiros, como a Vale, a Petrobras e a Gerdau.
"O Brasil chega a desafiar os pessimistas que vêem o mercado de trabalho e a burocracia como inflexíveis e com potencial para prejudicar a recuperação", afirma a reportagem.
Mas, diz o FT, apesar das boas notícias, os próximos meses não serão de total tranqüilidade e algumas empresas, mais expostas à crise econômica, levarão mais tempo para se recuperar.
"Alguns setores foram prejudicados pelo excesso de confiança. O setor do açúcar e do etanol atraiu muito investimento e algumas empresas ficaram extremamente alavancadas. Isso se provou um legado terrível na queda da economia e algumas empresas agora enfrentam falência. Mas, mesmo neste setor há sinais de melhoras, com o preço do açúcar chegando ao patamar mais alto dos últimos 30 anos."
Para o FT, outro fator que pode atrapalhar a recuperação financeira são as eleições presidenciais, que devem causar incertezas no mercado, apesar de que o próximo presidente não deve alterar significativamente as políticas econômicas ou industriais.
"No passado, a economia brasileira e o setor corporativo eram afetados por todas as crises globais. Desta vez o Brasil está escapando relativamente ileso", afirma o FT.
"Isto deve ter dois efeitos positivos. Deve alterar fundamentalmente a percepção de risco, tornando o investimento mais barato, enquanto dá às empresas brasileiras uma vantagem substancial enquanto a recuperação global avança", conclui.