segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Jornal Economia em Notícia - Edição 36

O aumento da arrecadação federal

O Estado de São Paulo
29/09/2008
A arrecadação de tributos federais em agosto teve um aumento de 3,58%, em termos reais, em relação a agosto de 2007. Foi menor do que nos meses anteriores (em julho, pelo mesmo critério, foi de 12,85%). Assim, aparentemente, a receita estaria caindo; visão negada pelo próprio Fisco, que prevê alta real de cerca de 10% neste ano, com a arrecadação total, inclusive previdenciária, chegando a cerca de R$ 700 bilhões, ante R$ 642,6 bilhões no ano passado.As receitas correntes, de R$ 52,5 bilhões em agosto e de R$ 443,5 bilhões nos primeiros oito meses (+9,49% sobre 2007), mostraram que o Fisco é hábil em repor o nível da receita tributária quando há mudança legal. Acabou a receita de R$ 24 bilhões da CPMF, obtida entre janeiro e agosto de 2007, mas ela foi substituída pela alta de 151,7% na receita do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de R$ 5,3 bilhões para R$ 13,4 bilhões, e pelo aumento do crédito, assegurando mais consumo, emprego e lucros. Já foi largamente superada a projeção de receita do IOF de R$ 8,4 bilhões no ano.Os lucros permitiram elevar o Imposto de Renda (IR) das empresas em 23,7% reais, no ano, e o peso na receita total passou de 12,07% para 13,53%. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) aumentou 28,2%, mais R$ 5,8 bilhões.Mais emprego formal e melhores salários contribuíram para a alta da receita do IR na fonte sobre os rendimentos do trabalho, de 18,8% reais (+R$ 5,3 bilhões).Níveis recordes foram alcançados no IPI de automóveis, que aumentou 20,9% reais, e no Imposto de Importação (+26,3%).Assim foi compensada a diminuição, desde maio, das receitas da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), incidente sobre combustíveis, da arrecadação do Refis e do Imposto sobre Ganhos de Capital. Com a queda das cotações das ações, o IR sobre ganhos em operações em bolsa diminuiu de R$ 856 milhões para R$ 680 milhões entre os primeiros oito meses de 2007 e 2008.Ainda que o ritmo da atividade econômica seja menos intenso, em razão da crise externa, a arrecadação real só cairia em caso de recessão no País. Hoje, quando muito, se admite desaceleração do crescimento do PIB, de 5,1%, neste ano, para 3,6%, em 2009.Os ganhos da arrecadação federal são de tal ordem que o governo adia a divulgação da carga tributária em relação ao PIB no ano passado, provavelmente superior à registrada em 2006.

Normas internacionais sinalizam avanço para contabilidade do País

DCI
29/09/2008
A área contábil, com a mudança para a normatização internacional, vislumbra avanços significativos para o Brasil, devido à quebra de paradigmas que deverá fazer com que o investidor estrangeiro entenda as peças contábeis, colocando o setor em sintonia fina com o resto do mundo. O assunto está sendo discutido por empresários e especialistas do ramo contábil, reunidos ontem e hoje, em Atibaia, interior de São Paulo, no 21º Encontro das Empresas de Serviço Contábeis do Estado de São Paulo (Eescon).O evento recebeu cerca de mil pessoas interessadas em discutir os melhores rumos para a contabilidade no Brasil. De acordo com José Maria Chapina Alcazar, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon), o cenário de mudanças com a normatização de enfoque internacional é o começo da redução burocrática no mercado, que também acontece em meio a uma mudança no perfil dos especialistas no setor."Os avanços tecnológicos, a internacionalização da contabilidade, a nova lei contábil e a concorrência do mundo globalizado estão imprimindo um novo contorno à nossa atividade", destacou, lembrando também as tradicionais lutas contra a alta carga tributária. Durante o encontro em Atibaia, o presidente da entidade ressaltou que o setor "deve estar preparado para oferecer serviços de excelência aos empresários, e à nação. Por isso, idealizamos este Eescon com o intuito de proporcionar conhecimentos, reciclagem e troca de experiências entre os empresários contábeis", enfatizou.Quanto aos negócios do setor contabilista no Brasil, Chapina é dos mais otimistas e faz um discurso que vai totalmente contra a corrente de outros segmentos, que, mais voláteis, começam a acender a luz de alerta de olho no impacto da crise internacional, como o mercado imobiliário e o de itens importados, por conta da crise dos bancos externos.Para ele, felizmente o setor por enquanto só tem a comemorar. "Vejo o mercado aquecido como nunca esteve antes, para os bons profissionais, os profissionais de excelência. Temos um avanço de mercado, com a geração de novos segmentos econômicos, das empresas estrangeiras vindas ao Brasil pelas novas normas de contabilidade. Nunca o profissional foi tão respeitado e valorizado como é agora. Temos carência de profissionais habilitados e com formação técnica."

Governo britânico pode nacionalizar banco e tentar vender ativos

Ministro das Finanças deve emitir comunicado nesta segunda (29).Tesouro busca 'resgate' do Bradford e Bingley por outras instituições.

Reuters
29/09/2008

O governo britânico deve nacionalizar a instituição concessora de hipotecas Bradford & Bingley e discute a venda de seus ativos e filiais, segundo a agência Reuters, que atribuiu a informação a "fontes do setor bancário".
O Tesouro está conduzindo negociações sobre o resgate do banco e informou neste domingo que as discussões continuam. Um comunicado completo será feito pelo ministro das Finanças, Alistair Darling, antes da abertura do mercado na segunda-feira.
O Tesouro gostaria de um resgaste pelo setor privado para a nona maior concessora de hipotecas da Grã-Bretanha, mas as concorrentes parecem não querer se tornar o "cavaleiro branco" em meio à crise de crédito global e o enfraquecimento do mercado imobiliário britânico.
A BBC informou que o B&B será nacionalizado e seus ativos de hipotecas serão fundidos com a Northern Rock, concessora de empréstimos nacionalizada em fevereiro.
O governo intermediou neste mês a aquisição do HBOS, o maior concessor de hipotecas da Grã-Bretanha, pelo concorrente Lloyds TSB e está intervindo novamente.
"Temos muito claro que os poupadores e correntistas comuns devem ser protegidos adequadamente e que eles serão parte do acordo que vamos determinar", disse à BBC o ministro do Tesouro, Yvette Cooper.
Cooper disse que as negociações ainda estão sendo encaminhadas, mas que o objetivo do governo é sustentar a estabilidade financeira do sistema bancário.
O B&B é o último banco atingido pela crise financeira global, que foi disseminada pelas perdas sobre hipotecas de má qualidade nos Estados Unidos e já fez vítimas instituições dos Estados Unidos e da Europa.

Crise mostra estouro de mais uma bolha especulativa

The New York Times / David Leonhardt
Tradução / Amy Traduções
29/09/2008

Sob todos os aspectos, este mês foi incomum para a economia dos Estados Unidos e seu sistema financeiro. A Merrill Lynch foi comprada por uma barganha, enquanto a Lehman Brothers simplesmente sucumbiu.
O governo federal americano pretende comprar centenas de bilhões de dólares em papéis que nenhum banco deseja. Essa parece ser a maior intervenção fiscal do governo desde a grande depressão, e tem o intuito de reativar os mercados financeiros e evitar que o congelamento de crédito jogue a economia em recessão profunda.
No entanto, mesmo se a economia não entrar em queda livre, os próximos anos provavelmente não serão de prosperidade. O período de excessos foi longo e a ressaca também poderá ser. Para o futuro próximo, o cenário mais provável será um crescimento econômico lento, aumento escasso da renda da maioria dos trabalhadores e, para os investidores, retornos decepcionantes de ações e imóveis. Se os consumidores começarem a cortar seus gastos devido às dívidas, as coisas poderão piorar.
Ainda assim, mesmo tendo sido um mês histórico, há algo familiar no que está acontecendo. Mais uma vez, testemunhamos o estouro da bolha especulativa, resultado do aumento radical dos preços de ativos, muito acima de seu verdadeiro valor. As bolhas se formam desde que os mercados existem. E sempre que uma dessas bolhas começa a vazar, passam anos até que se esvazie, causando enormes estragos econômicos.
Somente agora, por exemplo, as bolhas de uma década e meia passada, primeiro no mercado de ações e depois no imobiliário, começam a ir embora. É fácil pensar no caos dos últimos 13 meses sem relacioná-lo com a bolha de ações dos anos 1990, que pareceu ter terminado com a crise do setor de Internet em 2000 e 2001. A crise reduziu o mercado de ações em mais de um terço, a pior queda desde a crise do petróleo dos anos 1970. Gastos corporativos em novos equipamentos entraram em declínio e o desemprego aumentou durante três anos consecutivos.
Embora dramática, a crise do setor de Internet não chegou a apagar os excessos dos anos 1990. Na verdade, através de medidas bastante significativas, Wall Street após a crise pareceu continuar dentro da bolha.
Em 2004, firmas de serviços financeiros ficaram com 28,3% dos lucros totais do mundo corporativo americano, segundo a Moody's Economy.com. Foi um resultado inferior ao de anos anteriores, mas mesmo assim, quase o dobro da parcela média de lucros do setor nos anos 1970 e 1980. Em 2007, essa fatia dos lucros caiu apenas modestamente para 27,4%.
Enquanto isso, os salários dos funcionários de financeiras continuaram subindo, atingindo seu ápice no ano passado. Para cada dólar pago ao mercado de trabalho americano em 2008, 10 centavos foram para os funcionários de bancos de investimentos e outras companhias financeiras, em comparação aos seis, sete centavos pagos nos anos 1970 e 1980.
Como isso aconteceu? Primeiro, a população dos Estados Unidos (e da maior parte do mundo industrializado) envelheceu e criou poupanças. Isso gerou um aumento na demanda por serviços financeiros. Além disso, a ascensão econômica da Ásia - e, nos últimos anos, a alta do petróleo - deram aos governos estrangeiros mais dinheiro para investir. Muitos deles investiram em Wall Street.
No entanto, parte significativa da prosperidade financeira não parece ter relação com o desempenho econômico, não sendo, portanto, sustentável. Benjamin M. Friedman, autor do "The Moral Consequences of Economic Growth," (As Conseqüências Morais do Crescimento Econômico), lembra que quando trabalhava na Morgan Stanley no início dos anos 1970, os relatórios anuais da firma eram recheados de fotografias de fábricas e outros negócios tangíveis. Mais recentemente, os relatórios anuais de Wall Street tendem a enfatizar não tanto os negócios que as firmas aconselhavam, mas finanças pelas finanças, com gráficos oscilantes e fotografias de negociantes.
"Tenho a impressão de que em muitas dessas firmas," Friedman disse, "sua atividade se tornou cada vez mais divorciada da verdadeira atividade econômica."
Isso pode ser um sumário de como a crise atual transcorreu. Negociantes de Wall Street começaram a acreditar que os valores aplicados a todos os tipos de ativos foram racionais porque, bem, eram o que eles haviam determinado.
Os negociantes fatiaram as hipotecas em pedaços tão pequenos que se esqueceram do que estavam negociando: contratos baseados em empréstimos crescentemente instáveis. Com a propagação da crise, outros empréstimos passaram a ir mal. Hyun Song Shin, economista de Princeton, estima que os bancos absorveram até o momento apenas cerca de um terço à metade das perdas com as quais acabarão tendo que lidar.
Uma das poucas boas notícias é que Wall Street finalmente parece enfrentar com seriedade seus problemas. Isso pode ser observado mais claramente, talvez, nos preços das ações, que enfim caíram de seus níves estratosféricos da década passada.
A incomum ascensão acelerada do consumo ao longo das últimas duas décadas é, questionavelmente, a terceira bolha que confronta a economia. Isso aconteceu devido, em parte, ao grande aumento no endividamento, que pode agora estar chegando ao seu final, ao passo que a relação amorosa de Wall Street com as dívidas parece também terminar.
Mesmo se a economia tiver um desempenho melhor que o esperado, os investidores podem ainda cair no pessimismo. "Tendemos a agir como pêndulos," disse Joel Seligman, presidente da Universidade de Rochester, um observador de Wall Street. Existem longos períodos de muita prosperidade, nos quais investidores se preocupam somente em não perder o próximo grande negócio, seguidos de crises que fazem os mesmos investidores temerem que o mundo esteja chegando ao fim.
As bolhas inevitavelmente produzem insanidade, tanto na prosperidade quanto na crise. Por isso, o antigo governo laissez-faire de Bush, bem como o FED (banco central americano), anunciaram que a única maneira de restaurar a sanidade dos mercados seria por meio da compra de enormes pilhas de papéis relacionados a hipotecas. Na teoria, o governo poderia lucrar com esses papéis se for possível vendê-los por preços maiores quando as coisas retornarem à normalidade.
Mas poucos acreditam que isso ocorrerá. O senador Richard Shelby, do Alabama, republicano do Comitê Bancário do Senado, estima que o preço derradeiro a ser pago pelos contribuintes poderá chegar a cerca de US$ 1 trilhão, ou duas vezes e meia maior que o déficit orçamentário federal deste ano.
Um princípio norteador da política econômica dos anos recentes preconiza que ninguém é esperto o bastante para diagnosticar a bolha antes dela estourar. Esse foi um dos mantras de Alan Greenspan durante sua presidência no Fed. Seu sucessor, Ben Bernanke, afirmou basicamente o mesmo quando assumiu o cargo em 2006. Sob seus pontos de vista, não importava o quanto os preços das ações subissem em relação ao lucro, ou o quanto os preços das casas subissem em relação aos aluguéis, os reguladores acabavam cedendo à sabedoria coletiva do mercado.
O mercado geralmente está certo no final das contas. Mesmo quando não está, Greenspan reiterou, estourar uma bolha antes de seu crescimento máximo poderia reprimir a inovação e prejudicar outras partes da economia. Limpar as seqüelas causadas pelo estouro da bolha é mais fácil e menos caro, ele argumentou. Estamos vivendo o momento da limpeza.

Congresso dos EUA muda pacote para proteger contribuinte

Rodrigo Postigo
29/09/2008
Os congressistas americanos conseguiram incluir medidas importantes no pacote de resgate do sistema financeiro dos Estados Unidos que não constavam no plano original. O objetivo foi dar mais transparência e controle sobre o andamento do pacote, além de proteger os contribuintes.
Uma das alterações relevantes foi o parcelamento dos US$ 700 bilhões em três vezes, ao contrário da proposta inicial do secretário do Tesouro Henry Paulson. A primeira será liberada imediatamente, a segunda deverá ser requerida pelo presidente Gerge W. Bush e a terceira dependerá de novas movimentações do Congresso, que vai avaliar a condução do pacote e os efeitos no sistema financeiro.
Outra conquista dos negociadores foi a imposição de limites nas compensações dos executivos de instituições que serão socorridas pelo pacote. Além disso, o plano prevê a possibilidade de o governo elevar os impostos para companhias que paguem seus executivos acima de US$ 500 mil por ano.

Bubblenomics

The New York Times
By DAVID LEONHARDT
Published: September 20, 2008
The past week, by any standard, has been an extraordinary one for America’s economy and its financial system. Merrill Lynch, which was founded during Woodrow Wilson’s administration, agreed to be bought for a bargain-basement price, while Lehman Brothers, which dates back to John Tyler’s presidency, simply collapsed.
By the end of the week, the federal government was preparing to buy hundreds of billions of dollars in securities that no bank wanted. It appears to be the government’s biggest fiscal intervention since the Great Depression, designed to get the financial markets working again and keep a credit freeze from sending the economy into a deep recession.
The announcement of the plan changed the mood on Wall Street and sent stocks soaring at the end of the week. But even if the economy avoids a tailspin, the next couple of years aren’t likely to feel especially good. It’s been a long period of excess, and the hangover could be long, as well. For the near future, the most likely outcome remains slow economic growth, scant income gains for most workers and, for investors, disappointing returns from stocks and real estate. If consumers begin to cut back on their debt-fueled spending things could get worse.
On Friday morning, the economists at Lehman Brothers sent out their usual weekly roundup of the news, but it came this time with a short, italicized note, explaining that the report would be the final one to appear under the Lehman banner. That bit of understatement preceded some more: “This episode of financial crisis,” Lehman’s economists explained, “appears to be much deeper and more serious than we and most observers thought it likely to be. And it is by no means clear that it is over.”
Yet, historic though this week has been, there is something familiar about what is happening. Once again, we are seeing the puncturing of a speculative bubble that was the result of asset prices soaring high above the underlying value of the assets. For as long as markets have existed, bubbles have formed. And whenever one of those bubbles begins to leak, it typically needs years to deflate, causing enormous economic damage as it does.
Only now, for instance, are the bubbles of the past decade and a half, first in the stock market and then in real estate, starting to go away. It’s easy to think of the turmoil of the past 13 months as being unconnected to the stock bubble of the 1990s, which appeared to end with the dot-com crash of 2000 and 2001. That crash brought down the overall stock market by more than a third, its worst drop since the 1970s oil crisis. Corporate spending on new equipment then plunged and employment fell for three straight years.
But dramatic though it was, the dot-com crash did not actually come close to erasing the excesses of the 1990s. Indeed, by some of the most meaningful measures, Wall Street after the crash looked a lot more like it was in a bubble than a bust.
As late as 2004, financial services firms earned 28.3 percent of corporate America’s total profits, according to Moody’s Economy.com. That was somewhat lower than it had been over the previous few years, but still almost double the financial sector’s average share of profits throughout the 1970s and ’80s. By 2007, the share had fallen only marginally, to 27.4 percent.
Meanwhile, the share of wages and salaries earned by employees of financial services firms continued to climb and reached a peak last year. Of every dollar paid to the American work force in 2008, almost 10 cents went to people working at investment banks and other finance companies, up from about 6 cents or 7 cents throughout the 1970s and ’80s.
How did this happen? For one thing, the population of the United States (and most of the industrialized world) was aging and had built up savings. This created greater need for financial services. In addition, the economic rise of Asia — and, in recent years, the increase in oil prices — gave overseas governments more money to invest. Many turned to Wall Street.
Nonetheless, a significant portion of the finance boom also seems to have been unrelated to economic performance and thus unsustainable. Benjamin M. Friedman, author of “The Moral Consequences of Economic Growth,” recalled that when he worked at Morgan Stanley in the early 1970s, the firm’s annual reports were filled with photographs of factories and other tangible businesses. More recently, Wall Street’s annual reports tend to highlight not the businesses that firms were advising so much as finance for the sake of finance, showing upward-sloping graphs and photographs of traders.
“I have the sense that in many of these firms,” Mr. Friedman said, “the activity has become further and further divorced from actual economic activity.”
Which might serve as a summary of how the current crisis came to pass. Wall Street traders began to believe that the values they had assigned to all sorts of assets were rational because, well, they had assigned them.
Traders sliced mortgages into so many little pieces that they forgot what they were really trading: contracts based on increasingly shaky loans. As the crisis has spread, other loans have started going bad as well. Hyun Song Shin, an economist at Princeton, estimates that banks have thus far absorbed only about one-third to one-half of the losses they will eventually be forced to take.
One of the few pieces of good news is that Wall Street finally seems to be coming to grips with the depth of its problems. You can see that most clearly, perhaps, in stock prices, which have at long last fallen from the stratospheric levels of the past decade.
The classic measure of whether the stock market is overvalued is the price-earnings ratio, which divides stock prices by annual corporate earnings. At the height of the bubble, in 2000, companies in the Standard & Poor’s 500 Index were trading at 36 times their average earnings over the previous five years. It was the highest valuation since at least the 1880s, according to the economist Robert Shiller.
By 2004, surprisingly enough, the ratio had dropped only to about 26, still higher than at any point since the 1930s. At the start of last year, it was still 26.
But after the market closed on Friday, the ratio was down to roughly 17, which happens to be about its post-World War II average. At least by this one measure, stocks are no longer blatantly overvalued.
This doesn’t necessarily mean they are done falling. For one thing, corporate profits could decline, particularly if households begin pulling back on spending. The unusually rapid rise of consumer spending over the past two decades is arguably the third bubble confronting the economy. It has happened thanks in part to a huge increase in debt, which may now be coming to an end, just as Wall Street’s love affair with debt appears to be ending as well.
And even if the economy does better than expected, investors may still turn pessimistic. “We tend to go through pendulum swings,” said Joel Seligman, the president of the University of Rochester, a longtime Wall Street observer. There are long periods of overexuberance, in which investors worry that they are missing the next great thing, followed by crises that make those same investors fear that the world as they know it is coming to an end.
That seemed to be the case last Wednesday, when share prices of Goldman Sachs and Morgan Stanley plunged even though the firms were still making money. Glenn Schorr, a UBS analyst, wrote an e-mail message to clients saying, “Stop the Insanity.”
But bubbles inevitably produce insanity, both on the way up and the way down. On Friday, the formerly laissez-faire Bush administration, along with the Federal Reserve, announced that the only way to restore sanity to the markets was for the government to buy an enormous pile of mortgage-related securities. Theoretically, the government could turn a profit on the securities if they can be sold for higher prices when normal conditions return.
But few expect that outcome. Senator Richard Shelby of Alabama, the ranking Republican on the Senate Banking Committee, estimated that the ultimate cost to taxpayers could be in the range of $1 trillion, or about two-and-a-half times as large as this year’s federal budget deficit.
A guiding principle of economic policy in recent years has been that nobody is smart enough to diagnose a bubble until it has already deflated. This was one of Alan Greenspan’s mantras during his tenure as the chairman of the Fed. His successor, Ben Bernanke, said much the same thing when he took office in 2006. As they saw it, no matter how high stock prices rose relative to profits, or no matter how high house prices rose relative to rents, regulators deferred to the collective wisdom of the market.
The market is usually right, after all. Even when it isn’t, Mr. Greenspan maintained, pricking a bubble before it grew too large could stifle innovation and hurt other parts of the economy. Cleaning up the aftermath of a bubble is easier and less expensive, he argued. We’re living through that cleanup now.

Brazil firms with derivatives hit by credit crisis

Fri Sep 26, 2008 3:40pm EDT
By Elzio Barreto
SAO PAULO, Sept 26 (Reuters) - The financial crisis battering global equity and bond markets looks closer to spilling over into the real economy in Brazil, where two large exporters disclosed massive trading losses this week.
Pulp producer Aracruz (ARCZ6.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) (ARA.N: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) and meat processor Sadia (SDIA4.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) (SDA.N: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) became the first companies to take hits late on Thursday, when they revealed losses on derivatives. Sadia fired its chief financial officer and Aracruz said its finance chief asked to step down.
"The issue with derivatives is that it's an interesting hedging tool, but if it's employed the wrong way it can be like a razor in the hands of a child," said Carlos Daniel Coradi, the head of Brazilian consulting firm Engenheiros Financeiros & Consultores.
Large exporters use derivatives to lock in exchange rates so they can better plan their operations.
Sadia, Brazil's largest poultry and pork producer, booked 760 million reais ($411.5 million) in losses from foreign exchange positions and Lehman Brothers Holdings Inc (LEHMQ.PK: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) bonds. The company's stock plunged as much as 37 percent on Friday.
Aracruz said its exposure to so-called "target forward" agreements that lock in the price of a currency against the real at a specified date was strongly influenced by volatility in global financial markets.
The company said losses with the contracts exceeded limits set by management, without disclosing details. Its shares sank as much as 21 percent.
The announcements capped two weeks of wild swings in Brazil's currency, the real BRBY, and raised concerns of losses in foreign exchange derivatives at other companies, mostly exporters.
The real, which weakened 12 percent in September, had days in the past weeks when it gained 5 percent and others when it plunged 4 percent, creating havoc on the balance sheets of companies with the derivatives.
"Our understanding is that this is focused on exporters who lock in at a certain exchange rate going forward," said Alexander Carpenter, chief credit officer for Latin America at ratings agency Moody's Investors Service. "We're looking into the situation right now. Not all the exporters -- some did, some didn't."
Brazilian meatpacker Marfrig (MRFG3.SA: Quote, Profile, Research, Stock Buzz) issued a statement on Friday saying the company has no leveraged positions in derivatives.
Rogerio Zarpao, a pulp and paper analyst at Unibanco, said clients are calling to ask the bank to map out companies with derivatives that may fall victim to the trading losses.
"Investors are right to be worried. It's a red flag," said Lucy Sousa, president of Brazil's Association of Capital Markets Analysts. "We will all look at companies that have businesses abroad and that are used to doing transactions in derivatives." (Additional reporting by Reese Ewing and Alberto Alerigi in Sao Paulo; Editing by Brian Moss)

O outro lado da ajuda de US$ 700 bilhões do governo dos Estados Unidos a Wall Street

Infomoney
29/09/2008

Não é todo dia que se vê o governo dos EUA comprando US$ 700 bilhões de ativos deteriorados das principais instituições financeiras de Wall Street. Embora ainda carente de devida aprovação do Congresso, a medida é um marco no sistema financeiro não somente norte-americano, mas global. Em pleno século XXI, o intervencionismo estatal é amplamente presente sobre os mercados.
É fato que em tempos prósperos, a mão do Estado quase nunca é bem-vinda. Mas em momentos de crise como o atual, investidores e CEOs (Chief Executive Officers) enxergam o governo como uma tábua de salvação. O subprime não foge à regra. Contudo, a atuação do Fed, do Tesouro e de outras entidades da Casa Branca vêm se mostrando ativa como há muito não se via.
Se aprovado, o pacote deve promover uma antecipação do fim da crise. "É o começo do término das turbulências", chegaram a afirmar analistas na semana passada. Não à toa, os mercados reagiram com ganhos históricos. Todavia, a operação tem também seus efeitos sobre a macroeconomia norte-americana. E nem todos eles são benéficos.
Arcando com o pacote
Os dispêndios com a manobra impressionam. Para se ter uma idéia do que são US$ 700 bilhões, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no quarto trimestre do ano passado somou US$ 679,583 bilhões. Isto para não falar nas injeções de liquidez e nas aquisições da Fannie Mae, Freddie Mac e AIG, entre outras medidas paliativas.
Tamanho montante não se cria de um dia para outro. De acordo com projeções do mercado, os contribuintes norte-americanos deverão arcar com até US$ 200 bilhões dos US$ 700 bilhões previstos no pacote, um peso considerável. Se as instituições de Wall Street, com todo o seu poder financeiro, já se encontram em apuros, que dirá do norte-americano de classe baixa ou média.
A situação é particularmente complexa quando colocada em seu contexto político: a iminência das eleições presidenciais. O pacote pode abalar ainda mais a já desgastada imagem de George W. Bush e, conseqüentemente, impactar a campanha do candidato republicado, John McCain.
Rombo fiscal
Há ainda os US$ 500 bilhões restantes. Ainda que o Tesouro dos EUA amplie a oferta de títulos no mercado a fim de angariar recursos para financiar o plano de socorro às instituições financeiras, cortes deverão ser conduzidos no orçamento governamental, especialmente em áreas sociais. Mais um ponto negativo para a imagem dos republicanos à véspera das eleições.
Paralelamente, as intervenções cada vez mais freqüentes do governo tendem a agravar ainda mais a situação fiscal norte-americana. No acumulado do ano fiscal de 2008, iniciado em outubro do ano passado, as contas públicas do país apresentam um rombo de US$ 483,354 bilhões até agosto. No mesmo período de 2007, o déficit foi consideravelmente menor, de US$ 274,393 bilhões.
Isto para não falar no chamado "risco moral". Quais os critérios para determinar qual ativo deve ser resgatado e qual não? Ademais, instituições financeiras até então resistentes à crise, com boas gestões e times administrativos, ficariam a ver navios, enquanto que firmas que tomaram mais riscos do que deviam receberão bilhões do governo. Algo, no mínimo, um tanto quanto injusto.
Cenário desastroso
Ainda assim, os defensores do plano orquestrado por Henry Paulson e Ben Bernanke acreditam que as conseqüências de uma passividade por parte do Federal Reserve e do governo norte-americano frente à crise seriam muito maiores e mais graves do que os custos do socorro a ser prestado, principalmente por conta da perspectiva de uma crescente falta de liquidez no mercado.
Sem conseguir efetuar suas captações regulares, companhias poderiam suspender pagamento de dívidas, contas e até mesmo de suas folhas de pagamentos. Sem salário, norte-americanos suspenderiam a prestação de impostos e tributos, deteriorando ainda mais a situação fiscal dos EUA, que paralelamente, teria que arcar com uma brusca elevação nos pedidos de ajuda financeiro, como os auxílio-desemprego.
Um cenário desastroso, marcado por uma profunda crise de confiança entre as instituições muito mais complexa de ser posteriormente revertida. Ademais, analistas acreditam que o montante de US$ 700 bilhões talvez nem venha a ser gasto inteiramente pelo governo, uma vez que mais de US$ 600 bilhões já foram reportados por instituições na forma de baixas contábeis.