segunda-feira, 23 de março de 2009

EUA voltam a crescer até o fim do ano, diz Casa Branca

Agencia Estado
23/03/2009
A recuperação econômica dos Estados Unidos será vista até o fim do ano, declarou neste domingo a presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Christina Romer, a dois canais de TV norte-americanos. O Departamento do Tesouro se prepara para anunciar, no início da semana, seu plano contra os ativos tóxicos dos bancos. "As expectativas do Executivo, como as dos analistas no setor privado, são de que chegaremos ao fundo do poço este ano, mas até o fim deste ano mesmo teremos começado a crescer de novo", declarou Romer à rede CNN.
"Veremos todos os sinais de que a economia começa a subir", garantiu ela à Fox News. Até agora, essa foi a previsão mais otimista sobre a recuperação da economia norte-americana anunciada por um membro do governo. O presidente Barack Obama passou o domingo reunido com assessores na residência de Camp David, preparando-se para a divulgação dos planos de revisão a longo prazo do fragilizado sistema financeiro do país.
Em declarações ao programa Face the Nation, da CBS, o assessor econômico da Casa Branca, Austan Goolsbee, confirmou que o projeto será anunciado amanhã. Obama deve ainda promover esta semana a aprovação de sua proposta orçamentária, avaliada em US$ 3,6 trilhões. Diminuir os ativos tóxicos, avaliados em cerca de US$ 1 trilhão, é considerado fundamental para a recuperação do sistema financeiro, já que atualmente atrapalham os balanços dos bancos e impedem que entidades financeiras concedam crédito normalmente.

CVM quer debate sobre abertura da remuneração de executivos

Valor Econômico
23/03/2009
"Vemos muito mérito na nossa proposta, mas também vemos razoável mérito no argumento de que isso possa causar um ônus exagerado para os profissionais de companhias abertas." Foi assim que a Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) respondeu aos questionamentos sobre a polêmica em torno da solicitação da autarquia de que as empresas passem a divulgar detalhes sobre a remuneração de seus executivos individualmente, a partir de 2011.
A determinação da abertura de tais informações está na minuta da instrução que substituirá a 202, cuja consulta pública termina na próxima semana, dia 30.
O tema tem gerado debate acalorado e tirado o sono de administradores de empresas abertas. Boa parte das entidades de mercado tem um posicionamento contrário à proposta, defendendo apenas o detalhamento da remuneração por órgão de administração - conselhos e diretoria - e a exposição da política de pagamentos.
"Assinamos uma proposta que achamos bastante necessária", afirmou Maria Helena. Em seguida, porém, ela enfatizou a importância do debate do assunto, o que espera ocorrer durante a consulta. A presidente da CVM chamou atenção também para a questão cultural, do hábito de não se expor os salários no Brasil.
Maria Helena, porém, não quis antecipar qual deverá ser o posicionamento final da CVM. "Queremos o debate." Ela negou que a autarquia tenha feito tal proposta já mirando uma transparência menor ao que pediu, mas muito maior ao que existe hoje.
Atualmente, as empresas se limitam a informar o valor global da remuneração, sem especificação por grupo de executivos ou divisão entre a parcela fixa e a variável. Até quinta-feira da semana passada, a autarquia havia recebido apenas três comentários à proposta, que contém a completa reformulação de forma e conteúdo das informações anuais entregues pelas empresas abertas ao regulador.
Na opinião de Maria Helena, a parte mais relevante da discussão diz respeito à utilidade da informação individualizada dos ganhos dos executivos. "Não queremos causar um ônus sem que haja um benefício correspondente."
Na própria apresentação da minuta, a CVM manifesta seu desejo de que esse tema, em especial, seja comentado durante a audiência com o público. Além disso, questiona a validade de propostas alternativas, como a divulgação individual da remuneração apenas para os três executivos mais bem pagos das companhias.
A presidente da CVM afirmou que a edição da versão final da norma não tomará tempo adicional, a exemplo do que ocorreu com a consulta pública, que durou três meses - o tempo normal é de 30 dias. "Essa regulação é prioridade e passará na frente de outras. Até mesmo porque exige modificação no sistema de informatização."

Crescimento zero é ‘melhor dos mundos’ para o Brasil, diz analista

Relatório da Fitch mostra rápida deterioração da economia brasileira. País não está melhor, mas sim na média, da expansão da América Latina
G1 / Fernando Scheller
23/03/2009
O Brasil, que cresceu 5,1% em 2008 e previa, até pouco tempo, alta de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, está rapidamente se adaptando à nova realidade recessiva da economia mundial, segundo Shelly Shetty, diretora sênior da agência de risco Fitch, com sede em Nova York. Ao lado: BC dos EUA diz que retomada começa ainda este ano De acordo com a analista, o crescimento zero previsto para o país no relatório da agência divulgado nesta semana é possível apenas na “melhor das hipóteses”. Para Shelly, a forte queda do PIB brasileiro no 4º trimestre do ano passado – retração de 3,6% – mostrou que a economia nacional já sofre fortemente com os sintomas da crise mundial. A diretora da Fitch afirma que a contração no 4º trimestre chegou a setores-chave da economia brasileira, afetada pela redução de preços das commodities (que ainda dominam a pauta de exportações brasileira), pela restrição ao crédito, pelo aumento da desconfiança do consumidor e pela desaceleração do setor industrial.
Por isso, explica a analista, o Brasil, apesar de ser uma economia de maior porte, não tem melhores perspectivas que as demais na América Latina. Ela explica que a retração econômica média de 0,9% esperada para os países latino-americanos está relacionada ao resultado do México, que deve ter contração de 2,5%, e não a uma melhor situação do Brasil. “O México é afetado de forma desproporcional pela crise nos Estados Unidos."

Brasil não deveria contar com Washington para sair da crise, diz 'WSJ'

Jornal americano diz que é melhor para Lula fazer reformas internas do que colocar esperanças no consumidor americano.
BBC
23/03/2009
O Brasil não deveria depositar suas esperanças para sair da crise econômica global nos Estados Unidos, de acordo com artigo publicado nesta segunda-feira no jornal americano The Wall Street Journal (WSJ).
A colunista Mary Anastasia O'Grady, que integra o conselho editorial do diário especializado em finanças, disse que o Brasil se tornou uma "potência exportadora" na última década e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é hoje "um dos defensores mais ardentes do livre comércio global", mas as condições do mercado americano não são favoráveis.
"Atingido pela queda no preço dos imóveis, o consumidor americano abandonou a compra frenética e começou a economizar. Isto reduziu a demanda e não há muito que o Brasil possa fazer", disse o artigo.
O'Grady disse que Lula deveria usar sua posição de força como presidente para "impulsionar uma reforma dos pesados encargos fiscais do Brasil, que prejudicam a criação de empregos, ao invés de colocar suas esperanças na ação do governo dos Estados Unidos para ressuscitar o consumidor".
A colunista se mostrou impressionada com a palestra que o presidente brasileiro fez em uma conferência para investidores patrocinada pelo Wall Street Journal em sua visita a Nova York na semana passada. "Se a tarefa de um líder durante uma crise é inspirar confiança então (...) o presidente Lula da Silva estava fazendo horas extras."
Durante a palestra, Lula fez "algumas advertências sutis sobre como as coisas podem se tornar difíceis se os Estados Unidos continuarem a lidar mal com seu papel de liderança financeira" no mundo.
O'Grady disse que o presidente brasileiro "tem razão".
"O Tesouro (americano) gastou centenas de bilhões de dólares com o Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês) mas a confusão (...) ainda está minando a capacidade de empréstimo das instituições financeiras", afirmou a colunista.
Ela critica as medidas que o governo americano vem tomando para estimular a economia e lidar com as instituições financeiras, e diz que há risco de o dólar sofrer uma grande desvalorização.
Isso pode elevar o preço das commodities que o Brasil exporta, pelo menos em termos nominais, "mas não é uma receita para restaurar a saúde da economia que o Sr. da Silva diz ser tão necessária para o crescimento global", conclui o artigo.

Mexico's central bank cuts rates, eyes Fed swaps

Fri Mar 20, 2009 5:27pm ED
By Jason Lange and Michael O'Boyle
MEXICO CITY, March 20 (Reuters) - Mexico went on the offensive on Friday to counter a sharp economic downturn, slashing interest rates to jump-start growth and pledging to activate a line of credit with the U.S. Federal Reserve.
The central bank lowered its key interest rate by 75 basis points to 6.75 percent, surprising investors who had expected a repeat of a tepid 25-basis-point cut ordered in February.
Mexico's exports have collapsed as U.S. consumers buy fewer cars, televisions and other products made in Mexican factories, which have laid off hundreds of thousands of workers.The bank hopes lower borrowing costs will stem some of the bleeding and reverse the contraction in the economy.
The bank also toned down its concerns about inflation, which is running near a seven-year high, and suggested it was planning more interest-rate cuts.
"The direction is clear" for monetary policy, Central Bank Governor Guillermo Ortiz said in a radio interview from a banking convention in the Mexican resort of Acapulco.
The peso MEX01 strengthened on the rate cut, firming 0.52 percent to 14.1945 per dollar, while the benchmark IPC stock index .MXX fell 1.19 percent as the Federal Reserve's plan to rekindle consumer and small business lending fell short of expectations.
Ortiz said the slowing economy was significantly lowering inflationary pressures.
Mexico's central bank slowed the pace of its rate cuts last month after a 50-basis-point reduction in January as it worried that a steep fall in the peso's value was fueling inflation. The bank repeated those concerns on Friday in its monthly monetary policy statement, but noted market turbulence had eased recently.
"The central bank has woken up to the reality that the economy is so weak that its worries about inflation right now were a mistake," said Pedro Tuesta, an economist at 4Cast consultancy.
Deputy Finance Minister Alejandro Werner said on Thursday that Mexico's economy could shrink as much as 1.9 percent in 2009.

Brazil Shouldn't Count on Washington

Wall Street Journal
2009/03/23
By MARY ANASTASIA O'GRADY
If a leader's job during a crisis is to inspire confidence, then last week, on a visit to New York, Brazilian President Lula da Silva was working overtime.
Yet sprinkled between the marketing pitch to investors and the requisite socialist pledges to drive toward greater redistribution of income, Mr. da Silva also issued some subtle warnings about how difficult things might become if the U.S. further mishandles its financial leadership role.
Speaking to an investor conference sponsored by The Wall Street Journal, Mr. da Silva did his best to accentuate the positive. He noted that Brazil's debt to gross domestic-product (GDP) ratio is now 35% (a level not seen since 1978) and that "capital inflows have been going against the global tide."
More broadly, he talked of how the middle class, the domestic market and exports have all expanded under his guidance. Though the financial crises of the 1990s emanating from Mexico, Asia and Russia were all less severe than this one, Brazil is doing much better this time around, the president said.
The lunch crowd at the Plaza Hotel seemed to approve of the message, and perhaps the messenger even more. A former metal worker and union organizer, Mr. da Silva terrified investors with his fiery antimarket rhetoric in Brazil's 2002 presidential campaign. But since taking the helm in January 2003, he's earned a reputation for pragmatism.
He has become one of the world's most ardent defenders of global free trade. Once renowned for its periodic hyperinflationary bouts, Brazil now enjoys relative price stability, and Mr. da Silva, who adopted former President Fernando Henrique Cardoso's anti-inflation stance, deserves credit. Yet stability without growth doesn't get a poor country very far; that's why there's still plenty to fret about. Lula fretted out loud about some of it at a breakfast with Journal editors before the conference.
Brazil has become an export powerhouse over the past decade, and the main impediment to growth this year will be the collapse of global trade. This is showing up in falling industrial production, which contracted 12% in December. It was the largest drop in the 17 years that the government has been recording the data. Mr. da Silva says the economy will still grow this year, but a number of independent analysts forecast a contraction.
Global deleveraging is the main problem. Battered by the drop in housing prices, the American consumer has withdrawn from frenzied buying and has begun saving. This has reduced demand, and there is not much to do about it from Brazil. Mr. da Silva would be better off using his bully pulpit to push for a reform of Brazil's cumbersome tax code, which damps job growth, rather than pinning his hopes on U.S. government action to resuscitate the consumer.
But it is also true that there has been a contraction in trade financing. This is because, as bad assets have weakened the balance sheets of large global institutions and destroyed their capital bases, bankers have pulled in their horns. Citigroup, for example, was one of the leaders in trade financing in the region, and Brazil may be feeling the pinch from Citi's troubles.
Mr. da Silva sees a parallel to Japan in the 1990s, with its zombie banks unable to restore lending. The world, he warned, cannot afford to have the same thing happen in the U.S. because the U.S. plays a crucial role in the global economy. Translation: Washington has dropped the ball on dealing with the problem in the financial crisis -- bad assets. Will someone please pick it up?
He has a point. Treasury has spent hundreds of billions of dollars through its Troubled Asset Relief Program (TARP), but the distressed asset mess is still undermining the lending capacity of financial institutions.
What is more, the public now appears fed up with "bailouts" and "earmarks" and doublespeak from Washington. When Treasury finally gets around this week to asking taxpayers to open their wallets to fund the long-awaited "public-private" solution to the toxic asset quandary, Congress may balk. What then?
There is no small irony in the fact that the socialist president of Brazil is now smarting from too much government intervention in the U.S. Had financial institutions been told months ago that rescue is not an option, things would be different. Instead of waiting for the Treasury, they might have begun deconstructing bundled assets to figure out their worth and how to raise new capital. Allowing illiquid assets to be priced using cash-flow analysis for regulatory purposes months ago would have helped too. The government could even have acted as lender of last resort, with stipulations on dividends until the loans were repurchased.
None of that happened, and now the Federal Reserve is being instructed to paper over the problems. In the process it risks crashing the dollar. That may boost the prices of Brazil's commodity exports, at least in nominal terms, but it's not a recipe for restoring to health the economy that Mr. da Silva says is so necessary to global growth.