segunda-feira, 2 de junho de 2008

Energia no Brasil é vulnerável a aquecimento, afirma estudo

Invertia
02/06/2008
Menos atraente dos leilões de energia até agora, o bagaço de cana poderá ganhar status de estrela na geração de energia no final deste século, já que a cana-de-açúcar será a única fonte energética no Brasil que não sofrerá impactos com o aquecimento global.
Por outro lado, a energia eólica deve ficar restrita ao litoral e as hidrelétricas vão produzir menos do que hoje por redução das chuvas, assim como a soja deverá migrar para o Sul em busca de clima mais favorável.
Estas e outras conclusões estão no estudo encomendado pelo Reino Unido através do Global Opportunity Fund a professores e pesquisadores da Coppe, instituto de pós-graduação e pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, liderados por Roberto Schaeffer e Alexandre Salem Szklo, para avaliar o impacto das mudanças climáticas no sistema energético brasileiro no período 2071 a 2100.
"Trata-se basicamente de entender como o sistema energético brasileiro planejado para 2030 reagiria às novas condições climáticas projetadas para o período que vai de 2071 a 2100", explica em sua introdução o trabalho que levou oito meses para ficar pronto.
A vulnerabilidade encontrada, segundo Roberto Schaeffer, acende uma luz amarela em alguns programas do governo e investimentos privados, que deveriam ser repensados.
"O que o estudo chama a atenção é de que não adianta pensar mais em desenvolvimento do Brasil ou apostar fundo em certas regiões se você não começar a olhar a vulnerabilidade delas às mudanças climáticas, pode ser maior ou menor, mas provavelmente o futuro será pior do que hoje", explicou Roberto Schaeffer.
Ele citou projetos hidrelétricos na Amazônia, que estão sendo apontados como a solução para o País - rio Madeira, Belo Monte - como exemplo de uma possível frustração futura diante das mudanças climáticas.
"Há tendência da Amazônia savanizar, ou seja, ficar mais seca, e o Nordeste que já é semi-árido vai ficar mais árido", afirmou.
Nem os ventos escapam das mudanças no clima, segundo o estudo, apontando para uma tendência de migração da produção eólica do interior para o litoral, limitando o crescimento dessa indústria.
"O Brasil tem potencial eólico muito grande, mas muito disperso. A gente mostra (no estudo) que esse potencial grande acaba e fica muito concentrado na costa, vamos ter ventos 30% a 60% menores do que temos hoje", informou.
Outro problema será enfrentado pelas culturas de soja e outras oleaginosas usadas para a produção de biodiesel, que terão que buscar o Sul do país se quiserem continuar existindo.
"Um programa de biodiesel, por exemplo, que era pensado em questões familiares, pequenas propriedades, é uma questão que não dá para assinar em baixo ainda, mas a vulnerabilidade é muito grande e os estudos estão apontando que dendê, soja, mamona etc não vão nascer no Nordeste", afirmou.
Já a cana ganharia mais áreas para ser plantada, por gostar de calor, e o bagaço, hoje praticamente desprezado para gerar energia, poderia compensar as perdas hidrelétricas. "O bagaço pode assumir um papel importante que ele não tem hoje", afirmou.

Desafios da diplomacia sul-americana

Marcelo de Paiva Abreu
02/06/2008
A política externa brasileira na América do Sul enfrenta hoje dois desafios, um ao Norte, outro ao Sul. O primeiro tem que ver com as fricções entre Colômbia e seus vizinhos, ameaças à integridade territorial na Amazônia e as fanfarronices de Hugo Chávez. Talvez a atenção se tenha indevidamente concentrado neste desafio e deixado de lado outro que é ainda mais grave: o aprofundamento das contradições entre os interesses brasileiros e a manutenção do Mercosul na sua situação atual, com a Argentina à beira de outra grave crise.Quanto ao Norte, tem ganho corpo a idéia de que o incidente de fronteira entre a Colômbia e o Equador teria marcado uma guinada do governo Lula, com o fortalecimento da diplomacia profissional em detrimento dos entusiasmos bolivarianos que emanam de assessores presidenciais. Trata-se de simplificação indevida de realidade mais complexa. O Itamaraty tem tradição de competência em muitas áreas. Uma delas é na construção de versões que valorizam suas iniciativas e minimizam a importância dos momentos menos felizes de sua atuação. Muitas vezes há confluência de interesses na ornamentação da história institucional com interesses de embelezamento autobiográfico, com o primeiro objetivo legitimando o segundo. A versão da troca de bastão, do Palácio do Planalto para o Itamaraty, cumpre o objetivo de embelezar a ação do Itamaraty, antes da crise, e também algumas biografias. Tem base na idéia de que teria sido natural - até o incidente Colômbia-Equador - que a diplomacia profissional aceitasse de bom grado ceder esferas de influência a assessores com acesso privilegiado aos ouvidos do presidente.Por que será que o Itamaraty não defendeu com mais pertinácia, antes da crise, a adoção de atitude mais profissional e alinhada com os interesses nacionais de longo prazo? Suspeita-se que a resposta tenha que ver com o fato de que segmentos substanciais da Casa tinham simpatias bolivarianas e embarcaram alegremente na canoa do chavismo. E que os equívocos da política externa brasileira na América do Sul até a pretensa guinada não devam ser lançados exclusivamente à conta das maléficas influências extra-Itamaraty.Supondo que pirotecnias primitivas ao estilo União das Nações Sul-Americanas (Unasul) possam ser capazes de conter temporariamente as tensões no Norte da América do Sul, e que o presidente Lula de fato faça ouvidos moucos à ladainha dos bolivarianos tupiniquins, os esforços diplomáticos mais sérios do Itamaraty deveriam ser direcionados para preservar as relações do Brasil com a Argentina da crescente ameaça de deterioração. Para desapontamento dos defensores brasileiros do modelo argentino de calote-com-desenvolvimentismo, a situação econômica da Argentina está apontando para outra crise, de novo combinando inflação alta com fraco crescimento econômico.É difícil exagerar o contraste, hoje, entre Argentina e Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto político. Na Argentina, o período de crescimento muito rápido com o uso de capacidade ociosa dá mostras de chegar ao fim. Desde 2002, a economia argentina vem crescendo a taxas superiores a 8%. Em relação ao pico de 1998, entretanto, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino cresceu à taxa anual de apenas 2,2%, ainda menor do que os medíocres 2,8% do Brasil. Para escolher o “modelo” argentino seria preciso ter preferência por menor crescimento com maior variância e calote, algo dificilmente classificável como racional. Tarifas de energia subsidiadas, somadas à falta de expansão de capacidade, têm levado a “apagões” de todo o tipo, com efeitos sobre níveis de investimento e de atividade. As exportações agrícolas estão 250% acima do nível de 2002, mas, apesar disso, o governo, ao aumentar o nível de “retenções” das receitas de exportação, provocou enfrentamento com os exportadores e restrições de oferta. O governo continua manipulando os índices de preço, enquanto a inflação verdadeira provavelmente excede 20% ao ano.Em contraste, o Brasil, embora dê sinais de pressões inflacionárias, desregramento fiscal e deterioração das contas externas, acumula elogios de analistas e manifestações de interesse de investidores. Obtém investment grade e ameaça tornar-se produtor importante de petróleo. Enquanto a popularidade de Lula beira os 60%, a de Cristina Fernández mergulhou 30 pontos, para alcançar 26%.A tarefa de vender ao mundo a idéia de que negociar com o Brasil significa, em muitos casos, incluir o restante do Mercosul é árdua. Tais dificuldades podem ser ilustradas por negociações em andamento. O corolário da incapacidade de o Mercosul definir uma Tarifa Externa Comum sem extensa lista de exceções é que, nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a União Européia, por exemplo, a apresentação de propostas pouco realistas que incluem exceções tarifárias de todos os membros na negociação de produtos sensíveis.Nesse quadro, é irrealista considerar, com seriedade, divagações, mesmo que presidenciais, sobre política macroeconômica comum, moeda comum e quase qualquer coisa comum. Ao mesmo tempo, é necessário reconhecer o papel central que devem ter relações políticas sólidas com a Argentina. O Itamaraty deve conceder prioridade absoluta ao aprofundamento e à reformulação do atual arranjo de integração regional rumo a uma fórmula que ao mesmo tempo evite hostilizar a Argentina e amplie o raio de manobra para que o Brasil negocie extra-Mercosul - para minimizar a tentação de escolher entre o mundo e o Mercosul.

Brasil e Argentina firmam acordo automotivo até 2013

Reuters / César Illiano
02/06/2008
Brasil e Argentina anunciaram na sexta-feira um acordo que mantém um sistema de comércio bilateral regulado de automóveis até 2013, quando o intercâmbio ficará liberado.
Segundo o acordo, assinado pelo secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento brasileiro, Ivan Ramalho, indica que a Argentina poderá exportar 2,5 dólares por cada carro importado, enquanto o Brasil poderá exportar 1,95 dólar para cada dólar importado da Argentina.
O governo argentino disse em um comunicado que foi assinado "um acordo de 6 anos, com monitoramentos trimestrais para avaliar as variáveis de investimento, produção e comércio. Ao cumprir-se o quinto ano, em julho de 2013, se ingressará em uma etapa de comércio setorial sem restrições".
No primeiro quadrimestre do ano, a Argentina exportou 1,098 bilhão de dólares em veículos automotores, contra 660 milhões no mesmo intervalo de 2007, segundo dados oficiais.
Em contrapartida, o Brasil exportou à Argentina entre janeiro e abril 895 bilhões de dólares em veículos, contra 595 bilhões no mesmo período do ano passado.
O comércio automotor entre os dois países, os maiores sócios do bloco aduaneiro do Mercosul, tem sido regulado desde a década passada pela intenção da Argentina de fazer frente ao gigantesco aparato produtivo do Brasil.

Pedir fim do etanol do Brasil é irresponsável, diz relator da ONU

BBC Brasil / Daniel Gallas
02/06/2008
O novo relator especial da ONU para o Direito ao Alimento, Olivier De Schutter, disse em entrevista à BBC Brasil que pedir o fim do programa de álcool no Brasil seria "socialmente irresponsável".
"(O setor) provém empregos para pequenos produtores e para trabalhadores rurais, então eu acho que seria socialmente irresponsável pedir que esse programa seja terminado", disse Schutter.
O relator, porém, se diz preocupado com as condições de trabalho nas plantações de cana e diz que houve superestimação dos benefícios ecológicos do que prefere chamar de "agrocombustíveis".
Schutter também se distanciou de declarações e propostas de seu antecessor, Jean Ziegler, que deixou o cargo em abril e era considerado um dos principais opositores dos biocombustíves dentro da ONU.
Ziegler chegou a propôr uma moratória na produção de biocombustíveis, que classificou de "um crime contra a humanidade".
"Eu não concordo nem com a declaração, nem com a proposta", disse Schutter.
Na próxima semana, Schutter participará da Conferência da FAO (agência da ONU para agricultura e alimentos) em Roma, que terá presença de vários chefes de Estado, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Confira abaixo a entrevista de Olivier De Schutter à BBC Brasil:
BBC Brasil - Como o senhor avalia a reação da comunidade internacional para a crise do preço dos alimentos?
Olivier De Schutter - Eu acho que há sinais encorajadores e também fontes de preocupação. Os sinais encorajadores são o fato de que as agências da ONU estão coordenando os seus esforços e aliando os seus esforços com os do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio.
Existem, no entanto, diversas fontes de preocupação. Um problema é que a dimensão dos direitos humanos desta crise está sendo negligenciada.
Minha preocupação é também que determinados temas são uma espécie de tabu ou subestimados. Um deles é o papel da especulação na crise atual. O fato de que muitos fundos de investimento estão se mudando em massa dos mercados de ações para não só mercados de petróleo desde 2002 e 2003, e agora para o mercado de commodities primárias e de comida.
Esse papel perverso da especulação financeira na crise, que muitos analistas acreditam que responde por um terço do atual aumento de preços em um ano, é algo que no momento simplesmente não está sendo administrado.
Finalmente o que também não está sendo administrado é o papel das corporações nos sistemas de produção e distribuição de alimentos. As corporações nas duas pontas da cadeia – as que produzem e as que processam alimentos – e também as empresas varejistas que vendem os alimentos para os consumidores estão conseguindo lucros muito importantes, não apesar do atual aumento dos preços, mas justamente graças a esse aumento.
E é uma fonte específica de preocupação que esses aumentos de preços não estão beneficiando pequenos produtores por causa da falta de poder de mercado deles para negociar seus preços com as corporações maiores. Esse é outro tema que eu acho que a comunidade internacional precisa administrar de forma muito mais decisiva.
BBC Brasil - Qual é o papel dos biocombustíveis na crise atual, na sua avaliação?
Schutter - Eu acho, como muitos acreditam, que este é um dos fatores-chave para explicar a crise atual. E, é claro, é muito difícil definir precisamente qual é o percentual do aumento dos preços que isso (o biocombustível) é responsável. Especialmente desde que o aumento na produção dos agrocombustíveis está muito intimamente ligado ao aumento no preço do petróleo, que também é isoladamente um dos fatores que tem provocado a alta do preço dos alimentos.
Eu compartilho a visão de muitos analistas de que o aumento da produção de agrocombustíveis pode responder entre 15% a 30% do aumento do preço (de alimentos) desde 2007 e 2008. Seria necessário distinguir com muito cuidado entre as diferentes produções de agrocombustíveis. E eu não penso que o impacto de se produzir bioetanol a partir da cana-de-açúcar no Brasil, o que tem sido feito há 30 anos, poderia ser colocado no mesmo plano que a transformação do milho em bioetanol nos Estados Unidos, ou das metas muito ambiciosas que a União Européia estabeleceu para o uso de agrocombustíveis em transportes.
Isso deu um sinal muito claro para especuladores de que os preços dos alimentos vão continuar aumentando, porque mais colheitas serão usadas para desenvolver bioetanol e biodiesel, ou, pelo menos, que mais terras aráveis serão deslocadas da produção de comida para a produção de combustível.
BBC Brasil - O relator anterior da ONU para o direito ao alimento, Jean Ziegler, quando estava no cargo, classificou como "um crime contra a humanidade o deslocamento de terras aráveis para a produção de colheitas que são queimadas como combustíveis". E ele propôs uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis. O senhor concorda com essa declaração dele e essa proposta?
Schutter - Eu não concordo nem com a declaração, nem com a proposta. Mas eu acho que a expressão "crime contra a humanidade" foi apenas uma forma mais gráfica – e obviamente incorreta – para expressar a preocupação do relator especial anterior sobre este tema.
Quanto à moratória de cinco anos, eu acho que é uma medida generalizadora e que não é suficientemente cuidadosa com os diferentes tipos de agrocombustíveis. Por exemplo, na Índia e na China, existem experiências muito interessantes com plantas como jatropha ou sorgo doce, que não competem com a produção de alimentos. Jatropha, por exemplo, pode ser plantada em áreas quase desérticas onde alimentos não poderiam ser cultivados. Sorgo doce produz comida e também alimento com partes diferentes da mesma planta.
O que eu pedi foi que se desista imediatamente das metas quantitativas que a União Européia e os Estados Unidos estabeleceram para si, que eu acredito que são irreais, nocivas ao ambiente e que servem de sinais para o mercado encorajando a especulação em commodities de alimentos.
BBC Brasil - Então, na questão de biocombustíveis, o senhor diria que o Brasil e a Índia estão no caminho certo com os seus programas de etanol e biodiesel, enquanto Estados Unidos e Europa estariam no caminho errado com as suas metas?
Schutter - Não, eu não digo isso. Eu diria que no Brasil os problemas são diferentes daqueles que temos nos Estados Unidos e na União Européia. E eu não acredito que seja pensável, realista ou até mesmo desejável simplesmente fingir que podemos reverter o relógio neste tema. Cinqüenta e quatro por cento da cana-de-açúcar produzida no Brasil é para bioetanol e eu não acredito que seja realístico simplesmente interromper isso imediatamente.
Além disso, esta é uma indústria que emprega muito intensivamente, ela provém empregos para pequenos produtores e para trabalhadores rurais, então eu acho que seria socialmente irresponsável pedir que esse programa seja terminado.
No entanto, eu devo enfatizar que as condições sociais que estes trabalhadores enfrentam nas plantações de cana são extremamente preocupantes e que, apesar de o equilíbrio ambiental da cana-de-açúcar produzida no Brasil não ser tão ruim quanto o do milho ou do dendê, por exemplo, o equilíbrio ambiental ainda não é tão positivo quanto se pode esperar. E é por isso que eu prefiro usar o termo "agrocombustíveis" do que "biocombustíveis".
Eu acho que as virtudes para a preservação do ambiente de agrocombustíveis foram vastamente exageradas. Nós negligenciamos os impactos no desmatamento, no uso da água e da energia e nós acabamos superestimando o benefício ambiental dos agrocombustíveis.
BBC Brasil - Na sua visão, qual seria um bom consenso internacional sobre biocombustíveis e um bom resultado da Conferência da FAO em Roma?
Schutter - A minha esperança é que este seja o começo do processo. Mas a declaração que está sendo esboçada é, francamente, muito superficial e não vem acompanhada de um calendário específico, plano de ação ou metas quatitativas.
Eu acho que esta conferência é importante porque pela primeira vez os Estados estão realmente falando em alto nível um com ou outro, em um momento em que as diferentes reações têm atrapalhado os esforços isolados.
Por exemplo, alguns Estados estão restringindo as exportações de commodities de alimento, como o arroz e o trigo, enquanto outros Estados estão tentando comprar no mercado internacional por preços que são extremamente altos, devido justamente às restrições de importações. Os Estados não estão se coordenando entre si e isso levou para mais especulações.
(A Cúpula de) Roma é extremamente importante porque dá um sinal de que os Estados vão se coordenar melhor no futuro, mas o conteúdo do que vai ser adotado, eu acho, vai decepcionar bastante as altas expectativas que algumas pessoas têm no processo.
BBC Brasil - Que impacto o senhor acha que a crise atual terá – se ela continuar como está – especificamente no Brasil?
Schutter - Eu acho que o Brasil está em uma posição bastante interessante, porque ele adotou em 2006 uma legislação interessante sobre direito à alimentação. Ele montou o programa Fome Zero, ele tem uma Bolsa Escola bastante ambiciosa. Por esses motivos eu acho que a população brasileira, apesar das desigualdades muito grandes que infelizmente ainda existem, está muito melhor protegida do que outras populações.
Países que não têm programas deste tipo – e este é o caso infelizmente de muitos países da África Subsaariana – verão suas populações sofrerem bastante com o impacto desta crise. Com sorte no Brasil, assim como na Índia, as redes de segurança estão no lugar certo para de certa forma proteger o povo.

Brazil Central Bank Will Raise Rates This Week, Estado Reports

By Jeb Blount
June 1 (Bloomberg) -- Brazil's Central Bank will raise the country's benchmark target interest rate this week in an effort to limit consumer demand and inflation, the Estado de S. Paulo daily newspaper reported citing an unnamed government official.
Consumption by Brazilian families grew 8.6 percent in the last quarter of 2007 and the bank would like to reduce that growth to about 6 percent, the newspaper said.
The rate of purchases by families is growing faster than the economy, which expanded at 5.4 percent last year, raising the risk that the supply of products will fall short of demand, causing prices to soar, Estado reported.
The rate increase could be as much as 0.75 percentage point to 12.50 percent from 11.75 percent, the newspaper said, citing analysts. The median estimate of 19 economists surveyed by Bloomberg News is for rates to rise June 4 by half a percentage point to 12.25 percent.

UPDATE 3-Brazil to raise primary surplus for sovereign fund

Fri May 30, 2008 6:16pm EDT
(Adds Meirelles' comment, paragraph 7)
SAO PAULO, May 30 (Reuters) - Brazil will increase its primary budget surplus by at least 0.5 percent of gross domestic product to help finance a new sovereign wealth fund, Finance Minister Guido Mantega said on Friday.
Speaking a day after Brazil won its second investment-grade credit rating, Mantega said the fund would start off with 13 billion reais ($8 billion) in assets, all in local currency, though at a later date the government could also buy dollars for the fund.
Mantega also said the additional savings from the increased primary surplus will help in the battle against inflation, easing pressure on the central bank to raise interest rates.
"If spending is high, monetary policy is conservative. Now it will demand less from monetary policy," Mantega told reporters in Sao Paulo, Brazil's business capital. "Monetary and fiscal policy are going to work hand-in-hand to contain inflation."
Brazil's central bank has long sought to control inflation by raising interest rates, a policy that often irks some government officials and business leaders.
Central bank chief Henrique Meirelles praised the initiative to boost savings in the public sector, saying in a statement it should help "accelerate the reduction the debt-to-GDP ratio and safeguard the financial balance of the state throughout the economic cycle".
Fitch Ratings, after upgrading Brazil, Latin America's largest economy, to an investment-grade rating on Thursday, had urged Brazil to raise its fiscal surplus to help fight inflation and rely less on interest rates. The ratings upgrade by Fitch came one month after a similar move by Standard & Poor's.
Despite recent media reports suggesting that President Luiz Inacio Lula da Silva was reluctant to move ahead with the plans for the sovereign wealth fund, Mantega said the bill to create it would be sent to Congress next week.
Brazil currently has a primary budget surplus target of 3.8 percent of GDP. Investors closely watch the primary budget surplus, which excludes interest payments on debt, as a gauge of the government's commitment to fiscal prudence.
"In reality, this represents an increase in the primary surplus target and that should improve the inflation outlook for 2008," said Alexandre Lintz, chief strategist in Brazil for BNP Paribas.
"This is positive. It shows that the government is not sitting still," he added.
Brazil's tax revenues have soared to one record after another so far this year, thanks to a booming economy, putting pressure on the government to formally increase the primary surplus to save for an eventual slowdown.
Mantega said the government was already taking advantage of the increase in revenues to save more. Indeed, in the 12 months through April Brazil's primary surplus was equal to 4.23 percent of GDP.
"One day, when economic activity eases, we'll have the funds to prevent the economy from slowing down," he said. ($1=1.626 reais) (Reporting by Aluisio Alves and Silvio Cascione; Writing by Todd Benson; Editing by Kenneth Barry and Leslie Adler)

Primeiro mundo agora depende dos emergentes, diz jornal

BBC Brasil
02/06/2008
O crescimento econômico dos emergentes causou uma inversão no mundo, tornando os países desenvolvidos dependentes dos emergentes, sugere um artigo publicado na edição desta segunda-feira do jornal Herald Tribune.
Assinado pelo colunista e editor do jornal, Roger Cohen, o artigo "O mundo está de cabeça para baixo", afirma que, para entender essa "inversão", é necessário lembrar que, no ano passado, os países emergentes foram responsáveis por dois terços do crescimento econômico global.
Segundo o jornal, uma das razões para essa mudança seria a alta nos preços de energia, commodities, metais e minerais, produzidos em sua maioria nos emergentes.
"Nós, espécies paleolíticas do mundo desenvolvido, somos presa fácil para os gigantes, nosso papel de predador se exauriu. Talvez em breve os Estados Unidos e a Europa precisem de toda a caridade que conseguirem ter", diz o artigo.
BrasilDe acordo com o Herald Tribune, para colocar essa inversão em foco, ajuda "estar no Brasil, onde o inverno chega com ao verão do hemisfério Norte, e o otimismo na economia , exuberante como sua vegetação, aumenta à mesma medida das retomadas de posse nos Estados Unidos".
"Descobertas de óleos, o boom do etanol da cana-de-açúcar, vastas reservas de terra, riqueza mineral e água fresca abundante contribuem para a vivacidade brasileira", diz o jornal.
Apesar de ressaltar os recursos naturais, o artigo afirma que a expansão no mercado interno está reforçando o crescimento. Para exemplificar esse cenário, o jornal destaca as estatísticas apresentadas pelos executivos da Petrobrás e da Vale no Fórum Nacional anual.
O artigo cita o anúncio de que a Petrobrás irá duplicar a produção de petróleo para 4,2 milhões de barris diários em 2015, comparados com os atuais 1,9 milhões.
Além disso, o jornal ressalta também as recentes aquisições da Vale, como a compra da canadense Inco e os investimentos da empresa direcionados ao mercado asiático.
"Em um mundo invertido, não só as economias em desenvolvimento tornaram-se forças dominantes nas exportações globais, no espaço de uns poucos anos, mas suas empresas estão se tornando jogadores importantes na economia global, desafiando os poderosos que dominam o cenário internacional desde o século 20", disse o economista e consultor brasileiro Cláudio Frischtak ao Herald Tribune.
MudançasDe acordo com o jornal, os países desenvolvidos ainda não perceberam as implicações das mudanças que estão acontecendo nessa inversão de poderes econômicos. "O século 21 não poderá ser conduzido com instituições do século 20", destaca o diário.
O artigo questiona ainda como os Estados Unidos irão lidar com essa polarização de poderes e como o novo presidente irá enxergar essa inversão.
"Menos óbvio é saber como os Estados Unidos, que garantem a segurança global a um grande custo, começarão a dividir esse ônus, para que a polaridade de riquezas seja refletida em uma polaridade de compromissos com a segurança", diz o texto.

Receita unifica procedimentos fiscais previdenciários

Receita Federal
02/06/2008
A Secretaria da Receita Federal do Brasil-RFB editou a Instrução Normativa nº 851/2008, possibilitando que os procedimentos fiscais previdenciários tenham o mesmo tratamento dado aos demais tributos administrados pelo órgão. A Instrução Normativa, publicada no Diário Oficial da União de ontem (30/05) e que alterou e revogou vários artigos da Instrução Normativa SRP nº 3, de 14/07/2005, representa mais um passo importante na unificação prática da RFB, resultado da junção das antigas Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Receita Previdenciária.
A medida regulamenta pontos da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, que criou a RFB, e que estabeleceu que os procedimentos fiscais e os processos administrativos-fiscais de determinação e exigência de créditos tributários referentes às contribuições previdenciárias passariam a ser regulados pelo Decreto nº 70.235/72, que estabelece o processo administrativo fiscal federal.

The World Is Upside Down

By ROGER COHEN
Herald Tribune
Published: June 2, 2008
For a while the world was flat. Now it’s upside down.
To understand it, invert your thinking. See the developed world as depending on the developing world, rather than the other way round. Understand that two-thirds of global economic growth last year came from emerging countries, whose economies will expand about 6.7 percent in 2008, against 1.3 percent for the United States, Japan and euro zone states.
The sharp rise in prices for energy, commodities, metals and minerals produced mainly in the developing world explains part of this shift. That has created the balance of payments surpluses fueling dollar-dripping sovereign wealth funds in the gulf and East Asia. They amuse themselves picking up a stake in BP here, a chunk of Morgan Stanley there, and why not a sliver of Total.
We of the developed-world Paleolithic species are fair game for the upstarts now, our predator role exhausted. The U.S. and Europe may one day need all the charity they can get.
To place this inversion in focus, it helps to be in Brazil, where winter (so to speak) arrives with the Northern Hemisphere summer, and economic optimism, as exuberant as the vegetation, increases at the same brisk clip as U.S. foreclosures.
Huge offshore oil finds, a sugarcane ethanol boom, vast reserves of unused arable land, mineral wealth and abundant fresh water contribute to Brazilian buoyancy. But natural resources are only part of the story. As in China and India, an expanding internal market is bolstering growth. So is increasing corporate sophistication and global ambition.
At the annual National Forum, a gathering of business leaders, I felt like a first-world pipsqueak as leaders of the national energy company Petrobras (bigger than BP, Shell and Total) and Companhia Vale do Rio Doce, or C.V.R.D. (the world’s second largest mining company), reeled off head-turning statistics.
Petrobras, which has spearheaded Brazil’s push to self-sufficiency from heavy dependence on imported oil 30 years ago, will more than double oil production to 4.2 million barrels a day in 2015 from 1.9 million barrels today.
“With the latest discoveries, the South Atlantic will become a huge oil producer,” predicted Jose Sergio Gabrielli de Azvedo, its chief executive.
Roger Agnelli of C.V.R.D. waved away the United States (“It’s full of debt”) to focus on the company’s ambitions in Asia. It was imperative to be there, he said, because that’s where growth, capital and ambition are. China, he noted, will account for 55 percent of iron ore consumption, 31.6 percent of nickel, and 42 percent of aluminum by 2012. Case closed.
Like many other big emerging-market corporations, C.V.R.D. has been on a buying spree. It’s not just sovereign wealth funds that are acquiring first-world companies these days. It’s the new giants of the NAN (Newly Acquisitive Nations).
Emerging-market mergers and acquisitions are up 17 percent this year to $218 billion, while for the rest of the world they’re down 43 percent to $991 billion, according to Thomson Reuters.
The 2007 Unctad World Investment Report said developing-world direct foreign investment totaled $193 billion in 2006, compared with a 1990s annual average of $54 billion. The U.S. 2006 figure was $216.6 billion.
C.V.R.D. bought Canada’s Inco, a nickel miner, for $17 billion in 2006. It came close to acquiring the Anglo-Swiss miner Xstrata for $90 billion this year. Just last week, India’s Vedanta Resources reached a $2.6 billion deal to buy U.S. copper miner Asarco.
That deal is being challenged by Grupo Mexico, creating a Latin-American-Asian fight for a U.S. company.
If you have trouble getting your mind around that, try standing on your head.
That’s also a good position from which to view India’s Tata Motors agreeing to buy Land Rover and Jaguar from Ford for $2.3 billion, or Tata Steel’s acquisition last year of the Anglo-Dutch Corus Group steel company for $12 billion.
Globalization is now a two-way street; in fact it’s an Indian street with traffic weaving in all directions.
“In an inverted world, not only have developing economies become dominant forces in global exports in the space of a few years, but their companies are becoming major players in the global economy, challenging the incumbents that dominated the international scene in the 20th century,” said Claudio Frischtak, a Brazilian economist and consultant.
A shift in economic power is under way to which the developed world has not yet adjusted. Of course the G-8 and the permanent membership of the U.N. Security Council need to be expanded to reflect this change. The 21st century can’t be handled with 20th-century institutions.
That’s obvious. Less obvious is how the United States, which underwrites global security at vast expense, begins to share this burden, so that the new multi-polarity of wealth is reflected in a multipolarity of security commitments.
Headstands are in order for the next U.S. president.