quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tese de "descolamento" do Brasil da crise foi destruída, diz FT

Copom mantém Selic em 13,75% e EUA fazem corte no juro

Fazenda diz que fim do IOF é temporário

Troca entre BC e Fed traz US$ 30 bi para reservas

Concessão de rodovias em SP vai garantir investimento de R$ 8 bi

Tese de "descolamento" do Brasil da crise foi destruída, diz FT

BBC Brasil
30/10/2008
A noção de que o mercado de capitais do Brasil está "descolado" do resto do mundo foi destruída nos últimos meses, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal britânico Financial Times.
O real se desvalorizou frente ao dólar e o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu para menos de 30 mil pontos na segunda-feira pela primeira vez em três anos, o que o tornou um dos cinco mercados mundiais com pior desempenho nos últimos seis meses, diz o jornal.
Analistas citados pelo FT associam a situação à influência de fatores externos e locais, como a queda no preço das commodities, fatores que parecem disfarçar, segundo o jornal, a crença de que o Brasil "está muito melhor posicionado para resistir a turbulências globais do que há uma década, quando chegou à beira do calote depois que as crises russa e asiática provocaram ataques contra sua moeda."
O jornal explica uma série de mudanças positivas ocorridas "desde então", dizendo que "o governo agora é credor líquido do resto do mundo" e que "a recente desvalorização do real, na verdade, reduz o peso da dívida soberana, em vez de elevá-la, como no passado".
Além disso, afirma o diário, "o Brasil tem cerca de US$ 200 bilhões em reservas de moeda estrangeira para se defender de ataques especulativos".
"Mas as reformas que produziram essa resistência maior incluíram uma reforma nos mercados de capital do Brasil que os deixou muito mais integrados com o resto do mundo do que antes."
O FT lembra que entre os anos de 2004 e 2006, cerca de 70% do dinheiro investido veio de fora do País, e com o desenrolar da crise, esses investidores "correram para retirar seu dinheiro".
"Desde junho, investidores estrangeiros já retiraram cerca de US$ 23,5 bilhões da Bolsa de São Paulo."
Mas para o FT, o governo agiu rápido para aliviar o medo causado pela queda no preço das commodities, a desaceleração do crescimento no Brasil e em todo o mundo no ano que vem, e o temor de que centenas de empresas brasileiras sofram prejuízos por ter apostado erroneamente no câmbio.
O jornal cita a liberação de crédito para empresas, o leilão de dólares e a compra de ações de bancos particulares por bancos estatais por parte do governo, como medidas para aliviar os efeitos da crise.
"Mas o sentimento dos investidores está, em última instância, a mercê de fatores que vão além do controle do governo", conclui a reportagem.

Para crescer, reforma tributária deve ser retomada, afirma Firjan

Terra
30/10/2008
Em resposta à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) afirmou nesta quarta-feira, por meio de comunicado, que os impactos da crise sobre a oferta de crédito apontam para a necessidade de se interromper o processo de alta da taxa de juros.
Para a Firjan, "o Brasil deve retomar o caminho das reformas estruturais, em especial a reforma tributária, de modo a dar maior sustentabilidade ao atual desenvolvimento nacional".
"Somente através da efetiva melhora do ambiente de negócios, via investimentos em infra-estrutura e aperfeiçoamento de marcos regulatórios, é que se promoverá o crescimento econômico e social brasileiro", concluiu a Firjan.

Fazenda diz que fim do IOF é temporário

Folha de São Paulo
30/10/2008
O fim do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para investidores estrangeiros e operações de crédito externo com moeda estrangeira não é permanente, segundo o Ministério da Fazenda. O secretário Bernard Appy disse ontem que o governo pode voltar a cobrar o imposto quando os efeitos da crise se dissiparem.
A alíquota do imposto era de 1,5% para investidores estrangeiros que aplicavam em títulos públicos e mercado de derivativos. E de 0,38% para operações de crédito em dólares. Foram mantidas as alíquotas para as demais operações de crédito, de até 3,38% para pessoa física e 0,38% para empresas.
A redução do tributo publicada hoje no "Diário Oficial" da União representará renúncia fiscal de R$ 50 milhões ao mês -apenas 2,7% da arrecadação com IOF no mês passado. Esse valor foi calculado com base nos dados do Tesouro Nacional de junho, quando o fluxo de investimentos estrangeiros em títulos públicos brasileiros estava elevado. Poderá, portanto, ser ainda menor. Para Appy, a redução foi feita para ampliar a liquidez de dólares no mercado e reduzir a cotação da moeda.

Copom mantém Selic em 13,75% e EUA fazem corte no juro

Gazeta Mercantil/1ª Página / Ana Cristina Góes
30/10/2008
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade interromper o ciclo de aperto monetário iniciado em abril e manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. A decisão ficou em linha com as expectativas do mercado.
"Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, em ambiente de maior incerteza, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, sem viés", informou o colegiado.
A manutenção da taxa interrompe a série de quatro altas consecutivas. Em abril, a taxa foi elevada de 11,25% para 11,75%. Em junho, saiu de 11,75% para 12,25% e em julho foi de 12,25% para 13%. Em setembro, a taxa atingiu 13,75%.
A decisão foi no mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) cortou o juro básico em 0,5 ponto percentual, para 1% ao ano.

Concessão de rodovias em SP vai garantir investimento de R$ 8 bi

Rodrigo Postigo
30/10/2008
O governo de São Paulo promoveu leilões da 2ª etapa do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo, que incluiu os corredores Raposo Tavares, Marechal Rondon Oeste e Leste, Ayrton Senna/Carvalho Pinto e Dom Pedro I, em um total de cerca de 1,7 mil km. As propostas de deságios para o pedágio chegam a 60%. Os investimentos estão previstos em R$ 8 bilhões.
Para o governador José Serra, o resultado do leilão é muito importante "num contexto de incerteza". "Isso prova que o Estado de São Paulo é muito confiável e capaz de atrair o setor privado, com responsabilidade e seriedade", completou o governador.
Serra citou como indispensáveis os apoios do BNDES, Banco Inter-americano de Desenvolvimento, Nossa Caixa e Corporação Andina de Fomento. Também participaram, com financiamentos parciais, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e fundos Funcef, Previ e Petros.

Troca entre BC e Fed traz US$ 30 bi para reservas

Gazeta Mercantil/1ª Página / Ayr Aliski
30/10/2008
Em uma ação inédita no País, o Banco Central brasileiro vai trocar reais por dólares com o Federal Reserve (Fed), a autoridade monetária dos Estados Unidos. A linha de empréstimo pode liberar até US$ 30 bilhões, que vão se somar às reservas internacionais do País.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que o acordo é importante pela inclusão formal do Brasil com outras economias relevantes do globo. Dessa forma, os bancos centrais de economias emergentes, com políticas consideradas bem administradas, juntam-se aos governos da Austrália, do Canadá, da Dinamarca, da Inglaterra, da Suécia, da Suíça, além do Banco Central Europeu, em suas ações coordenadas para atenuar os efeitos negativos da crise sobre a liquidez.
Analistas de mercado consideram a medida positiva, dando mais um sinal de que o BC brasileiro tem poder para segurar a escalada do dólar. As reservas, no conceito de liquidez internacional, somavam US$ 203 bilhões em 28 de outubro. Para Natan Blanche, sócio-diretor da Tendências, a medida eleva para US$ 250 bilhões as reservas, contabilizando também operações de swap cambial reverso no montante de US$ 20 bilhões que irão ingressar, agindo como um antídoto contra a supervalorização do dólar.
Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou nova linha de crédito para países emergentes, mas o representante do Brasil no organismo, Paulo Nogueira Batista, afirmou que, no momento, o País não tem intenção de firmar um acordo. "Não, o Brasil tem uma posição forte e, então, eu não acho que precisará disso."

IMF approves new fund for emerging markets

Wed Oct 29, 2008 10:31pm EDT
By Lesley Wroughton
WASHINGTON (Reuters) - The International Monetary Fund on Wednesday approved a short-term financing facility for emerging market economies that have a good economic track record but are having difficulties accessing credit.
"Exceptional times call for an exceptional response," said IMF Managing Director Dominique Strauss-Kahn. "The IMF will respond to this crisis with all the necessary financing," he said in a statement announcing the action.
The new Short-Term Liquidity Facility will be available to a group of pre-approved countries that have well-run economies, access to capital markets and sustainable debt burdens.
Once selected, countries will be able to tap up to five times their IMF quota in a single disbursement and are allowed three drawings in the course of a year for the next two years.
Each IMF member country is assigned a quota based on its size in the world economy. The quota determines its financial commitment to the IMF, its voting power, and how much it can borrow from the fund. Under normal lending program, countries are allowed to draw up to three times their quota.
"We are prepared to use our own resources and to work with others to generate additional resources to make sure that countries have the money they need to restore confidence and maintain stability," Strauss-Khan said.
"The ongoing turmoil in global capital markets has led to significant liquidity difficulties for some emerging market countries, even those that have maintained sound macroeconomic frameworks," he added.
In a separate action the U.S. Federal Reserve also extended a helping hand to emerging economies establishing currency swap lines with Brazil, Mexico, South Korea and Singapore to provide them with dollar liquidity of up to $30 billion each.
The new IMF facility provides financing to countries that don't need to adopt the standard IMF lending program but are suffering from short-term liquidity pressures through no fault of their own.
"This new facility addresses that gap in the Fund's toolkit of financial support," Strauss-Kahn said.
During a news conference, Strauss-Kahn declined to name any candidates for the new facility and said if a country applied for funding, it would be done confidentially.
Asked whether Argentina would qualify, Strauss-Kahn said the "conditions include having a very strong track record and strong policies in the past" for at least some period of time.
"I'm afraid the country you mentioned ... will not be eligible for the facility," he added.
IMF First Deputy Managing Director John Lipsky said the IMF fully expects countries to make use of the new facility.
"We won't judge it in the short term by its use, but we would expect in the current context it will be used and we will review it over time," he said.

Brazil central bank seeks to draw on new Fed line

Wed Oct 29, 2008 3:46pm EDT
SAO PAULO, Oct 29 (Reuters) - Brazil's central bank said on Wednesday it will adopt the necessary regulatory measures to allow it to draw on a new $30 billion currency swap line established by the U.S. Federal Reserve.
The central bank also stressed that Brazil's National Monetary Council would set the conditions for it to take advantage of the new lending facility from the Fed.
"This agreement is part of the central bank's strategy to combat the effects of the international financial turbulence on the Brazilian economy," the bank said in a statement.
Earlier, the Fed established four new currency swap lines of $30 billion each with Brazil, Mexico, South Korea and Singapore, broadening its efforts to ease U.S. dollar funding shortages around the world. (Reporting by Todd Benson; Editing by James Dalgleish)