segunda-feira, 9 de março de 2009

Risco da recessão Argentina assombra o Brasil

Protecionismo ajuda Índia a crescer na crise, diz NYT

FMI pede aumento de regulação e mais estímulo fiscal em 2010

Aviação regional pode ter redução de tributos

Desembolsos do BNDES em 12 meses sobem 43%, a R$ 92,5 bi

Risco da recessão Argentina assombra o Brasil

Entre as tentativas para salvar o país vizinho estão as restrições às importações, o que vem afetando o Brasil
Zero Hora / Marcelo Flach
09/03/2009
O pesadelo de 2001, quando a economia minguou e a população saiu às ruas fazendo panelaço, volta a rondar a Argentina. Com menos dinheiro entrando nos cofres públicos e contas no vermelho aparecendo sobre a mesa, a presidente Cristina Kirchner tenta soluções caseiras para segurar o avanço da crise financeira global no país. Assim como no Brasil, a turbulência assusta porque começa a emagrecer o expressivo crescimento dos últimos anos.
Antes mesmo de a crise estourar lá fora, foi aplicada uma sobretaxa nas vendas externas do setor agropecuário. Depois, veio a estatização da previdência privada, até chegar ao protecionismo comercial — prejudicando diretamente o Brasil. Tudo para tentar segurar o superávit fiscal argentino. O indicador que ajudou o país a se expandir em um ritmo chinês — média anual de 8% entre 2003 e 2008 — desabou 41% em janeiro.
Apesar de medidas extremas terem sido tomadas no fim do ano passado, janeiro já desponta com uma queda de 4,6% na produção industrial — a primeira redução desde 2003. Outra prova dolorida da desaceleração é o crescimento menor do recolhimento de impostos. A alta foi de apenas 11% no primeiro mês de 2009, o pior resultado em quase três anos.
E isso que Cristina garimpou R$ 53 bilhões para os cofres depois estatizar fundos de previdência em outubro. Parte desse dinheiro estaria sendo usada, segundo críticos do modelo da presidente, para a crise global não fazer desandar de vez os números saudáveis da economia. A desaceleração já empurrou ladeira abaixo as exportações: houve queda de 36% nos embarques.

Protecionismo ajuda Índia a crescer na crise, diz NYT

The New York Times / Heather Timmons
09/03/2009
Enquanto a maior parte do mundo enfrenta uma crise financeira paralisante e uma recessão, em boa parte da Índia reina o otimismo, e a economia do país continua a crescer.
A economia indiana, com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 1 trilhão, continua a ser um ponto positivo, dizem alguns, em parte por que a burocracia do país e suas políticas protecionistas o mantiveram isolado das conseqüências da desaceleração mundial.
"A Índia não é tão vulnerável" quanto outros países, disse Rajeev Malik, economista chefe da Macquarie Capital para a Índia e o Sudeste Asiático e autor de um recente relatório intitulado "Índia: Melhor do que a Maioria dos Demais".
A Índia recentemente reportou que o crescimento anualizado de sua economia ficou em 5,3% no quarto trimestre de 2008, ante o período no ano anterior. Embora isso represente queda ante os 7,6% de crescimento do trimestre anterior, é um forte contraste diante da reacomodação registrada em outros países.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o PIB caiu em 6,2% no trimestre final do ano, e o Japão reportou queda anualizada de 12,7% em sua economia.
Os defensores do livre mercado freqüentemente se queixam de muitas das políticas econômicas indianas, entre as quais um sistema financeiro dominado pelo Estado e desconectado dos mercados internacionais, crescimento lento das exportações devido ao excesso de burocracia e à infra-estrutura ineficaz, e centenas de milhões de agricultores que cultivam safras destinadas principalmente ao consumo interno. Mas essas políticas ajudaram o país a manter terreno enquanto o mundo desliza para a recessão.
O banco central indiano costuma agir rapidamente e ainda tem espaço para cortar os juros, e ajudou a aliviar os fluxos de capital, enquanto o governo interferiu com medidas de estímulo aos gastos e cortes de impostos.

FMI pede aumento de regulação e mais estímulo fiscal em 2010

EFE
09/03/2009
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aconselhou os governos a estenderem a regulação financeira a setores não controlados e a prepararem programas de estímulo fiscal para 2010, já que a crise será mais longa do que o previsto.
A entidade multilateral de crédito também constatou o agravamento das condições econômicas nos últimos meses e agora acha que a situação só começará a melhorar em 2010. Por isso, engoliu sua preocupação quase genética com os déficits orçamentários e recomendou aos países que têm condições que gastem mais.
"Levará muito tempo até que o crescimento potencial volte ao nível normal. Portanto, temos que pensar em fazer os impulsos fiscais durarem bastante", disse em entrevista coletiva Olivier Blanchard, economista-chefe do órgão.
Em 2009, grande parte dos países abrirá os cofres públicos para oferecer ajuda e tentar reativar a economia, mas alguns terão pouco para gastar em 2010, destacou Blanchard.
"Neste momento, os governos deveriam estar pensando mais em 2010 e talvez em 2011", declarou o economista francês, para quem o melhor estímulo são os projetos de infraestrutura, que demoram algum tempo para serem implementados.

Desembolsos do BNDES em 12 meses sobem 43%, a R$ 92,5 bi

Rodrigo Postigo
09/03/2009
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos 12 meses encerrados em janeiro atingiram R$ 92,5 bilhões e as aprovações (crédito aprovado, mas ainda não liberado) chegaram a R$ 121,5 bilhões, resultados que refletiram expansão de 43% e de 27%, respectivamente, segundo divulgou o banco nesta sexta-feira.
A indústria apresentou melhor desempenho no período analisado. Houve aumento de 54% nas aprovações em relação aos mesmos meses anteriores, atingindo R$ 57,7 bilhões.
Os desembolsos para o setor industrial cresceram 51%, somando R$ 39 bilhões entre fevereiro de 2008 e janeiro de 2009. Os financiamentos à indústria responderam por 43% dos desembolsos totais do banco no período e por 47% das aprovações.
"O crescimento do desempenho da indústria foi provocado pelos investimentos nos setores de metalurgia, alimentos e bebidas e química e petroquímica", comunicou o BNDES.
As aprovações para os três segmentos somaram R$ 28,7 bilhões, equivalentes a 50% do total aprovado para o setor. Os valores foram de, respectivamente, R$ 10,4 bilhões (aumento de 154%), R$ 11,4 bilhões (aumento de 55%) e R$ 6,9 bilhões (alta de 8%) no período analisado.

Aviação regional pode ter redução de tributos

Agência Brasil
09/03/2009
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, detalhou, na sexta-feira, medidas para incentivar a aviação regional e favorecer compras de aviões da Embraer, que passa por dificuldades financeiras por causa da crise mundial.
Foram definidos três instrumentos para favorecer a aviação regional, que utiliza aviões de até 90 lugares, ligando cidades no interior ou capitais próximas. Segundo o ministro, deverá ser instituída uma regra de entrada, para apoiar as empresas que desenvolverem mercados e que impeça novas empresas de explorarem as rotas já desenvolvidas.
Também será estudada uma redução tributária sobre combustíveis e para aviões vendidos pela Embraer, que atualmente perdem competitividade por causa da carga tributária. Além disso, Jobim acenou com a possibilidade de retorno de uma medida chamada suplementação tarifária, cobrada das outras companhias para apoiar linhas sem retorno econômico, mas necessárias para o País.
O ministro citou o caso da rota que liga as cidades amazonenses de Tabatinga e Manaus, cuja passagem é mais cara do que uma viagem entre Manaus e Londres, na Inglaterra.
Jobim informou ainda que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vai definir, até julho, o modelo de licitação para a concessão dos aeroportos Antônio Carlos Jobim/Galeão, no Rio, Viracopos, em Campinas (SP), e um novo aeroporto projetado para São Paulo.
"A Anac está elaborando a formatação do edital para as licitações, com o auxílio de um técnico do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. A doutora Solange [Vieira, presidente da Anac] me informa que até junho ou julho terá a formatação final, informou Jobim. Ele disse que espera dar início ao processo de concessão assim que a Anac defina a formatação.
Na sexta-feira, a Anac publicou, no Diário Oficial da União, a resolução que revoga a legislação que restringia a capacidade de operação do Aeroporto Santos Dumont. A nova portaria garante às empresas aéreas liberdade de escolher suas rotas, sujeitas apenas à interferência do órgão regulador.

LATAM WEEKAHEAD-Brazil and Chile seen cutting key interest rates

Sun Mar 8, 2009 12:29pm EDT
NEW YORK, March 8 (Reuters) - Brazil and Chile are expected to cut their respective benchmark interest rates when their central banks meet next week in an attempt to support economic growth.
In Brazil's case, 25 out of 30 economists polled by Reuters expect the central bank to cut rates by 100 basis points to 11.25 percent.
"While inflation remains stubbornly high, we think the focus of policy-makers is firmly on avoiding a deep downturn," Win Thin, senior currency strategist at Brown Brothers Harriman wrote.
The firm, however, is in the minority camp, believing Brazil's main Selic rate will be cut by 150 basis points.
Chile is also expected to cut interest rates when it meets on Thursday due to a benign inflation outlook. In February, the bank took the aggressive step of lowering rates by 250 basis points to 4.75 percent, citing the severity of the global economic slump.
"We expect another bold cut in response to surprisingly benign inflation in the context of ongoing weakness," Barclays Capital wrote.
UPCOMING DATA
The following are some of the key data points investors will be watching in the coming week:
- Mexico's February consumer inflation on Monday: economists polled by Reuters expect consumer prices to rise 0.21 percent in average from a month earlier. [ID:nN05334241]
- Chile's February trade surplus on Monday: the trade surplus is seen plunging in February, as the global financial crisis reduces demand for its No. 1 export, copper. The surplus likely fell 68 percent in February to $418 million from $1.316 billion during the same month a year ago, according to the latest Reuters poll. [ID:nN06375920]
- Brazil's fourth-quarter gross domestic product on Tuesday: economists polled by Reuters expect a contraction of 2.3 percent from the third quarter and of 1.8 percent from the same quarter of 2007. [ID:nSPG000222]
- Brazil's February IPCA consumer price index on Wednesday: inflation is expected to show a rise due to seasonal factors such as food prices and tuition. Forecasts from Barclays see a 0.54 percent rise while Morgan Stanley sees a 0.55 percent increase.
- Peru's January GDP on Friday: despite growing at a faster pace than other Latin American markets, economists expect Peru's year-on-year GDP growth to slow to less than 4 percent, from 4.9 percent in December.
For a complete schedule of upcoming economic indicators in Latin America, see ECONLATAM. (Reporting by Daniel Bases and Walter Brandimarte in New York; Simon Gardner in Santiago, Vanessa Stelzer and Elzio Barreto in Sao Paulo; Editing by Leslie Adler, Bernard Orr)

A Rising Dollar Lifts the U.S. but Adds to the Crisis Abroad

The New York Times
By PETER S. GOODMAN
Published: March 8, 2009
As the world is seized with anxiety in the face of a spreading financial crisis, the one place having a considerably easier time attracting money is, perversely enough, the same place that started much of the trouble: the United States.
American investors are ditching foreign ventures and bringing their dollars home, entrusting them to the supposed bedrock safety of United States government bonds. And China continues to buy staggering quantities of American debt.
These actions are lifting the value of the dollar and providing the Obama administration with a crucial infusion of financing as it directs trillions of dollars toward rescuing banks and stimulating the economy, enabling the government to pay for these efforts without lifting interest rates.
And yet in a global economy crippled by a lack of confidence and capital, with lending and investment mechanisms dysfunctional from Milan to Manila, the tilt of money toward the United States appears to be exacerbating the crisis elsewhere.
The pursuit of capital suddenly seems like a zero sum game. A dollar invested by foreign central banks and investors in American government bonds is a dollar that is not available to Eastern European countries desperately seeking to refinance debt. It is a dollar that cannot reach Africa, where many countries are struggling with the loss of aid and foreign investment.
“Virtually all of the low-income countries are in very serious trouble,” said Eswar Prasad, a former official at the International Monetary Fund and a senior fellow at the Brookings Institution, the liberal-leaning research organization in Washington.
He went on: “This is the third wave of the financial crisis. Low-income countries are getting hit very hard. The flow of private capital to the emerging market has dried up.”
Private money invested in so-called emerging countries plunged from $928 billion in 2007 to $466 billion last year and is likely to fall to $165 billion this year, according to the Institute of International Finance.
Not that the United States is enjoying a great influx of money. Globally, investors are holding tight to cash and extracting it as quickly as they can from risky ventures.
In the United States, investments by foreigners have slowed markedly. But as Americans eschew foreign deals and keep their dollars at home, and as foreign central banks — especially China — buy Treasury bills, the United States is absorbing money that used to be scattered around the globe. And that is making money tighter elsewhere in the world.
The most immediate crisis appears to be in Eastern Europe, where investors borrowed exuberantly in foreign currencies — notably the euro and the Swiss franc — using those funds to build office towers and factories. Their debts are growing as their currencies decline in value, leading to bank losses and requiring government bailouts along with aid from the I.M.F..
Economists liken this episode to the financial crisis that assaulted much of Asia in the late 1990s. Then, as now, investors borrowed in foreign currencies. When investment left the region, local currencies plummeted, particularly in Thailand and Indonesia, setting off defaults and sowing job losses and poverty.
“Eastern Europe looks incredibly similar to Asia in the 1990s,” said Brad Setser, an economist at the Council on Foreign Relations in New York.
In one key regard, this crisis is more problematic: In the 1990s, the rest of the global economy was growing vigorously. Once danger abated, Asian countries were able to resume growth by selling goods to the United States, Europe, Japan and China.
Indeed, the very plunge in currencies that precipitated the crisis also provided a fix, making Thai, Malaysian, Indonesian and Korean goods that much cheaper on world markets.
This time, as many low-income countries again see their currencies fall, they are confronting a world beset by recession, in which demand for their products is weak and falling.
In a report released Sunday, the World Bank predicted that the global economy would shrink in 2009 for the first time in more than half a century and forecast that global trade would decline for the first time since the early 1980s.
“Depreciation isn’t enough now to offset the global contraction,” said Mr. Setser, noting that export powers like Japan, Korea, Taiwan and Brazil have had rapid declines in sales in recent months. “Everybody’s looking vulnerable. All commodity exporters are potentially subject to currency crises.”
Fears are growing that a much broader group of countries will plunge into trouble. Mr. Prasad’s list of potential danger zones includes Vietnam, the Philippines, Malaysia and Indonesia, as well as Pakistan and Ecuador.
In the Asian financial crisis, countries at the center of the storm were particularly vulnerable because the values of their currencies were mostly pegged to the dollar. Once central banks ran out of dollars to exchange for their own currencies, they lost their ability to influence the exchange rate. As a result, their currencies fell, turning already large debts into impossible debts.
Many more countries now allow their currencies to float with the whims of the market, removing this grim chain of events. Still, as economic activity slows and banks are stuck with larger losses, the damage could swell beyond the ability of governments to finance bailouts, said Kenneth S. Rogoff, a former chief economist at the I.M.F. and now a professor at Harvard.
“Debt collapses are going to wreak havoc with exchange rates,” Mr. Rogoff predicted. “A lot of countries in Europe are already on the brink of default.”
Only two years ago, many analysts were suggesting that the I.M.F. — created more than 60 years ago to rescue countries in financial distress — no longer had a clear reason to exist. Now, the fund is scrambling for contributions from developed nations to bolster its $350 billion war chest. Mr. Setser suggested it needed $1 trillion for all that might yet unfold.
Because worries are deeper nearly everywhere else, the United States and the dollar have essentially benefited from the worldwide panic. In the last year, the dollar has risen 13 percent against major foreign currencies after adjusting for inflation, according to Federal Reserve data. Foreign holdings of Treasury bills rose by $456 billion in 2008.
“It’s a huge safe haven effect,” said William R. Cline, a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics in Washington. “The basic assumption that people are making is that the U.S. government will never default on its debt.”
As the dominant flavor of money used in business worldwide, the dollar has once again been affirmed as the global reserve currency.
Only last year, some analysts said that as the American economy sagged, foreign central banks would be reluctant to sink national savings into the dollar. That has been soundly debunked.
In ordinary times, the rise of the dollar would provoke American worries that it would crimp exports by making goods more expensive on world markets. But for American policy makers, what matters now is attracting enough buyers of American debt to finance the rescue plans, and if the dollar must rise along the way, that is a cost worth paying.
“The fact that we can still borrow at lower interest rates is saving us from much more severe adjustments,” Mr. Rogoff said. “We’re really still staring down an abyss.”