terça-feira, 15 de janeiro de 2008

América Latina será afetada por desaceleração da economia dos EUA, diz "Economist"

Rodrigo Postigo

15/01/2008

A América Latina será, dentre todas as regiões em desenvolvimento do mundo, a mais afetada pelo desaquecimento econômico dos Estados Unidos, segundo as últimas previsões de crescimento econômico feitas pela revista britânica "The Economist".

A situação dos EUA, as fracas condições financeiras em nível mundial e as taxas de juros "relativamente baixas" terão um impacto sobre as economias dos países desta região nos próximos anos.

Estima-se que o crescimento de 2007 (em taxas de troca de mercado) será de 4,9% (contra os 5,3% de 2006), enquanto em 2008 espera-se que a expansão seja de 4,3%, e em 2009, de 4,2%.
Para o período compreendido entre 2010 e 2012, a revista calcula uma taxa de crescimento anual de 3,9%.

Caso sejam considerados apenas os quatro países-membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Venezuela, em vias de adesão ao bloco, o crescimento, de 5,2% em 2006, deve ser de 5,7% em 2007, cairá para 4,8% em 2008 e recuará para 4,2% em 2009.

O impacto da desaceleração econômica nos EUA (que cresceu 2,9% em 2006, 2,1% em 2007 e tem previsão de 1,5% em 2008) será maior nos países com laços comerciais mais estreitos com aquele país, como o México.

No entanto, apesar de a crise hipotecária ter abalado a economia internacional, a "Economist" afirma que é "provável" que haja impacto creditício na maioria dos países da América Latina, mas que ele deve permanecer "moderado".

Além disso, considera que muitos países da região desenvolveram melhores políticas
econômicas.

Deste modo, a maioria dos países latino-americanos opera com taxas de câmbio flutuantes e se protegeu com reservas de moeda estrangeira.

A "Economist" destaca ainda que essas economias reduziram seu déficit fiscal e sua dívida externa.

Por tudo isso, a revista britânica não prevê que nenhuma das grandes economias da região encontre dificuldades de financiamento, apesar de afirmar que o risco de uma crise financeira ainda é real, principalmente se as condições mundiais de financiamento se deteriorarem no futuro.

A região continua dependendo de um alto grau de demanda externa e "sofreria" com uma queda anunciada dos Estados Unidos ou da China.

A média de crescimento anual do Brasil até 2012 está acima de 4%, maior que a média de 3% do período entre 2003 e 2007, mas abaixo das taxas de crescimento de outras economias emergentes, especialmente as da Ásia, como a Índia, que crescerá mais de 5% ao ano.

A previsão para o México é de 3% em 2007 (crescimento de 4,8% em 2006), de 2,8 % em 2008 e de 3,5% em 2009, como resultado da normalização do consumo privado.

O crescimento do México será afetado pela situação econômica nos EUA, destino de 84% de suas exportações.

Para a Argentina, a "Economist" prevê um período de "boa expansão econômica", estimulado por um "generoso" gasto público.

O crescimento deste país, onde o intervencionismo econômico estatal continuará presente, especialmente na infra-estrutura e na energia, será reduzido pelos "gargalos" (sobretudo no setor energético), pela escassez de financiamento e pelas políticas de contenção da inflação.

O alto preço do petróleo e as previsões de que o valor do barril do petróleo continue nas alturas por um bom tempo fizeram a revista prever que o círculo econômico de alta da Venezuela será mais prolongado do que em outras ocasiões.

No entanto, o fim dos estímulos fiscais para o investimento estrangeiro e os movimentos pró-nacionalização de setores estratégicos começarão a dificultar o crescimento do país.

Brasil no G3 da economia virtual

Carlos Pitchu

15/01/2008

Outro dia, um amigo, CEO de um laboratório multinacional, participou de um encontro exclusivo para presidentes de grandes empresas em Chicago, nos Estados Unidos. Estavam lá representantes dos quatro cantos do mundo. O tema central era o tal do BRIC. Acrônimo de Brasil, Rússia, Índia e China. As ditas economias emergentes que merecem atenção especial dos países ricos do mundo. Mas o interessante foi mesmo a conclusão do seleto grupo. Concordaram que dentro do BRIC o único país com "soul" é o Brasil.

Aqui temos música "hors concours" mundo afora. Aqui temos o gingado nos campos de futebol, o swing do samba, os sabores tropicais, temos o carnaval, as praias repletas de gente criativa, temos atletas carismáticos, temos a Amazônia, o Rio e São Paulo. Ingredientes estes que não são vistos na gélida Rússia nem nos resquícios do regime chinês e tampouco na problemática Índia.A minha leitura desta análise é que o B do BRIC é o emergente com maior potencial para entreter e encantar as pessoas. Ou seja, o Brasil tem nas mãos os melhores atributos entre os quatro países para gerar conteúdo e lucrar com isso em escala global.Daí questiono nosso envolvimento com a internet. Será que gostamos da coisa?

Respondendo a esta questão, um estudo da ONU de 2006 mostra o Brasil em 10º lugar no ranking de utilização da web. Parece até razoável, mas, analisando com cuidado, podemos observar que em termos de potencial de crescimento somos o melhor candidato. De cara, mesmo com um tímido percentual de inclusão digital, temos um volume de usuários equivalente ao da população da Espanha. E, a cada ano, o nosso volume de internautas vem crescendo em ritmo acelerado. A inclusão em mobile também é surpreendente, denotando a predisposição dos brasileiros para as novidades da comunicação digital.

Já nas empresas temos índices de digitalização equivalentes aos dos países mais desenvolvidos. Enfim, devemos encarar este 10º lugar como sendo apenas o começo. Se a curva do nosso gráfico seguir na mesma tendência, em breve seremos, com o poderio norte-americano e com a populosa China, a terceira potência em consumo de informação digital.Outro fenômeno recente que me faz crer que, além de potencial, temos talento para ser uma potência da economia virtual é a exportação de profissionais de propaganda digital para os Estados Unidos e Europa. Nunca vi tantos diretores de arte online, redatores, programadores Flash e arquitetos de informação arrumando as malas para trabalhar em Nova York, Londres e no Canadá.

Acredito que essa corrente se deve à combinação de dois fatores preponderantes. A reconhecida escola brasileira de propaganda, uma das mais aclamadas do mundo, aliada à versatilidade do criativo brasileiro. Esta combinação é requisito obrigatório no meio online, em que o artista tem de prever códigos de programação e o programador tem de ter senso estético. Além disso, criar e desenvolver para internet significa fazer sempre algo novo, que ninguém fez, e que, portanto, não conta com metodologia pronta para ser aplicada. E fazer as coisas sem metodologia, na correria, sabemos muito bem.Espero assim, como membro "soul" do BRIC, promessa da pesquisa da ONU e profissional de criação e desenvolvimento on-line, que possamos consolidar a posição do Brasil como um dos membros do G3 da economia virtual. Espero que essa oportunidade não escorra por entre nossos dedos como ocorreu com a economia tradicional e seu G8 nos anos 80 e 90, quando o país se preocupou apenas em vender juros em detrimento de estimular a produção de bens.

Afinal, o iTunes precisa de música de qualidade. O Joost precisa de programas seriados que conquistem o mundo. As campanhas online precisam ser orientadas quanto ao conteúdo. O jornalismo precisa de novas soluções interativas. Os anunciantes precisam mais do que auto-afirmação online, precisa de contexto e protagonistas carismáticos que criem espaço na atenção dos espectadores.Assim sendo, conclamo investidores, políticos, emissoras de TV, músicos, produtoras, atletas, escritores, artistas, jornalistas, publicitários e webdesigners para que possamos preencher a web mundial com nosso conteúdo. Não vamos perder essa oportunidade única. Nós podemos encantar mais que os outros. Nós somos interessantes.

Brasil tem superávit de US$ 325 mi na 2ª semana de janeiro

Rodrigo Postigo

15/01/2008

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 325 milhões na segunda semana de janeiro, segundo novos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira.

O saldo resultou de exportações de US$ 3,237 bilhões e de importações de US$ 2,912 bilhões.
A média por dia útil das vendas externas foi de US$ 647,4 milhões e a das importações foi de US$ 582,4 milhões.

No mês, a balança acumula um saldo positivo de US$ 395 milhões.

Indústrias já planejam instalações com equipamentos bicombustíveis

Rodrigo Postigo

15/01/2008

Indústrias do Rio de Janeiro que foram prejudicadas pela crise de abastecimento de gás em outubro do ano passado já planejam a instalação de equipamentos bicombustíveis, com o objetivo de diversificar suas fontes de suprimento. Segundo informações do governo do Estado, as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente negociam a concessão de licenças ambientais para que as fábricas utilizem combustíveis alternativos ao gás, geralmente mais poluentes.

Em 30 de outubro de 2007, unidades da Bayer e da Prosint ficaram sem gás por causa da redução nas entregas do combustível às distribuidoras estaduais de gás canalizado. A Petrobras alegou que entregava mais gás do que o contratado às distribuidoras. A situação foi normalizada na noite do mesmo dia, após concessão de liminar favorável ao governo estadual. A estatal reduziu o fornecimento também em São Paulo, mas não houve grandes danos à indústria local, que já tem equipamentos e licenças ambientais para operar com outros combustíveis.

A busca por flexibilidade na escolha de combustíveis agora é uma das prioridades da indústria fluminense e da área energética do governo estadual. Segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o prejuízo com a falta de gás no dia 30 de outubro chegou perto dos R$ 20 milhões.

Lula vai oferecer crédito de US$ 1 bi para financiamento de projetos em Cuba

Rodrigo Postigo

15/01/2008

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai oferecer a Cuba US$ 1 bilhão em créditos para financiar a alimentação, construir estradas, explorar o níquel e para outros projetos, durante a visita desta segunda-feira, afirmaram diplomatas brasileiros.

O governo brasileiro também vai se oferecer para cooperar na exploração de petróleo no Golfo do México e na construção de uma fábrica de lubrificantes, embora questões como o risco e os contratos ainda estejam sendo negociados pela Petrobras.

"O Brasil quer se envolver com Cuba e possui recursos econômicos, comerciais e tecnológicos para oferecer no momento em que Cuba busca se modernizar", disse um representante do Itamaraty. "Eles precisam de novos amigos e nos querem aqui."

Continua incerto o encontro de Lula com o líder Fidel Castro ao longo da estada de 24 horas, que começa após a cerimônia presidencial de posse na Guatemala.

"Não será confirmado até que aconteça", disse um diplomata brasileiro sobre o eventual encontro. "Vai acontecer se Fidel estiver disposto."

Fidel não aparece em público desde que foi submetido a uma operação no sistema digestivo em julho de 2006, que o forçou a transferir o poder para seu irmão Raúl.

O jornal do Partido Comunista, o Granma, disse que Lula vai se encontrar com Raúl Castro. O presidente estará acompanhado de quatro ministros e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

O Brasil vai dobrar as linhas de crédito para compras de alimentos para US$ 200 milhões, e vai oferecer linhas de crédito no valor de US$ 600 milhões para a construção de estradas na ilha, além de US$ 70 milhões para uma usina de níquel.

Também serão oferecidos financiamentos para projetos mais específicos na área de biotecnologia e outros setores, disse a fonte do Itamaraty em Havana.

Crédito para a exportação de bens e serviços através de empresas brasileiras também está disponível, desde que Cuba dê garantias, disse ele. "Esperamos ver o compromisso de um investimento privado e estatal significativo em Cuba", disse ele.

Os dois países assinarão um acordo que vai incluir o compromisso brasileiro de analisar a exploração nas águas profundas do Golfo do México, onde seis empresas estrangeiras procuram reservas de petróleo, disse a fonte. Segundo o acordo, a Petrobras vai treinar funcionários cubanos e oferecer ajuda no refino e nas pesquisas.

Há anos o Brasil tenta vender a tecnologia do etanol para Cuba, mas o assunto não faz parte da agenda de Lula na visita.

No ano passado, Fidel criticou o uso de terras destinadas ao cultivo de alimentos para produzir biocombustíveis, dizendo que isso aumentaria a fome no mundo.

Desde que adoeceu, Fidel só é visto em vídeos e fotos. Mas ele já recebeu líderes estrangeiros, como o aliado venezuelano Hugo Chávez, que o visitou em meados de dezembro.