Rodrigo Postigo
15/01/2008
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai oferecer a Cuba US$ 1 bilhão em créditos para financiar a alimentação, construir estradas, explorar o níquel e para outros projetos, durante a visita desta segunda-feira, afirmaram diplomatas brasileiros.
O governo brasileiro também vai se oferecer para cooperar na exploração de petróleo no Golfo do México e na construção de uma fábrica de lubrificantes, embora questões como o risco e os contratos ainda estejam sendo negociados pela Petrobras.
"O Brasil quer se envolver com Cuba e possui recursos econômicos, comerciais e tecnológicos para oferecer no momento em que Cuba busca se modernizar", disse um representante do Itamaraty. "Eles precisam de novos amigos e nos querem aqui."
Continua incerto o encontro de Lula com o líder Fidel Castro ao longo da estada de 24 horas, que começa após a cerimônia presidencial de posse na Guatemala.
"Não será confirmado até que aconteça", disse um diplomata brasileiro sobre o eventual encontro. "Vai acontecer se Fidel estiver disposto."
Fidel não aparece em público desde que foi submetido a uma operação no sistema digestivo em julho de 2006, que o forçou a transferir o poder para seu irmão Raúl.
O jornal do Partido Comunista, o Granma, disse que Lula vai se encontrar com Raúl Castro. O presidente estará acompanhado de quatro ministros e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
O Brasil vai dobrar as linhas de crédito para compras de alimentos para US$ 200 milhões, e vai oferecer linhas de crédito no valor de US$ 600 milhões para a construção de estradas na ilha, além de US$ 70 milhões para uma usina de níquel.
Também serão oferecidos financiamentos para projetos mais específicos na área de biotecnologia e outros setores, disse a fonte do Itamaraty em Havana.
Crédito para a exportação de bens e serviços através de empresas brasileiras também está disponível, desde que Cuba dê garantias, disse ele. "Esperamos ver o compromisso de um investimento privado e estatal significativo em Cuba", disse ele.
Os dois países assinarão um acordo que vai incluir o compromisso brasileiro de analisar a exploração nas águas profundas do Golfo do México, onde seis empresas estrangeiras procuram reservas de petróleo, disse a fonte. Segundo o acordo, a Petrobras vai treinar funcionários cubanos e oferecer ajuda no refino e nas pesquisas.
Há anos o Brasil tenta vender a tecnologia do etanol para Cuba, mas o assunto não faz parte da agenda de Lula na visita.
No ano passado, Fidel criticou o uso de terras destinadas ao cultivo de alimentos para produzir biocombustíveis, dizendo que isso aumentaria a fome no mundo.
Desde que adoeceu, Fidel só é visto em vídeos e fotos. Mas ele já recebeu líderes estrangeiros, como o aliado venezuelano Hugo Chávez, que o visitou em meados de dezembro.
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