segunda-feira, 27 de julho de 2009

Brasil pagará quase 3 vezes mais pela energia de Itaipu ao Paraguai

Terra
27/07/2009
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega paraguaio, Fernando Lugo, anunciaram neste sábado em Assunção um acordo "histórico" sobre a exploração da hidrelétrica Itaipu. Pelo acerto, o Brasil vai praticamente triplicar o valor pago pela energia excedente que compra do vizinho.
O acordo firmado neste sábado também permite ao Paraguai vender gradualmente a energia que não consome no mercado brasileiro sem a intermediação da estatal Eletrobrás. Também foi aberta a possibilidade para que ambas as nações possam vender a energia de Itaipu em outros mercados a partir de 2023.
Pelo tratado de construção de Itaipu, assinado em 1973, cada país tem direito a 50% da energia produzida pela usina, mas a energia não utilizada era obrigatoriamente vendida ao outro país a um preço fixo.
"Este é um acordo histórico (...) Demos um passo importante hoje", disse o presidente brasileiro, após encontro com Lugo na sede do governo paraguaio, em Assunção.
"Não interessa ao Brasil ter um vizinho que não tenha o mesmo ritmo de crescimento do que ele", acrescentou Lula.

Ações de elétricas ganham da renda fixa, com queda da Selic

AE / Wellington Bahnemann
27/07/2009
Destaque na Bovespa em tempos de crise internacional, as elétricas ganharam este ano mais um motivo para despertar a atenção dos investidores. A queda da taxa básica de juros (Selic) para um dígito (em 8,75% ao ano) – algo impensável na história recente da economia brasileira – amplia a atratividade de ações com elevado retorno em dividendos, característica marcante do setor elétrico. Neste contexto, os papéis dessas empresas surgem como uma opção interessante para aqueles que pretendem migrar da renda fixa para a variável para compensar a perda de rentabilidade com a redução da Selic sem correr grandes riscos.
O novo cenário do juro básico brasileiro deve aumentar o apetite dos investidores pelas ações das elétricas. Projeção da pesquisa Focus da semana passada, elaborada pelo Banco Central (BC) a partir de informações de mais de 80 instituições financeiras, mostra que o mercado aposta em uma manutenção da Selic em 8,75% no fim deste ano. Várias concessionárias, porém, oferecem um retorno de dividendos (dividend yield) superior. No ano passado, por exemplo, a AES Eletropaulo PNB e a Coelce PNA proporcionaram retorno de 20,3% e 14%, respectivamente.
Mesmo neste ano, há casos de empresas que já geram retorno superior ao obtido em investimento com renda fixa. Dados do Tesouro Nacional mostram que os títulos públicos prefixados (LTN) com vencimento em outubro deste ano proporcionam uma rentabilidade de 7,24% até o dia 22 de julho. Já os títulos indexados à Selic (LFT) com vencimento em março de 2010 geraram um retorno de 5,91%. No mesmo período, a Equatorial ON teve um retorno de dividendo de 16,1%, a AES Tietê ON, 10,2%, e a AES Eletropaulo PNB, 18,8%, segundo dados da Economática. "Outra vantagem é que os dividendos são isentos do pagamento de impostos", destaca o analista para o setor elétrico do Santander Marcio Prado. Nos títulos públicos, a tributação sobre os rendimentos pode variar entre 15% e 22,5%, conforme o prazo da aplicação.

Investidores descobrem operações de alta frequência

The New York Times / Charles Duhigg
27/07/2009
A grande novidade em Wall Street é uma maneira que alguns operadores encontraram de manejar o mercado de ações, espiar ordens de compra e venda dos investidores e, segundo críticos, até mesmo manipular sutilmente o preço dos títulos. Ela é chamada de operação de alta frequência - e é subitamente uma das forças mais faladas e misteriosas dos mercados.
Computadores poderosos, alguns bem ao lado das máquinas que dirigem mercados como a Bolsa de Valores de Nova York, permitem que operadores de alta frequência transmitam milhões de ordens à velocidade da luz e, segundo seus detratores, ceifar bilhões à custa de todo mundo restante.
Esses sistemas são tão rápidos que podem passar a perna em e deixar para trás tanto investidores humanos quanto computadores. Após se desenvolverem nas sombras por anos, eles finalmente estão dando muito o que falar.
Quase todos em Wall Street se perguntam como fundos hedge e grandes bancos como Goldman Sachs estão ganhando tanto dinheiro logo após o quase colapso do sistema financeiro. A operação de alta frequência é uma das respostas.
E, neste mês, quando um ex-programador da Goldman Sachs foi acusado de roubar códigos secretos de computador (um programa que, segundo um promotor federal, poderia "manipular os mercados de forma injusta"), o mistério apenas se aprofundou. A Goldman reconhece que lucra com a negociação de alta frequência, mas nega que possui vantagem injusta.
No entanto, especialistas em alta frequência claramente têm alguma vantagem sobre os traders típicos, sem falar nos investidores comuns. A SEC, a comissão de valores mobiliários americana, afirma que está examinando certos aspectos da estratégia.
"É daí que está vindo todo o dinheiro", disse William H. Donaldson, antigo presidente do conselho e chefe-executivo da Bolsa de Valores de Nova York e hoje consultor de um grande fundo hedge. "Se um investidor individual não tem os meios de acompanhar esse ritmo, todos eles estão com uma desvantagem enorme."

O Brasil precisa de mais

O Estado de São Paulo / Carlos Alberto Sardenberg
27/07/2009
Com crise ou sem crise, o maior problema das empresas brasileiras - pequenas, médias e grandes - está na carga tributária e na pesada e custosa burocracia necessária para manter impostos em dia. E, entretanto, o que mais se discute no País, inclusive entre as próprias lideranças empresariais, é a dobradinha juros-dólar.
Não que não seja importante. Na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para o segundo trimestre deste ano, juros altos aparecem como a 4ª maior preocupação das empresas pequenas e médias e a 5ª das grandes. Com o dólar, a relação muda: é o 4º problema das grandes (mais exportadoras), mas cai lá embaixo na escala das pequenas e médias. Por que, então, o debate juros-câmbio ocupa muito mais espaço?
Porque parece mais fácil de resolver. Ou, ainda, porque é simples identificar os "suspeitos habituais". O Banco Central (BC), por exemplo, é um óbvio culpado. E de crime duplo, porque, ao manter os juros elevados - tal é o discurso -, encoraja a entrada de dólar especulativo, o que valoriza demais o real.
A taxa básica de juros, agora em 8,75% ao ano (a.a.), está no mais baixo patamar desde que o País alcançou a moderna estabilidade, na era do real. Os juros reais, descontada a expectativa de inflação, estão na casa dos 4%, um resultado que ninguém imaginava poucos meses atrás. Há três anos, o então ministro da Fazenda Antonio Palocci fez uma festa danada quando essa taxa real caiu abaixo dos 10%.
Tudo bem, diz o pessoal, mas os juros "no resto do mundo" estão perto de zero. Primeiro que não é no resto do mundo nem interessa fazer essa comparação. Os juros na Argentina, por exemplo, são menores, mas não parece que estejamos querendo imitar o modelo dos Kirchners. Mas é verdade que os juros estão perto de zero em muitos países importantes, mais ou menos parecidos com o Brasil.
Essa comparação leva à conclusão de que o BC brasileiro está errado. Assim, direto? Não seria o caso de perguntar, antes, se não haveria diferenças entre o Brasil e outros países que explicassem ao menos em parte essa diferença nos juros?
Há pontos importantes. Entre os principais emergentes, o Brasil foi o último a abater a inflação e conquistar a estabilidade macroeconômica, e o último a obter o grau de investimento. Não é de estranhar que, ainda hoje, carregue uma memória inflacionária mais pesada, inclusive consagrada em lei. Há muitos preços e contratos indexados à inflação passada, o que impede uma queda mais forte dos índices. Nessa crise, por exemplo, a inflação foi a zero ou passou para o perigoso terreno da deflação em muitos países. No Brasil, só agora está chegando aos 4,5% a.a., justamente por causa daquelas tais correções automáticas de preços, tarifas e contratos. E mais: do salário mínimo, do piso da Previdência, dos salários do funcionalismo, etc.
Em vez de enfrentar isso, inclusive a poupança indexada, o que faz o governo? Fixa uma meta de inflação mais elevada, desenvolvendo a tese de que inflação mais alta permite juros mais baixos. Pode até ser, no curto prazo, mas, vejam, é derrubar juros por um mau caminho: o da inflação. Isso é economia de segunda.
Se é para comparar com os países de primeira, reparem: no médio e no longo prazos, quem tem metas de inflação mais baixas que a nossa também tem juros mais baixos.
Mas é mais fácil atacar a miopia do BC do que se engajar num complexo processo de desindexação da economia. Isso vale para todos: governo e setor privado. Também é mais fácil culpar de novo o BC por deixar o real valorizado e assim tornar as exportações mais caras. Mais fácil isso do que se engajar num complexo processo para desonerar e destravar investimentos em infraestrutura (portos, estradas, ferrovias e aeroportos, por exemplo), que tornariam os produtos brasileiros mais competitivos.
Reforma tributária não sai do palavrório. Refazer a legislação e os procedimentos ambientais, nem pensar. Cortar gastos para reduzir impostos, só palavrório. Há anos, por exemplo, o ministro Guido Mantega fala em reduzir os absurdos impostos sobre a folha de pagamento.
Tudo considerado, chegamos a um ponto importante: o modelo implantado ao longo dos últimos 15 anos de instalação e aperfeiçoamento do real já deu o que tinha de dar. E foi muita coisa. Mas é preciso uma nova onda de mudanças estruturais para ir adiante.
É muito provável que o BC tenha chegado ao seu limite com essa taxa básica de juros de 8,75% ao ano. Pode até cair mais alguma coisinha, mas nada de substancial sem meta de inflação progressivamente mais baixa, até chegar a algo entre 2% e 3%. Para isso, será necessário um amplo programa de desindexação.
É muito provável, também, que a capacidade de crescimento do País não passe da casa dos 5% ao ano, o que é bastante se comparado com a situação de alguns anos atrás. Mas o Brasil continuará abaixo da média dos emergentes, como sempre, se não completar reformas que reduzam a carga tributária (e sua burocracia), abram espaço e condições amigáveis para os investimentos privados e ampliem a capacidade de investimento do governo. E, sobretudo, se não fizer a revolução da educação. Tudo mais complicado do que culpar juros-dólar.
Ora, dirão, por que então o Brasil é tão bem-visto no cenário internacional? Porque o que se fez até aqui é simplesmente notável. O Brasil saiu de "junk" para "investiment grade", pela boa cartilha. E não é um país qualquer, mas tem um PIB de US$ 1,5 trilhão, um mercado que parte de 3 milhões de automóveis/ano, 180 milhões de celulares, um agronegócio de Primeiro Mundo, enormes possibilidades no petróleo e por aí vai.
Uma coisa dessas crescendo 5% a.a. é um bom negócio. Mas para brasileiros que querem prosperar na vida mais depressa seria preciso mais de 5%.

SEC Votes to Propose Rules That Will Ban 'Pay to Play'

Wall Street Journal
2009/07/27
By SARAH N. LYNCH
WASHINGTON -- The Securities and Exchange Commission voted unanimously to propose rules that would bar investment advisers from managing public pension programs for two years if they make political contributions.
The proposal, which seeks to curb so-called pay-to-play practices in which people make political contributions in exchange for public contracts, is similar to one the SEC considered in 1999 but never approved.
"There should be no place for such practices in an investment-advisory industry comprised of fiduciaries that are subject to high standards of ethical conduct," SEC Chairman Mary Schapiro said.
The SEC has said in recent months it wanted to dust off that 1999 proposal, which was modeled after a rule put in place by the Municipal Securities Rulemaking Board, the self-regulatory group for the municipal-securities industry.
Its resurrection comes a few months after the SEC filed civil lawsuits accusing New York's former deputy comptroller, David Loglisci, and political adviser Hank Morris of getting kickbacks from investment-management firms seeking to oversee the assets of the New York State Common Retirement Fund. They have denied the allegations and are fighting the charges.
The proposed rule would bar advisers from offering advisory services on pension plans and other programs for two years if they make a contribution to an elected official in a position to hire money managers. Advisers covered under the rule include those registered with the SEC as well as certain advisers of hedge funds and other private pools of capital.
Additionally, it would pertain to certain executives and employees of the money manager, and it would place those restrictions on contributions made to political incumbents as well as candidates.
Executives and employees, however, would be allowed to make contributions of as much as $250 per election per candidate if those individuals are entitled to vote for the candidate.
The proposal is similar to the 1999 proposal. Among the differences is that this one seeks to prevent some of the more sneaky types of pay-to-play practices in which advisers can steer contributions through third parties, such as a spouse. The commission estimates a total of $2.2 trillion in assets are held in public pension plans, representing one-third of all U.S. pension assets.

LATAM WEEKAHEAD-Brazil, Mexico to shed light on rates policy

Sun Jul 26, 2009 12:26pm EDT
By Walter Brandimarte
NEW YORK, July 26 (Reuters) - Brazil and Mexico this week are expected to shed some light on how long their interest rates will remain at current historic lows.
Mexico on Wednesday will release its third-quarter inflation report that will show a more benign economic picture but still sticky short-term inflation, RBC Capital Markets' analysts said in a research note.
The report "should confirm a 'pause scenario' (for interest rates) through year-end," RBC said.
Mexico on July 17 cut its base interest rate by a quarter percentage point to 4.5 percent, its lowest since 2003, and signaled it was done easing monetary policy for the foreseeable future.
The Brazilian central bank on Thursday will release the minutes of its latest monetary policy meeting, when it cut the country's base interest rate by half a percentage point to an all-time low of 8.75 percent.
Although some economists believe the central bank will leave the door open to another rate cut, many expect the bank to pause now and signal rates will remain at current levels for a long period of time.
Supporting that view was Friday's release of Brazil's mid-month IPCA inflation data. The index rose a less-than-expected 0.22 percent in the month-long period through mid-July, slowing from a 0.38 percent gain in the month to mid-June.
Yields paid on Brazil's interest-rate futures fell, reflecting bets the central bank will keep rates low for a longer time.
"The idea of prolonged pauses seems quite popular amongst central bankers in the Western Hemisphere," Barclays Capital's economists Guillermo Mondino and Andrea Kiguel wrote in a research note.
"Central banks would rather stop here and keep interest rates lower for quite some time, rather than risk a premature need to hike," they added.