sexta-feira, 6 de março de 2009

Brasil entra em forte desaceleração econômica, alerta OCDE

Segunda etapa da crise terá impacto sobre emergentes, afirma Mantega

Norte-americanos "protegem" marcas locais

Governo desiste de privatizar aeroportos do País

Segunda etapa da crise terá impacto sobre emergentes, afirma Mantega

Reuters
06/03/2009
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira que a segunda etapa da crise se dará com o impacto de problemas como a falta de crédito sobre países em desenvolvimento, principalmente os emergentes.
Segundo Meirelles, esse será o principal tema da reunião do G20 que ocorrerá em Londres.
"A segunda grande rodada (da crise) vai ser o problema dos países em desenvolvimento e dos países emergentes. Esse vai ser o grande tema da reunião do G20", disse.
O presidente do BC frisou que os países do leste europeu estão entre os mais vulneráveis por não terem, ao contrário do Brasil, reservas internacionais relevantes.
Ele acrescentou que o risco-país dessa região tem aumentado "de forma quase vertical".
Um dos problemas, de acordo com Meirelles, é que as grandes economias, após investirem no sistema financeiro, têm pressionado os bancos a priorizar os mercados domésticos, levando o crédito internacional a secar.

Norte-americanos "protegem" marcas locais

Pesquisa sobre o mercado automobilístico detecta aumento na quantidade de pessoas que adotaram a estratégia do "Buy American", considerando somente marcas nacionais
MMOnline / Felipe Turlão
06/03/2009
Afetados por notícias de crise, como a que deu conta que as montadoras dos Estados Unidos tiveram queda nas vendas de carros de 41% em fevereiro, na comparação com 2008, os consumidores norte-americanos estão se tornando mais protecionistas no que tange às suas preferências por marcas de veículos. É a estratégia chamada de "Buy American".
O instituto Gallup identificou que 37% dos consumidores pesquisados disseram que somente consideram como opção de compra um veículo de montadora do próprio país. O índice de fevereiro é maior do que os 30% apontados em dezembro passado. Na mesma base de comparação, houve pequenas variações negativas no índice dos que consideram todos os tipos de carros, saindo de 52% para 50% agora, e nos que consideram somente carros de montadoras estrangeiras, de 15% para 12%.
A pesquisa apontou também variações nos resultados de acordo com a idade do pesquisado. O resultado é que quanto mais velha a pessoa, maior a propensão ao protecionismo. Cerca de 27% das pessoas entre 18 e 34 anos querem somente carros norte-americanos, contra 37% na faixa de 35 a 54 anos e 45% na faixa acima de 54 anos. Nesta faixa mais idosa, inclusive, os "protecionistas" são mais numerosos do que os que consideram todas as opções, com 43%.
Outra variação grande ocorre de acordo com a posição social das pessoas. Nos lares mais simples, que faturam menos de US$ 30 mil por ano, está a maior taxa de protecionistas, com 49%, contra 37% nas casas com renda a partir deste valor e até US$ 75 mil e somente 26% nos que ganham acima disso.

Modelo antiquado ajuda a proteger Brasil da crise, diz The Economist

BBC Brasil
06/03/2009
Alguns aspectos ditos antiquados da economia do Brasil estão agora ajudando a conter os estragos provocados pela atual crise mundial, diz a revista The Economist em sua edição desta semana.
Em reportagem intitulada "Colhendo os frutos da indolência", a publicação lembra que até pouco tempo atrás a influência "dominadora" do Estado sobre o setor financeiro vinha "atrasando" a economia brasileira.
"Mas nas novas circunstâncias, essas políticas lamentáveis repentinamente parecem distantes e deram à crise global uma cor diferente no Brasil", diz o texto.
"Outros países estão tentando descobrir como administrar bancos e crédito direto. Isso é algo que o Brasil fazia mesmo quando já estava fora de moda", afirma a revista. "Mas é um sinal dos tempos o fato de recentemente, em uma pesquisa sobre o Brasil, o (banco de investimentos) Goldman Sachs ter citado o envolvimento do Estado nos bancos como algo positivo."

Governo desiste de privatizar aeroportos do País

O Estado de São Paulo
06/03/2009
O governo abandonou a promessa de privatização da Infraero e dos aeroportos brasileiros. Sinas da mudança de rumo foram dados ontem na cerimônia de anúncio de contratação de uma consultoria, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para realizar estudos técnicos para a reestruturação da Infraero - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.
A previsão de conclusão dos estudos, que poderia levar à possibilidade de abertura do capital da Infraero, é maio do ano que vem, quando a campanha eleitoral pela sucessão no Planalto estará nas ruas. Com isso, está adiada também a ideia de fazer concessões dos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e Galeão, no Rio de Janeiro, como havia anunciado o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pressionava o governador fluminense, Sérgio Cabral. Também está fora da discussão, neste momento, a construção do terceiro aeroporto em São Paulo.
Em entrevista, o presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva, assegurou que "não haverá privatização" da empresa. "O que se está pensando é na abertura de capital da empresa", mas ressalvou que "é num futuro, mais a longo prazo". O brigadeiro Nicácio acentuou ainda que a Infraero tem capacidade de administrar perfeitamente todos os 67 aeroportos, "com a maior competência" porque é hoje "uma das mais eficientes empresas de administração de aeroportos do mundo", conseguindo superação em relação ao Charles de Gaulle, em Paris, entre outros. O brigadeiro disse ainda que "o desejo da empresa é se transformar em companhia de economia mista, dentro dos padrões mais modernos de governança corporativa atualizadas com o mercado, e qual é a capacidade de captação, só o BNDES vai nos dizer lá na frente".
Há dois anos a abertura de capital da Infraero vem sendo objeto de discussão. Paralelamente a isso, entrou na pauta, principalmente por pressão do governador do Rio, Sérgio Cabral, a concessão ou privatização do aeroporto do Galeão. O governo federal, então, incluiu Viracopos, de Campinas, neste projeto. Essa polêmica custou a demissão do ex-presidente da empresa Sérgio Gaudenzi, que alegava que era contra privatizar aeroportos rentáveis. O novo presidente da Infraero, brigadeiro Nicácio, assumiu o cargo, no entanto, sem polemizar publicamente, mas trabalhando nos bastidores contra a proposta.

Apoio de órgão externo pode acelerar a reforma tributária

DCI / Patrícia Acioli
06/03/2009
Em meio à disputa política em torno da votação da reforma tributária, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma apoio a iniciativa de mudanças na legislação brasileira. "Esse recado foi claro", disse Luiz Roberto Peroba, tributarista do Pinheiro Neto Advogados e integrante da equipe que colaborou na formulação do parecer do relator da matéria, deputado Sandro Mabel (PR-GO).
"A comunidade internacional vê com bons olhos a iniciativa do Brasil. Pude perceber isso nas reuniões que participei junto a OCDE em Paris e Nova Iorque. O interesse geral era saber quando o novo sistema seria implantado, porque isso implica simplificação do processo e maior segurança jurídica", contou. "Apenas para citar alguns exemplos, diminuir os tributos federais de nove para dois e transformar 27 legislações em uma única, são medidas que diminuem incertezas e podem ser consideradas avanços", afirmou o advogado.
A estratégia do relator, de trazer o respaldo da OCDE para dentro do Congresso, pode ter sido crucial para mudar os humores dos parlamentares. Programada para ir a plenário este mês, a Reforma estava sendo minada pela oposição e setores descontentes com a proposta. A crise financeira, por exemplo, vem sendo usada como argumento para sugerir que o momento para mudança na legislação tributária não é oportuno. "A resposta da OCDE para isso é que a quando a turbulência econômica passar - no momento de recuperação -, os investidores olharão para o Brasil e por isso é melhor consertar o sistema agora e estar preparado para o futuro", disse Peroba. Entre as vantagens de implantar o IVA, o tributarista destacou a possibilidade de celebração de tratados internacionais. "Do lado da OCDE o interesse em colaborar com a proposta é tremendo. Basta olhar o tamanho da nossa economia", completou.
Durante o debate realizado ontem, em Brasília, na Comissão Especial de Reforma Tributária, representantes da organização internacional apresentaram uma série de modelos de reformas implantadas nos últimos 20 anos em todo mundo e chamaram a atenção para os exemplos da Austrália e Canadá - entre os 30 países-membros da OCDE, esse são os que mais se assemelham ao caso brasileiro, em que impostos são divididos entre um governo central e os governos estaduais.
"O modelo do Imposto de Valor Agregado [IVA] sugerido no texto do relator tem poucas diferenças daqueles praticados no resto do mundo", explicou. Segundo Peroba, não existe uma fórmula única de reforma, cada País tem que levar em consideração suas particularidades. Ele disse ainda, que embora nenhum modelo possa ser exportado de um país para outro, o Brasil pode aproveitar as experiências internacionais. "O IVA tem duas vantagens: é eficiente e que não afeta aqueles que pagam menos."
Na OCDE, apenas os Estados Unidos não adotam o sistema de imposto sobre valor agregado. Para a OCDE esse é mais um motivo que reforça a necessidade da economia brasileira adotar um imposto único sobre valor agregado, como é tendência no mundo todo.

Reaping the rewards of indolence

Mar 5th 2009 SÃO PAULO
From The Economist print edition
Some of the unreformed aspects of Brazil’s economy are now helping to limit the damage from the world downturn—but its prudence in recent years is helping too
Any list of the things that hold back Brazil’s economy would until recently have included overbearing state influence in the financial sector. The government controls Banco do Brasil, a huge retail bank, and Caixa Econômica, the largest mortgage lender, plus the BNDES, a big development bank that feeds cheap credit to favoured companies. Hugely expensive bank loans are a handicap, too. And yet under changed circumstances such lamentable policies suddenly look far-sighted, and have given the global downturn an unusual tinge in Brazil.
Other countries are trying to work out how to run banks and direct credit to where politicians think it is needed. This is something Brazil did even when it was unfashionable. It is a sign of the times that a recent research note on Brazil from Goldman Sachs listed state involvement in banking as a plus. As for the private banks, the huge reserve requirements and taxes on funding that push up the price of their loans discouraged them from the wild risks that have brought down some peers in Europe and America. So far, credit in Brazil has been lightly chewed, not crunched.
Although the country has been spared the worst of the financial crisis, the economy is weakening. Redundancies have shot up, reversing the job growth of recent years in the formal economy (see chart). Embraer, a maker of jets, laid off 20% of its workers on February 19th. Vale, a mining giant, has cut 1,300 jobs and put more than 5,000 other workers on forced leave. Industrial production in December dropped 12%, the biggest fall in 17 years of record-keeping by the federal statistics agency.
This sharp slowdown will make for a grim year. Marcelo Carvalho, an economist at Morgan Stanley, has been forecasting no growth in 2009 and his view is fast becoming mainstream. Brazil is likely to be as late out of the downturn as it was late in. If the past is a guide, its industrial production has followed China’s exports up and down, with a lag of one quarter.
Yet by comparison with Brazil’s recent past, and also with what other countries are experiencing, the economy is in fair shape. The IMF forecasts that only the developing countries in Asia (which are poorer than Brazil), Africa (ditto) and the Middle East will do better in 2009. Given Brazil’s previous tendency to go into cardiac arrest whenever economies elsewhere became stressed, this is impressive. Argentina’s crisis in 2001 and the Asian and Russian crises of 1997-98 were painful and disruptive for Brazil. The country’s hypersensitivity to the vagaries of the world economy stretches back to at least the 1930s, when Brazil suffered a military coup during the Depression.
The reasons for its improvement are largely to do with public-sector debt, which was once a weak point but has been brought down below 40% of GDP. Foreign-currency borrowings have mostly been exchanged for real-denominated ones, so slumps in the currency no longer hurt the government’s balance-sheet. Brazil has built up $200 billion of reserves to defend the real. Its current-account deficit is small. Most important, this crisis is not pushing up inflation—Brazil’s congenital weakness. That in turn has allowed the central bank to cut rates (making public debt cheaper to service). This is the first time Brazil has been able to run a counter-cyclical monetary policy.
Yet worries persist that the fiscal prudence of recent years will not last. Government spending grew as fast as tax revenues during the boom times. Now, revenues are dropping but there is no moderation in spending. Raul Velloso, a consultant, points out that public spending typically surges in the year before a presidential election. One is due in 2010, which makes restraint now unlikely. As a result, the primary budget surplus (ie, before interest payments) is set to shrivel or disappear.
In normal times this would scare bondholders, who view the primary surplus as a guarantee that they will get paid. In practice they may panic less now that government finances around the world are showing the same deterioration, or worse.

Emerging-Market Borrowing Costs Rise the Most in Three Months

By Laura Cochrane
March 6 (Bloomberg) -- Emerging-market borrowing costs rose, heading for the biggest weekly increase in three months, on signs the U.S. recession is deepening, while China indicated it wouldn’t increase its stimulus plan and the European Union rejected an aid package for eastern Europe.
The extra yield investors demand to own developing nations’ bonds instead of U.S. Treasuries climbed 3 basis points to 6.96 percentage points, according to JPMorgan Chase & Co.’s EMBI+ Index. That brings the weekly increase to 47 basis points, the most since the first week of December.
The U.S. probably lost more jobs in February than at any time since 1949, economists said before a report today, a plunge that may crimping spending and hurt developing nations that rely on the world’s biggest economy to sustain exports. China’s Premier Wen Jiabao said yesterday the country’s growth target is within reach, indicating the government won’t increase its $585 million spending plan. The EU rejected a plea from Hungary for 180 billion euros ($228 billion) for eastern Europe on March 1.
“The U.S. payrolls are a major driver for the whole world,” said Simon Quijano-Evans, a Vienna-based economist at Credit Agricole Cheuvreux. “Global risk aversion is increasing and central and eastern Europe is a high-risk zone. There is little differentiation at the moment.”
The so-called yield spread on Turkey’s bonds increased to a three-month high, adding 18 basis points to 6.47 percent at 9:58 a.m. in London, JPMorgan data show. A basis point is 0.01 percentage point.
Emerging-market stocks fell 0.2 percent, extending the weekly decline in the MSCI Emerging Markets Index to 2.4 percent.

WRAPUP 1-Fiscal discipline to help Brazil through crisis-govt

Thu Mar 5, 2009 3:14pm EST

By Ana Nicolaci da Costa and Isabel Versiani

BRASILIA, March 5 (Reuters) - Brazil will brave the financial crisis by sticking to austere fiscal policies, a strategy that should help it grow above the global average, the country's top two economic officials said on Thursday.

Slowing growth and falling tax revenues fanned fears Brazil would abandon the kind of fiscal discipline that helped the country revamp its public accounts, earned it an investment grade and made it a favorite among investors in recent years.

While many countries around the world are spending billions of dollars to counteract a global recession, Brazil's government has sought to strike a delicate balance between targeted spending on investments and fiscal restraint so as to keep its debt burden manageable.

"We will continue with a serious fiscal policy, balanced, so that we will have to cut current expenditures to be able to adjust to the drop in tax receipts that is actually taking place because of the crisis," Finance Minister Guido Mantega said in a speech at an economic conference in Brasilia.

On Wednesday, Mantega said the government would decide by March 20 if it will lower its primary budget surplus target this year from 3.8 percent of gross domestic product currently to free up cash for stimulus spending.

Brazil's 12-month primary budget surplus -- which excludes interest payments and is closely watched by investors as a gauge of a country's ability to service its debt -- already fell below that target in January to 3.58 percent, its lowest level in five years.

But officials reinforced they would stick to planned investments, especially in the Program to Accelerate Growth, which aims to improve the country's aging infrastructure, including roads, railways and houses.

"We will maintain all of the investment programs," Mantega added.