segunda-feira, 31 de março de 2008

Portas psicológicas só abrem por dentro

Ivan Postigo

A humanidade se regozija com um dom que recebemos e ninguém pode nos tirar, o livre-arbítrio.
Segundo a wikipédia, livre-arbítrio (ou livre-alvedrio) é a crença ou doutrina filosófica que defende que os homens têm o poder de escolher suas ações. Atenção, aqui a palavra é poder.
Há uma corrente que considera que a expressão não faz sentido, para agir de um ou outro modo teria que haver expectativas e o homem as vezes se depara com um futuro desconhecido.
Deixemo
s de lado o purismo e as correntes filosóficas, serve como ilustração e uma indicação para pesquisa, estudo e reflexão para quem gosta dessa linha de trabalho.

Fato é que os homens tem a capacidade de postergar uma decisão por tempo suficiente para refletir e deliberar sobre as conseqüências da escolha, e lógico, faze-las.
Para o que nos propomos a palavra escolha determina tudo, você pode aceitar ou se recusar a fazer um trabalho, participar de um treinamento, chegar no horário na empresa, ir receber seu premio da loteria!
Nós podemos tentar convence-lo de que está se prejudicado agindo dessa forma, usando exemplos, não o enviando mais para cursos, não recomendando sua promoção, contratando um terapeuta para tentar convence-lo, mas cabe você aceitar.
Um dia já ter vivenciado no trabalho, na escola, a experiência em que o grupo todo não concordava com as atitudes de um dos integrantes e não havia meios de fazê-lo mudar.
Talvez não acontecessem brigas, desentendimentos, suas atitudes não prejudicassem as pessoas, apenas ele, contudo por consideração, por respeito, todos se importavam.
As expressões que mais se ouviam possivelmente eram “não entendo porque ele age assim”, “ não adianta falar “, “só se abrirmos sua cabeça “. Sim, figurativamente essa é a solução.
Ora, gosto do nome João, tenho um primo muito querido pela família com esse nome. Vamos chamá-lo assim.
Nossa cabeça ( mente ) tem uma porta psicológica e apenas nós temos a chave.

Além de sermos detentores desse instrumento, sem o qual não é possível ter acesso, há um detalhe que complica a questão brutalmente, essa porta só abre por dentro!
Para que possamos introduzir qualquer coisa na cabeça do João o primeiro passo é convencê-lo a abrir a porta, sem isso vamos nos desgastar, aborrecer e perder tempo.
É bastante comum encontrarmos empresas e profissionais se debatendo porque não conseguem melhorar o envolvimento de pessoas em projetos, trabalhos, apesar dos esforços e apoios oferecidos.
Quando encontrar as portas abertas será fácil introduzir motivação, informações técnicas, regras de comportamento, idéias para as quais gostaria de apoio, contudo cuidado, uma vez que se fechem terá um longo e penoso caminho a percorrer caso as necessite abertas novamente.
Quantas vezes nós mesmos não nos deparamos com as nossas portas psicológicas não só fechadas, mas trancadas?
Com livre-arbítrio ou não, sejamos amigos, por favor, deixe as portas abertas!



Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br

Meio caminho andado não significa nada

Ivan Postigo

Batendo um papo sem compromisso, se elaborássemos uma lista de boas idéias nossas e de nossos amigos que não foram efetivadas, mas que poderiam ter trazido ótimos benefícios, tenho certeza que ela seria bem grande.
Não é sem razão que palavras como “ah , se eu soubesse”, “ah, se tivesse feito”, “ah, se tivesse ouvido”, fazem sucesso e viram temas para muitas obras.
Você nota que antes do “ah “, existe iniciativa, criação, depois tem que haver determinação para ação, sem isto o que segue é apenas o lamento.
O mundo hoje trabalha de fato 24 horas por dia, 7 dias por semana. Já há empresas com escritórios instalados em pontos estratégicos no mundo, quando uma equipe encerra o expediente a outra, em algum ponto do globo, o retoma sem que atividade seja interrompida, essa é uma forma fantástica e criativa de driblar o tempo.
Caso você seja concorrente dessa empresa ao retomar o trabalho no dia seguinte estará 16 horas atrasado. Considere o impacto na semana, no mês e depois no ano.
Nessa velocidade não se debate mais a inovação das empresas, mas a destruição e reinvenção.
Este pensamento está resumido nas seguintes palavras: “Destrua a sua empresa antes que a concorrência o faça “.
Assim que você não for capaz de mostrar que os seus produtos são os melhores ouvira simplesmente do mercado um sonoro: Fora!
Todo processo criativo é antes de mais nada um processo destrutivo, das idéias e conceitos ultrapassados. A competição global é simplesmente resultado da morte da distância e da valorização do brainware.
Redução de custos como forma de rentabilização das empresas tem limites, a maioria dos programas no máximo cortam o cafezinho, copos de plásticos e controlam as canetas, portanto trate de se concentrar no crescimento da sua organização; se não conseguir inspiração observe seus concorrentes.
Esteja preparado, a inovação vai lhe dar uma vantagem competitiva, contudo não durma sobre os louros, você terá muito trabalho para sustentá-la, no dia seguinte seu concorrente o acompanhará e poderá ser mais competente.
Com a nova dinâmica do mundo você tem duas opções, energizar sua equipe para brilhar ou apagar as luzes. Duvida dessas palavras, então concorra com EUA , Japão, que tal China ?
O recurso será a adição de pessoas com atitudes e o desenvolvimento de suas habilidades, e lembre-se que o questionamento da acomodação é o fator fundamental para conduzir a empresa ao futuro, afinal se o fazem é porque se importam.
Nada condena mais projetos e permite o fracasso que a palavra “Amém!“.
Os debates sobre comportamento estão mostrando que os jovens se sentem mais confortáveis com a tecnologia do que com pessoas, isso nos levará a novos modelos mentais e de gerenciamento.
O verdadeiro talento desenvolve competências e expõe fraquezas, contudo a função do gestor não é superá-los, mas criar condições para que contribuam com a criação do futuro da organização.
Isso não deve gerar desconforto, desespero, nem leva-lo ao uso de remédios tarja preta, e sim renovar sempre sua motivação, suas emoções e inspiração para superar os seus próprios resultados e os da companhia.

Hoje uma empresa não consegue sobreviver com liderança fraca, dependente de colaboradores medíocres, porém dóceis.
Ouço com frequência que o mundo dos negócios é cruel, diria apenas que é prático, afinal você compraria algo ultrapassado?
Nas nossas empresas precisamos de pessoas de ação, afinal meio caminho andado não significa nada!

Ivan Postigo
Economista , Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4526 1197 / ( 11 ) 9645 4652
ipostigo@terra.com.br

América Latina tem pela frente crise energética e EUA

Rodrigo Postigo

31/03/2008

Do Brasil ao México, a América Latina desfruta dos benefícios decorrentes das altas nos preços das commodities - com a soja, o cobre e o petróleo atingindo máximas históricas.
Investidores e empresários temem, no entanto, que a região sofra este ano pressões internas e externas diante tanto da ameaça de escassez de energia em alguns países da América do Sul quanto da provável recessão nos Estados Unidos.

Uma recente crise diplomática entre Equador, Colômbia e Venezuela e uma greve do setor agropecuário na Argentina, que interrompeu as exportações de soja do país, mostram que a região ainda é politicamente instável, apesar de os governos terem acumulado reservas e reduzido a dívida externa, preparando-se melhor para instabilidades globais.

"A crise desta vez não vai vir de dentro da América Latina. Desta vez os problemas virão de fora", afirmou Antoine van Agtmael, que administra cerca de US$ 20 bilhões em participações em empresas pela Emerging Markets Management, sediada em Arlington, Virginia.

Como lidar com a insuficiência energética e como enfrentar a desaceleração econômica nos EUA serão temas tratados no "Reuters Latin America Investment Summit", que acontecerá na próxima semana.

"A questão-chave a ser observada no próximo ano ou dois é como cada um desses governos irá responder à probabilidade ou ao risco de falta de energia, seja em termos de redução na produção de petróleo e gás ou de investimentos insuficientes em geração de eletricidade", apontou Christopher Garman, especialista em América Latina no Eurasia Group, uma empresa de consultoria de risco político.

Mais de 60 participantes, entre presidentes de bancos centrais, ministros e executivos dos setores de telecomunicações, mineração, bancário e varejista participarão do Summit.
As economias da América Latina e Caribe juntas cresceram 5,6% no ano passado, vivendo o período de maior expansão em três décadas.

Enrique Alvarez, estrategista do grupo de consultoria Ideaglobal, de Nova York, afirmou que, se a recessão nos Estados Unidos for breve, a América Latina pode continuar a fazer frente aos altos preços da energia com moedas fortes, o que torna as importações mais baratas.

"O problema será se a desaceleração nos Estados Unidos for mais longa e começar a afetar os preços das commodities", explicou Alvarez. Ele apontou que uma combinação de queda no preço das commodities com alta inflação e elevada taxa de juros na região pode se mostrar perigosa.

Política industrial brasileira propõe integrar a AL

O Estado de São Paulo

31/03/2008

A nova política industrial em gestação no governo não se restringe ao Brasil. Há um capítulo dedicado à integração produtiva da América Latina, segundo mostram documentos aos quais a reportagem teve acesso. A meta até 2010 é aumentar em 20% o número de empresas com presença em pelo menos dois países da região. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem como desafio elevar em 30% sua carteira de investimentos na região, atualmente em US$ 10 bilhões.

A avaliação é que o comércio entre os países da região é baixo. Além disso, a maior parte registra déficit nas transações com o Brasil. Já existem iniciativas para ajudar empresas latino-americanas a exportar para o mercado brasileiro, como o Programa de Substituição Competitiva de Importações (PSCI). A idéia é fortalecê-lo.

A política industrial também estabelece como meta implantar cinco projetos de integração de cadeias produtivas até 2010. Menina dos olhos do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o programa utiliza fornecedores de diversos países para produzir bens. Até o momento, o único exemplo é a cadeia automotiva.

CCJ vota reforma tributária nesta semana

Último Segundo / Santafé Idéias / Carollina Andrade

31/03/2008

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deverá votar na próxima quarta-feira o parecer do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) sobre à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma tributária. Na última quinta-feira, o relator da proposta apresentou seu parecer na CCJ, mas não foi votado devido ao pedido de vista de diversos deputados.

O texto da proposta apresentou alterações em relação à matéria encaminha pelo Executivo ao Congresso Nacional em fevereiro. Entre as alterações propostas por Picciani estão mudanças em relação ao ICMS e ao órgão competente para definir as alíquotas.

Ele restituiu a cobrança do imposto em 2% na origem para os estados produtores de petróleo, gás e energia elétrica. A proposta beneficia, principalmente seu Estado, maior produtor de petróleo.

Em relação à definição das alíquotas, a proposta do governo defende que o órgão responsável é o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), mas segundo o relator não é possível que um órgão subordinado ao Executivo defina sobre este assunto.

De acordo com seu relatório, quem criará tal alíquota será o Senado, através de Lei complementar.

Brazil's central gov't Feb budget surplus down

Fri Mar 28, 2008 4:04pm EDT
BRASILIA, March 28 (Reuters) - Brazil's central government primary budget surplus fell sharply to 5.03 billion reais ($2.88 billion) in February from 15.35 billion reais in January, the National Treasury said on Friday.
The surplus widened from 3.5 billion reais in February 2007.
The strong fall was due to seasonally high tax revenue and a one-off dividend income in January, the Treasury said.
The central government's primary budget surplus for the first two months of the year was equivalent to 4.59 percent of gross domestic product, compared to 3.83 percent of GDP during the same period a year ago.
The primary surplus includes spending by the Treasury, central bank and social security system but excludes interest payments on debt and transfers to state and local governments.
The central government surplus feeds into the consolidated public-sector primary surplus, which is closely tracked by investors as a measure of Brazil's ability to pay its debts. The consolidated primary surplus, due out on Monday, also excludes interest payments. ($1=1.744 Brazilian reais)
(Reporting by Daniela Machado, writing by Raymond Colitt, Editing by Chizu Nomiyama)

Classe média paga por ano 146 dias de imposto

JB Online / Ludmilla Totinick

31/03/2008

A classe média brasileira vai trabalhar 146 dias este ano só para pagar impostos. Isso quer dizer que ainda faltam 57 dias de trabalho para que a dívida seja quitada com o governo, isso desde o dia 2 de janeiro, calculados sem um único dia de folga até hoje.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), é considerada classe média a família com renda mensal entre R$ 3 mil e R$ 10 mil. São cerca de 8 milhões de famílias, aproximadamente 32 milhões de pessoas, ou 18% da população brasileira. Segundo o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, a classe média representa 50% dos pagantes de impostos do país.

– É comum no mundo inteiro que a classe média seja a grande fatia no pagamento de tributos – lembra Amaral. – Porém, no Brasil, além dos altos tributos, essa fatia da população também paga por segurança privada, escola particular, plano de saúde. Ou seja, o governo retira cada vez mais o poder aquisitivo da classe média brasileira.

Em média, as famílias gastam 56% do que ganham só com tributos (40%) e serviços (16%).

Segundo Amaral, a classe média também é responsável por grande parte do consumo no país, que chegou a R$ 1,55 trilhão e ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a bater 5,4% no ano passado.

A classe média representa 60% da arrecadação do Imposto de Renda e 50% do consumo dos shoppings. Nos supermercados, representa 40% dos consumidores e 60% dos clientes dos planos de saúde e escolas particulares.

A advogada Maria Rachel Coelho Pereira, 38 anos, considera a classe média é muito heterogênea. Para reforçar a renda familiar, dá aulas em duas universidades e cursos preparatórios para concursos. A rotina inclui mais de 10 horas de trabalho por dia e sábados sem folga. Carioca, moradora de Botafogo, sempre administrou o trabalho com a educação do único filho de 14 anos, que cria sozinha.

Subdivisões

Pelo novo critério padrão de classificação econômica da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, são oito classes em uma, cujas rendas variam de R$ 276,70 a R$ 9.733,47.

Entretanto, pelo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que utiliza o critério da empregabilidade, a classe média representa 31,7% das famílias brasileiras o que equivale a 15,4 milhões de famílias. De acordo com o presidente do Instituto, Marcio Pochmann, a classe média não pode ser conceituada só pela base salarial.

– São padrões de consumo diferentes – ressalta Pochmann. – Nos últimos dois anos, tivemos um crescimento no âmbito da construção civil, mas não temos profissionais especializados para ocupar as vagas. Fico preocupado com o grande número de exportações de bens de consumo de baixo valor agregado que constrangem a expansão da mão-de-obra.

Pochmann fez questão de lembrar que a classe média ficou estagnada até os anos 30, depois cresceu até 1980, mas a partir daí começou a declinar. Nos anos 90, com as reformas implantadas no governo Collor e aprofundadas no governo Fernando Henrique, empobreceu mais.

A classe média perdeu poder aquisitivo porque as indústrias não investiram e, em 1990, com os juros extremamente altos, fábricas foram fechadas ou vendidas para o capital estrangeiro. A renda encolheu, assim como o número de empregos.

Para o Ipea, a classe média baixa representava 41,2%. Quatro décadas depois, aumentou para 54,1%. A média classe média empobreceu, composta de técnicos científicos, de pessoas que ocupam os cargos-chave da burocracia pública e professores universitários, e passou de 38,6% para 23,1% , em 2000. A média alta, cujo perfil é de executivos, gerentes e administradores, ficou estagnada. Professores que dão aula até o 2º grau, pequenos lojistas e vendedores fazem parte da classe média baixa.

Segundo o pesquisador do Ipea Ricardo Amorim, a grande curiosidade foi a diminuição dos gastos da classe média por causa do empobrecimento sofrido.

– Os dados comprovam que houve corte dos gastos e aumento dos imprescindíveis, como habitação, transporte e educação.

O advogado tributarista Rubens Branco diz que a classe média é a grande responsável pela arrecadação do Imposto de Renda. Paga de 15% a 27,5% ao Leão, além de todos os tributos indiretos.

O consultor e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos diz que a classe média é a mais empregada do país e por isso é a que mais paga impostos.

– Virou vítima, por ficar descolada dos pobres e dos ricos – disse Reinaldo – Além dos tributos indiretos, paga pelos serviços.

Doha Trade Deal Still Possible, Bush Says

By REUTERS
Published: March 29, 2008
WASHINGTON (Reuters) — The United States is willing to make agricultural concessions to reach a new world trade deal if other countries open their markets to more American exports, President Bush said Friday.
“We’re willing to make serious concessions on the agricultural front, but we expect other nations to open up their markets on manufacturing as well as services,” Mr. Bush said at a news conference after meeting Prime Minister Kevin Rudd of Australia.
Mr. Bush said the Doha round of trade talks, which is now in its seventh year, was a major topic of his conversation with Mr. Rudd.
“I said it’s possible to achieve a Doha round. He, too, believes we should work to achieve a Doha round,” Mr. Bush said.
On Monday, Brazil’s chief Doha negotiator, Roberto Azevedo, said negotiators were closer than ever to an agreement, but there was still no certainty of success.
The United States and the European Union both face demands to make deep cuts in their agricultural subsidies and tariffs, but want major developing countries like India and Brazil to open their markets in exchange.
Negotiators have been working in Geneva toward a possible ministerial-level meeting in April or May, where it is hoped a long-awaited breakthrough will occur.

Governo americano se dispõe a fortalecer regulamentação financeira

AFP

31/03/2008

O governo dos Estados Unidos apresentará na segunda-feira uma proposta que visa a ampliar consideravelmente os poderes do Federal Reserve (Fed), de modo que o banco central americano possa supervisionar os mercados financeiros para evitar catástrofes como a atual crise dos créditos imobiliários de alto risco (subprimes).

"Com algumas poucas exceções, a maior parte deste plano não será colocada em prática antes que as atuais turbulências do mercado cheguem ao fim", explicou o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, em entrevista ao Wall Street Journal.

"Temos, no entanto, uma oportunidade para que as pessoas agora prestem atenção. Com essa meta, creio que o momento seja excelente", afirmou na edição online do WSJ.

Na segunda-feira, Paulson participará de uma coletiva de imprensa às 10H00 locais (14H00 GMT) no departamento do Tesouro para falar sobre a proposta de reforma.

De acordo com um resumo do projeto, o Fed passará a ter permissão para investigar qualquer instituição financeira cujas atividades coloquem em risco a estabilidade econômica do país. Além disso, o banco terá plenos poderes para combater os riscos do sistema financeiro como um todo.

É a reforma normativa mais ambiciosa já anunciada nos Estados Unidos desde a criação do sistema após o fim da Guerra Civil americana, de acordo com o Wall Street Journal.

A Securities and Exchange Commission (SEC), instância que regula os mercados financeiros americanos, perderia poder e se uniria à Commodity Futures Trading Commission, autoridade que regula os mercados de matérias-primas como o gás e o petróleo, afirmou por sua vez o jornal New York Times.

As propostas surgem num momento em que as autoridades reguladoras são acusadas de não ter antecipado a ameaça representada pelos subprimes, que culminou com a mais grave crise financeira dos Estados Unidos nas últimas décadas.

Na última quarta-feira, Paulson pediu ao Fed para ampliar a vigilância sobre as instituições financeiras, alguns dias após a autorização, por parte do próprio Fed, dada a bancos de investimento como Goldman Sachs, Merrill Lynch e Lehman Brothers para emprestar dinheiro a taxas de emergência até então reservadas exclusivamente a bancos comerciais.

"Este modelo de regulação financeira é um modelo ideal que só se fará notar depois de vários anos", disse Paulson ao Wall Street Journal.

"Temos várias recomendações que serão alcançadas a médio prazo, ou seja, entre dois e oito anos", explicou.

Quanto aos empréstimos imobiliários, que estão na origem da atual crise de crédito, o secretário do Tesouro falou sobre a idéia de criar uma comissão encarregada de "fixar as normas básicas indispensáveis para a educação, formação e concessão de licenças" aos profissionais do ramo, cujas práticas agressivas de mercado podem ter gerado conseqüências fatais para o sistema.

Por último, a reforma "delegará aos estados a responsabilidade de determinar a regulamentação, mas ao mesmo tempo ela os avaliará", afirmou.

"IVA nacional mantém nível de arrecadação"

Gazeta Mercantil/Caderno A / Karla Correia

31/03/2008

Relator da subcomissão de reforma tributária do Senado, Francisco Dornelles (PP-RJ) deu o ponta-pé inicial na discussão da proposta de reforma do governo pela Casa Alta na semana passada, ao apresentar as linhas gerais de uma reformulação no sistema tributário brasileiro baseada na simplificação desse sistema e na diminuição dos custos tributários para o contribuinte. Dornelles avançou sobre a proposta do governo ao defender a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) unificando IPI, ICMS e quatro contribuições que hoje incidem sobre bens e serviços em um só tributo, mantendo o nível de arrecadação da União e estados, e angariou defensores para seu modelo entre governistas e oposição ao propor transparência na carga tributária, com a obrigatoriedade da exposição, no preço final dos produtos, do peso dos tributos no bolso do consumidor. Em entrevista à Gazeta Mercantil, detalha os pontos mais fortes da proposta.

Gazeta Mercantil - Qual é a questão central da proposta?
O ponto mais importante é a criação do IVA nacional. Você transforma em um único imposto o tributo federal (IPI), o tributo estadual (ICMS) e quatro contribuições. O que eram seis viram uma. Depois o ITR e o IPTU viram um único imposto. Os impostos de transmissão inter-vivos e por herança viram um único imposto. Você estabelece um regime para taxas que impede criar impostos com nome de taxa.
Gazeta Mercantil - Como é isso hoje?
Por exemplo, o governo criou o Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), para manter a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Só que o governo arrecadou com a Fistel, R$ 16,5 bilhões entre 2001 e 2006, e só repassou para a Anatel R$ 1,4 bilhões. O restante virou um imposto disfarçado. Isso não pode acontecer.
Gazeta Mercantil - O senhor fala em redução dos chamados custos tributários ocultos. Qual é o impacto para o contribuinte?
É por isso que a simplificação tributária deve ser a questão central de uma reforma. Os custos da arrecadação, hoje, são maiores que a própria arrecadação. Eles compreendem o montante de impostos que você recolhe, mais o custo que você tem para administrar o departamento tributário. No Brasil, uma empresa padrão gasta 2.600 horas/ano para pagar impostos. Na Suíça gasta 63, nos Estados Unidos, 325. O Brasil é o campeão do mundo. É bom lembrar, também, que no momento em que nós colocamos a contribuição dentro do conceito de tributo, o Estado vai ter mais dificuldade de ficar criando uma contribuição a toda hora. É ganho para o contribuinte.
Gazeta Mercantil - Parlamentares governistas demonstraram preocupação com uma possível perda de receita da União. O risco existe?
Não existe transferência de recursos da União para os estados ou perda de arrecadação. Quando você cria o IVA nacional, você incorpora o ICMS, que é estadual, o IPI, que é da União, a Cofins, o PIS/Pasep, a Cide. Tudo entra no IVA. Agora, quando fecha a arrecadação, o que vai para a União é o percentual correspondente à arrecadação do IPI, da Cofins, do PIS/Pasep e da Cide. Aquilo que a União arrecada vai arrecadar com o IVA. E o que os estados obtém com o ICMS será garantido, na mesma proporção.
Gazeta Mercantil - Existem também ponderações sobre a perda de autonomia dos estados...
Os estados vão ter o IVA nacional. A legislação vai ser federal, da mesma forma que está na proposta enviada pelo governo ao Congresso. A fiscalização, contudo, passa a ser dos estados, o que significa que uma parcela do que será arrecadado pela União será fiscalizada por eles. Então, os governos estaduais não perdem poder. Agora, a arrecadação é nacional. Se uma empresa paga seu tributo a um banco, automaticamente 40% vai para a União e 60% para os estados. É mantido o equilíbrio entre União e estados.
Gazeta Mercantil - Qual a diferença que uma boa política tributária faz para o contribuinte, em relação a uma má política?
A má política tributária faz com que os mais pobres paguem mais imposto. A boa pensa na justiça social. São impostos simples, desburocratizados, com alguma progressividade e cujos recursos sejam aplicados nos mais necessitados.
Gazeta Mercantil - O senhor acredita que a informação da carga tributária nos preços finais dos produtos terá impacto no comportamento do consumidor?
A transparência é importante porque todo mundo vai saber quando os impostos aumentarem e vai poder reclamar. Isso é fundamental. Um dos grandes problemas é que ninguém sabe o montante de impostos que está pagando. O efeito disso é visível. Quando o Imposto de Renda aumenta, todo mundo sente, entende e reclama. Quando se fala que aumentou a Cofins, ninguém sente porque aquilo vem escondido. Com a transparência, todo mundo vai sentir e vai ter base para protestar contra o governo, quando achar que há algo errado, exigir melhor aplicação dos recursos.
Gazeta Mercantil - É um avanço sobre a proposta do governo?
A proposta do governo já é um grande avanço. Só acho que a nossa é mais audaciosa e somente nessa parte em que eles mantêm o IVA estadual e o IPI fora do IVA federal. Nós propomos um IVA só, com tudo incluído. No momento em que você tem a nota fiscal eletrônica, o cadastro do contribuinte, você pode fazer isso. Pegar todos eles, que têm praticamente a mesma base de cálculo, o mesmo fato gerador. O objetivo é simplificar e reduzir ao máximo o custo da arrecadação.
Gazeta Mercantil - Há ambiente político para aprovar essa proposta?
O importante é apresentar a proposta e tentar convencer. Se for possível aprovar, tudo bem. Se não, convive-se com a frustração.