segunda-feira, 31 de março de 2008

América Latina tem pela frente crise energética e EUA

Rodrigo Postigo

31/03/2008

Do Brasil ao México, a América Latina desfruta dos benefícios decorrentes das altas nos preços das commodities - com a soja, o cobre e o petróleo atingindo máximas históricas.
Investidores e empresários temem, no entanto, que a região sofra este ano pressões internas e externas diante tanto da ameaça de escassez de energia em alguns países da América do Sul quanto da provável recessão nos Estados Unidos.

Uma recente crise diplomática entre Equador, Colômbia e Venezuela e uma greve do setor agropecuário na Argentina, que interrompeu as exportações de soja do país, mostram que a região ainda é politicamente instável, apesar de os governos terem acumulado reservas e reduzido a dívida externa, preparando-se melhor para instabilidades globais.

"A crise desta vez não vai vir de dentro da América Latina. Desta vez os problemas virão de fora", afirmou Antoine van Agtmael, que administra cerca de US$ 20 bilhões em participações em empresas pela Emerging Markets Management, sediada em Arlington, Virginia.

Como lidar com a insuficiência energética e como enfrentar a desaceleração econômica nos EUA serão temas tratados no "Reuters Latin America Investment Summit", que acontecerá na próxima semana.

"A questão-chave a ser observada no próximo ano ou dois é como cada um desses governos irá responder à probabilidade ou ao risco de falta de energia, seja em termos de redução na produção de petróleo e gás ou de investimentos insuficientes em geração de eletricidade", apontou Christopher Garman, especialista em América Latina no Eurasia Group, uma empresa de consultoria de risco político.

Mais de 60 participantes, entre presidentes de bancos centrais, ministros e executivos dos setores de telecomunicações, mineração, bancário e varejista participarão do Summit.
As economias da América Latina e Caribe juntas cresceram 5,6% no ano passado, vivendo o período de maior expansão em três décadas.

Enrique Alvarez, estrategista do grupo de consultoria Ideaglobal, de Nova York, afirmou que, se a recessão nos Estados Unidos for breve, a América Latina pode continuar a fazer frente aos altos preços da energia com moedas fortes, o que torna as importações mais baratas.

"O problema será se a desaceleração nos Estados Unidos for mais longa e começar a afetar os preços das commodities", explicou Alvarez. Ele apontou que uma combinação de queda no preço das commodities com alta inflação e elevada taxa de juros na região pode se mostrar perigosa.

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