quarta-feira, 3 de setembro de 2008

País não pode ser "pego de surpresa" por contas externas

Terra / Denise Campos de Toledo
03/09/2008
A balança comercial brasileira registrou recorde de importações em agosto: quase US$ 17,5 bilhões. Apesar disso, o saldo ainda foi positivo em cerca de US$ 2,2 bilhões. É que as exportações brasileiras também seguem em expansão, amparadas, principalmente, no bom desempenho das commodities. O governo já está até refazendo, para cima, as projeções para as vendas externas do País neste ano.
Por conta disso, o Brasil ainda pode contar com bons saldos na balança. Neste ano, o superávit já está em quase US$ 17 bilhões. As exportações estão e vão continuar crescendo. O problema é o ritmo.
O dólar baixo favorece muito mais as importações. Por isso o saldo comercial está encolhendo. Esse processo tem aspectos positivos: entram mais produtos baratos no País, o que segura a inflação.
E até as empresas aproveitam para a compra de maquinário, além de componentes, que ajudam a produzir mais, com custo menor. Há ganhos de produtividade. Mas, há o lado negativo. Os produtos nacionais perdem terreno para os estrangeiros, aqui e no exterior. Empresas produzem menos que poderiam, com reflexo na atividade em geral. E saldos menores interferem nas contas externas, que já estão no vermelho.
E não é só o dólar que atrapalha a competitividade do produto brasileiro. O custo Brasil vai bem além disso. A carga de impostos é um problema até maior. Nessas condições a tendência é o saldo comercial manter uma trajetória decrescente, que pode se intensificar diante de uma queda mais acentuada dos preços das commodities no exterior.
Além das perdas para as empresas e para a atividade econômica, tem a questão, já destacada, das contas externas. Sem o reforço maior da balança comercial, o País ficará mais dependente dos investimentos diretos e os destinados ao mercado financeiro. No entanto, não é um problema para agora.
As reservas cambiais recordes e a reestruturação da dívidas garantem, uma situação confortável, que até protege o País diante das incertezas do cenário externo. Mas, são sinalizações que merecem atenção, para o País não ser pego de "surpresa" mais à frente.

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