Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Silvia Rosa
21/10/2008
Apesar da retração do mercado de capitais, a indústria de fundos de investimento no Brasil tem se mostrado resistente frente à crise internacional. "Os resgates líquidos no ano alcançaram menos de 3% do patrimônio total do mercado de fundos, representando cerca de R$ 40 bilhões", diz Marcelo Giufrida, durante cerimônia de posse como novo presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).
Segundo o vice-presidente da Anbid, Alexandre Zákia, a indústria de fundos brasileira é uma das menos afetadas pela crise internacional, apresentando, na média, desempenho superior a muitos países como a Espanha, cujas perdas no mercado de fundos alcança cerca de US$ 200 bilhões, quase metade do seu patrimônio total de US$ 450 bilhões.
Zákia destaca que a tendência é haver uma migração dos investidores para ativos de menor volatilidade como produtos como os Certificados de Depósito Bancário (CDB) e fundos DI.
Para Giufrida, o recente fechamento de dois fundos no mercado brasileiro -das gestoras GWI e da EM Galleas - são casos isolados, pouco representativos do mercado. "São fundos focados em clientes alta renda, que tiveram problemas localizados, mas que não refletem a realidade do mercado, que apresenta cerca de 8 mil fundos."
Giufrida destaca que uma das prioridades da nova diretoria da Anbid é ampliar a atuação na auto-regulação dos bancos de investimentos, estendendo a adoção da suitability, que permite adaptar os tipos de investimento ao perfil do cliente, para o varejo. "Hoje essa metodologia já é adotada nos private banks", diz Celso Scaramuzza, vice-presidente da Anbid.
A entidade também está analisando como regular as atividades de "equity kicker", pela qual os bancos concedem empréstimos às empresas antes da Oferta Pública inicial (IPO). Ele ressalta que a entidade tem focado na melhoria dos prospectos das ofertas públicas, que devem trazer alertas sobre os fatores de riscos.
A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, afirmou ontem que a instituição irá analisar as operações envolvendo derivativos, e se necessário irá impor restrições às operações que exigem maior risco. "A CVM vai analisar esses problemas e, caso necessário, imporá punições."
Maria Helena afirmou que CVM colocará em audiência pública, ainda esta semana, a norma que regulamentará a demonstração de instrumentos financeiros, incluindo derivativos, nas notas explicativas dos balanços de companhias abertas.
A regulamentação está dentro do cronograma de convergência para o padrão internacional de contabilidade, conhecido como IFRS, discutida em parceria com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Até o final do ano, será elaborada uma norma mais detalhada, conforme os pronunciamentos adotados pelo International Accounting Standards Board (IASB), sobre a demonstração e contabilização das operações com instrumentos de derivativos. "A deliberação nº 550 da autarquia, que exige informações detalhadas sobre os instrumentos de derivativos detidos por companhias abertas nos balanços do terceiro trimestre, é uma norma transitória e antecipa em parte o que a CVM passará a exigir a partir do fim do ano", diz.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Mercado de fundos do Brasil é resistente à crise
Publicado por Agência de Notícias às 21.10.08
Marcadores: Governança
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