quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pessoa física terá mais espaço nos IPOs no Bovespa Mais

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Lucia Rebouças

05/12/2007
A consolidação do mercado de capitais brasileiro dará mais um passo com a inauguração do Bovespa Mais, nível de listagem para IPOs (sigla em inglês para ofertas públicas iniciais de ações), para empresas de menor porte. O novo nível de listagem deverá acomodar os investimentos de pessoas físicas, que têm sido preteridas nos lançamentos de ações realizados neste ano.

O Bovespa Mais deverá ser inaugurado com o IPO da Nutriplant, empresa do segmento agrícola e de açúcar e álcool, que pediu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no dia 1 de novembro último. Além dela, há uma lista de outras candidatas. Na opinião de Laércio Cosentino, principal executivo da Totvs, maior empresa latino-americana de desenvolvimento e implantação de software de gestão empresarial, o Bovespa Mais deverá receber operações de empresas que não têm musculatura para entrar no Novo Mercado. Por isso, está mais de acordo com o apetite do investidor local do que com o dos investidores estrangeiros que dominaram os IPOs até agora, comprando em média 80% das ações ofertadas.

"O investidor estrangeiro tem bilhões de dólares para aplicar e não tem interesse num investimento de R$ 50 mil", conta. Cosentino cita ainda como potenciais investidores do Bovespa Mais seguradoras e fundos de previdência privada. Com a redução das taxas de juros, esses investidores, tradicionais aplicadores da renda fixa, vêm ampliando a fatia de seus portfólios aplicada em renda variável. Mais seletivo O executivo da Totvs acompanha o coro de economistas e analistas que dizem que mercado de capitais brasileiro continuará aquecido em 2008, mas será mais seletivo e a demanda dos investidores estrangeiros estará voltada para os grandes IPOs.

"O Brasil é uma excelente oportunidade de investimentos. Tudo aqui bate recorde. É reflexo da estabilidade político-econômica, de ter risco qualificado. Mesmo que haja problemas lá fora, o Brasil ainda pode se sair bem." Do lado das companhias, a disposição de captar recursos com a abertura de capital segue a liquidez do mercado. A Totvs não participa de estruturação de operação de IPOs, mas realizou ontem um seminário sobre o assunto para atender a inúmeros pedidos de clientes para contar sua experiência. "Foi uma prestação de serviço aos nossos clientes, um atendimento para relacionamento e uma possibilidade do potencial de comercialização de seus produtos depois do IPO", afirmou.

A primeira tentativa da Totvs de fazer um IPO não deu certo por motivos externos. Foi em 2001. A empresa estava conversando com um banco de investimentos, mas veio o 11 de setembro e o mundo parou. Depois fez uma nova tentativa, mas ouviu dos investidores que lhe faltava um pouco de musculatura. A empresa fez parceiras, comprou algumas empresas e finalmente abriu o capital numa bem-sucedida operação realizada em 2006, com uma oferta de R$ 460 milhões em ações.

Regras do segmento O Bovespa Mais segue as principais regras de governança corporativa do Novo Mercado, como tag along, oferta pública de compra de ações para o caso da empresa fechar o capital, entre outras. A Bovespa vai contratar consultorias para avaliar as ações que forem entrar no Bovespa Mais. Edna Souza Holanda, da área de empresas da Bovespa, que participou do seminário, informou que a bolsa dará cursos de governança corporativa para empresas abertas e fechadas e de relações com investidores para aperfeiçoar o conhecimento dessas empresas.

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