segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Brasil parece imune à turbulência do mercado, diz 'FT'

BBC Brasil

11/02/2008

O Brasil parece imune à turbulência do mercado, mas o governo deve fazer mais para encorajar o crescimento a longo prazo, segundo um editorial publicado nesta segunda-feira pelo jornal britânico Financial Times.

"Menos de uma década atrás o Brasil balançava ao primeiro sinal de instabilidade nos mercados financeiros internacionais. Hoje, em contraste, o País - como grande parte da América Latina, rica em recursos - parece imune à turbulência do mercado", afirma o editorial.

O FT cita o caso da Vale, que em meio à crise está atraindo investimentos na ordem de US$ 50 bilhões enquanto faz uma oferta de US$ 90 bi pela Xstrata, uma gigante da mineração anglo-suíça.

"Ainda assim, as tensões financeiras globais devem servir de alerta para um governo que ainda precisa aprender a gastar com sabedoria, encorajar as empresas e aumentar a produtividade econômica."

O editorial lembra que, mesmo em boas condições no mercado, o crescimento econômico do Brasil no ano passado ficou atrás da China, Índia e Rússia, os outros países do grupo conhecido como Bric.

O jornal também alerta que o país dificilmente escapará totalmente da crise dos mercados. "Uma recessão ou desaquecimento nos Estados Unidos e Europa vai atingir as exportações. Desaceleração na Índia e na China deve enfraquecer os preços de matérias-primas, enfraquecendo mercados cuja força vinha sustentando a poderosa performance comercial do Brasil nos últimos anos."

Segundo o diário britânico, já há sinais da vulnerabilidade e este ano o Brasil deve registrar déficit de conta corrente pela primeira vez desde 2002, em parte porque o fortalecimento do real está encorajando indivíduos e empresas a gastar dinheiro no exterior.

O jornal ainda lembra que, apesar de o investimento estrangeiro estar ocorrendo em níveis recordes, o comportamento dos investidores muitas vezes é volátil.

"Por todas essas razões é vital que o Brasil faça mais para encorajar o crescimento a longo prazo. Muitas empresas já estão começando a pensar em como aumentar a produtividade, retendo lucros e reinvestindo. O governo deveria ajudar."

Para o Financial Times, o governo precisa liberalizar os regulamentos de empresas, começar a negociar reformas fiscais e trabalhistas.

"O País pode ter orgulho de seu progresso, mas é necessário um senso de urgência para manter o ímpeto."

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