quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Expansão do mercado doméstico pode ser solução

InvestNews
15/10/2008
Para evitar estragos maiores frente à crise do sistema financeiro internacional, o governo federal deveria ancorar o crescimento da economia no mercado doméstico e, assim, compensar prováveis perdas nas exportações. O economista Fernando Cardim, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, alerta que a desaceleração da economia mundial resultará na redução das trocas comerciais e na queda dos preços de produtos exportados pelo Brasil. "A medida em que o mundo esfrie, perdemos em quantidade e preço", ressalta.
"O que o governo pode fazer é o que vem fazendo com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)e outras medidas: desviar o foco do crescimento para o mercado interno", aconselha. Segundo Cardim, é justamente o amplo mercado doméstico que vem assegurando ao Brasil taxa de crescimento superior à média mundial. "O que pode haver são medidas de expansão do mercado interno, controlar um pouco a tendência do Banco Central de aumentar demais os juros, tentar segurar o fôlego da demanda doméstica", avalia.
O economista reconhece que a desvalorização do real frente ao dólar favorece a balança comercial brasileira, por tornar nossas exportações mais competitivas e desestimula importações de supérfluos e gastos de turismo no exterior. No entanto, critica o vai-e-vem do câmbio - resultado, segundo ele, de omissão do governo. "Houve uma omissão muito importante nos últimos dois anos e meio, em que se deixou que a moeda brasileira se valorizasse e passássemos de um superávit em conta corrente para um déficit em um período muito curto, num ritmo de deterioração assustador", lembra.
Agora, segundo ele, é tarde para intervenções. "A hora de ter feito uma política adequada foi no passado e o Banco Central errou. Nesse exato momento, não há muito o que fazer. Tem que esperar acalmar um pouco e, aí sim, tentar ver qual o valor mais adequado do real, ter uma meta e definir instrumentos para garantir essa meta de câmbio".

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