quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nova medida pode destinar mais R$ 36 bi para o crédito

Folha de S.Paulo / Ney Hayashi da Cruz
31/12/2008
O governo anunciou ontem novas medidas para tentar estimular os bancos a aumentar a oferta de financiamentos no país. A mudança atinge a metodologia usada para o cálculo do patrimônio mínimo que as instituições financeiras precisam ter para garantir suas operações de crédito. Estima-se que, com a alteração, o limite máximo que os bancos podem destinar para a concessão de empréstimos aumente em cerca de R$ 36 bilhões.
A mudança foi decidida ontem pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), colegiado formado pelo presidente do Banco Central e pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. Pelas regras em vigor atualmente, os bancos podem emprestar para seus clientes um valor correspondente a até oito vezes o seu patrimônio. Ou seja, quem tem um patrimônio de R$ 1 milhão pode usar até R$ 8 milhões, aproximadamente, em empréstimos.
Essa exigência continua valendo, mas a maneira como se calcula esse patrimônio foi alterada. A partir de agora, os bancos não precisarão mais descontar de seu patrimônio o valor das provisões feitas periodicamente para enfrentar eventuais calotes.
Para cada empréstimo liberado por um banco, é feita uma provisão, ou seja, uma certa quantidade de dinheiro é reservada e guardada pela instituição financeira para cobrir um possível prejuízo que possa ocorrer caso esse empréstimo não seja pago.
Na prática, é como se o banco se antecipasse a um prejuízo que possa ocorrer no futuro. Pelas regras que valiam até ontem, provisões de valor elevado deveriam ser descontadas do patrimônio da instituição financeira.
Ou seja, quanto maior a provisão feita pelo banco, menor seu patrimônio e, conseqüentemente, menor sua capacidade de conceder empréstimos. A partir de hoje, esse desconto não precisará mais ser feito, e, com isso, grandes provisões feitas pelos bancos deixarão de afetar sua capacidade de emprestar para seus clientes.

Nenhum comentário: