G1
10/03/2009
Em conversas com banqueiros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admite zerar os impostos incidentes sobre o crédito para ajudar na queda do juro dos empréstimos ao consumidor. Ao dar a informação, o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, disse que há mais chances de isso ocorrer agora, "no contexto atual de crise, do que em tempos normais".
Segundo ele, "eliminar todos os tributos sobre a intermediação financeira vai na veia do spread bancário", que é a diferença entre o custo de captação de recursos pelo banco e o juro cobrado nos empréstimos. "Isso é uma distorção, pois o Brasil é o único" com tal cunha fiscal, citou.
Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (o Conselhão), Barros disse que Mantega e o secretário da Fazenda para Reformas, Bernard Appy, "já admitiram a possibilidade de eliminar os tributos", o que seria mais uma das medidas anticrise. A ideia seria zerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e as contribuições PIS/Pasep.
Ele sustentou que "o lucro dos bancos é apenas uma fração, algo entre 10% e 20% do spread. O resto é inadimplência e carga tributária".
Estudos do BC de 2007 mostram que, na verdade, o lucro dos bancos é a maior parcela do spread. Na decomposição do spread bancário, o lucro corresponde a 37,46%, acima da contribuição da inadimplência de 37,35%, seguindo-se o custo administrativo com 13,5%, a carga fiscal com 8,09% e o custo do compulsório com 3,59%.
O economista do Bradesco justificou que o spread global subiu com as incertezas da crise mundial, e que outro fator de pressão no país foi a bancarização. Ou seja, o aumento do acesso de clientes desconhecidos à rede bancária.
"Acho que é importante não satanizar os bancos, porque nessa crise os bancos brasileiros não são o problema, são a solução", afirmou ele. "Os bancos vão cooperar para que o Brasil saia logo da crise", continuou.
Barros fez coro aos empresários e representantes da sociedade civil, além de autoridades do governo que compõem o Conselhão, na defesa da queda do juro básico Selic pelo Banco Central. Ele acha que a taxa de 12,75% anuais pode cair mais de um ponto percentual agora, e fechar 2009 em 9,95%.
"Existe uma avenida para a queda dos juros no país", disse ele, complementando que o juro deve cair como medida anticrise. "O sistema bancário brasileiro torce para os juros caírem, porque isso reduz o risco bancário", justificou ele na reunião.
terça-feira, 10 de março de 2009
Governo estuda zerar impostos sobre crédito bancário, diz economista
Publicado por Agência de Notícias às 10.3.09
Marcadores: Tributária
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