Valor Econômico / Paulo de Tarso Lyra
29/11/2007
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social - que possui um subgrupo para tratar da reforma tributária - que decidiu adiar o encaminhamento da proposta, bem como da nova política industrial, ao Congresso, para poder " esperar para ver o que acontece com a CPMF " . Lula, que aposta em uma solução para a CPMF para os próximos dias, deixou claro que as dificuldades enfrentadas para prorrogar o imposto do cheque, serão cobradas mais à frente, durante a tramitação da reforma. " Não vamos fazer como fizemos em 2003, quando mandamos a reforma tributária para o Congresso, os parlamentares e os governadores não quiseram e a culpa ficou sendo do governo "
Lula defendeu que sejam dados nomes aos bois . Para ele, é preciso apontar qual o parlamentar, qual o prefeito, qual o governador, qual o ministro, que não quer a reforma tributária. O presidente justificou o adiamento do encaminhamento com a argumentação do senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Dornelles acha que misturar temas polêmicos como reforma tributária e CPMF não ajuda o debate político. O ministro da Fazenda havia alegado que o governo estava atendendo, no recuo, a um pedido da líder Ideli Salvatti. Ele me mostrou que não é bom colocar na mesma sala alunos que estão em séries diferentes , comparou o presidente. Na noite de segunda, Lula vetou um artigo da MP 387 que permitia o repasse de verbas do PAC durante o período eleitoral. O artigo provocou uma revolta da oposição, especialmente no Senado, que havia derrubado o artigo, recolocado posteriormente pela Câmara. O líder do Democratas no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que o governo apenas quitou um passivo que tinha com a oposição, algo insuficiente para alterar a disputa política em relação à CPMF . O Planalto continua cabalando votos.
Ontem, durante o almoço, o ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro, estudou os números da CPMF com os colegas Paulo Bernardo (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda) e José Gomes Temporão (Saúde). Múcio definiu o embate daqui por diante de uma disputa de poder, algo que extrapola a questão técnica da CPMF . Múcio jantou ontem com a bancada do PTB, hoje deve reunir-se, à noite, com a bancada do PMDB no Senado. Não sabe se ouvirá dos senadores uma cobrança efetiva em relação ao Ministério de Minas e Energia. Se me apresentarem a demanda, repassarei o pacote adiante , prometeu ele. O novo ministro da coordenação reconhece que a CPMF transformou-se em um depositário de sentimentos políticos, mas sempre acha que o sentimento de responsabilidade vai prevalecer . Nos próximos doze dias, Múcio vai tentar conversar com todos os senadores, ouvir as demandas de cada um e estudar os pleitos. Não é hora de faz de conta . O petebista acha difícil, devido a agenda de viagens oficiais, que Lula jante com senadores antes do primeiro turno da votação da CPMF. E classifica a disputa como um clássico, no jargão futebolístico. Precisamos de 49 votos. Ninguém pode se machucar daqui para frente .
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