quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

BNDES priorizará energia e logística

Rodrigo Postigo

26/12/2007

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá, em 2008, o perfil dos financiamentos desenhado sobretudo por empreendimentos em energia elétrica e logística, setores nos quais, segundo analistas, estão os maiores entraves ao crescimento do País.

A área de infra-estrutura, da qual fazem parte os dois segmentos, já representou 56% do volume de projetos aprovados entre novembro de 2006 e novembro de 2007, de quase R$ 89 bilhões.

Com isso, a infra-estrutura supera a indústria na divisão do bolo de recursos do BNDES. O setor industrial ficou com 33%. Tradicionalmente, a relação era de 50% para indústria e 40% para infra-estrutura. O restante era dividido entre agropecuária, comércio e serviços.

Em relação aos recursos liberados de janeiro a novembro deste ano, de R$ 56,6 bilhões, um recorde, infra-estrutura (com R$ 23,8 bilhões) e indústria (R$ 23,7 bilhões) estão praticamente empatados, mas as grandes obras previstas em energia devem decidir o jogo em 2008.

O setor, que estava com menos de R$ 15 bilhões de 2000 a 2002, caiu abaixo de R$ 10 bilhões entre 2003 e 2005, chega a 2007 com pouco mais de R$ 15 bilhões e manterá a curva crescente em 2008, com mais de R$ 20 bilhões. Em 2009, alcançará R$ 25 bilhões, nível que se deve manter em 2010.

“Estamos assistindo, talvez, à maior alta da demanda por recursos do banco desde os anos 70”, diz o superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico do BNDES, Ernani Teixeira Torres. “Há uma mudança na carteira muito clara.”

Pelos cálculos da instituição, a tendência é de aceleração de demanda em 2008. Um dos indicativos é o diferencial entre as aprovações de projetos e o efetivo desembolso de recursos. “Essa composição cresceu muito: chegou a R$ 29 bilhões e agora está em R$ 22 bilhões. A tendência é de que continue oscilando entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. É um número muito alto”, observa Torres.

Se energia está em alta, o mesmo não se pode dizer das comunicações. A era da TV digital e dos supercelulares com tecnologia de terceira geração (3G) não será suficiente para devolver à área a liderança dos investimentos em infra-estrutura. Segundo Torres, o boom desse setor situou-se no início da década, com o projeto de universalização da telefonia fixa e a ampliação da base de clientes da telefonia celular.

Os desembolsos para a área de comunicação, que chegaram a R$ 35 bilhões nos anos de 2001 e 2002, devem fechar 2007 em torno de R$ 15 bilhões, nível em que se deve manter até 2010, pelas projeções do banco.

O setor exportador industrial, que chegou a responder por 30% dos recursos liberados pelo banco, também está em baixa, passando para a uma participação de 25%. Em parte pela questão cambial, mas muito pela indústria aeronáutica (Embraer), que tem buscado financiamento no exterior.

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