quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Brasil e Bolívia discutirão fornecimento de gás

Rodrigo Postigo

10/01/2008

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Bolívia, Evo Morales e da Argentina, Cristina Fernández, se reunirão para acertar uma fórmula conjunta para o fornecimento do gás boliviano, cuja produção é insuficiente para atender a demanda de ambos os países.

O ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, irá na semana que vem à Argentina, e no início de fevereiro chegará ao Brasil para conversar sobre o fornecimento de energia e organizar o encontro dos governantes, indicou hoje à Efe uma fonte de seu Ministério.

Villegas antecipou que os líderes conversarão sobre a fórmula de repartição do gás boliviano dentro de uma cúpula do Mercosul ou da União de Nações Sul-americanas (Unasul), cuja data, no entanto, ainda não foi confirmada.

Villegas viajará para Buenos Aires no dia 17 de janeiro, e um dia depois se reunirá com o ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido.

Em 1º de fevereiro, Villegas virá ao Brasil para participar de um encontro com o ministro de Minas e Energia brasileiro Nelson Hubner.

A exportação de gás boliviano para esses países enfrentou nos últimos meses vários problemas, uma vez que sua produção se encontra no limite devido à baixa nos investimentos do setor.
A Bolívia considera necessário um acordo entre os três países para a distribuição do gás nos mercados externos, de modo a evitar restrições durante o inverno.

O ministro Villegas admitiu recentemente que a Bolívia não terá gás suficiente para cumprir os volumes estipulados em seu contrato com a Argentina, mas que ainda assim pretende garantir um envio regular para este ano.

Também disse que serão descumpridos os contratos de pequenos volumes para a entrega de gás para Cuiabá (para onde ainda estão sendo enviados 1,2 milhão de metros cúbicos) e para a empresa Comgás, de São Paulo.

O contrato assinado pela Petrobras prevê duras sanções à Bolívia caso o país não cumpra o volume de envio estipulado, de entre 28 e 31 milhões de metros cúbicos diários.

A produção boliviana atual ronda os 40 milhões de metros cúbicos, que subirão este ano para 42 milhões, frente a uma demanda do mercado externo e interno que ronda os 46 milhões de metros cúbicos.

Na semana passada, o Governo Morales anunciou um investimento para este ano de pelo menos US$ 1,266 bilhão da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) e de doze transnacionais com o objetivo de aumentar a produção.

A paralisia dos investimentos no setor foi atribuída pelas petrolíferas à mudança nas regras decorrente da nacionalização decretada em maio de 2006, que as obrigou a assinar novos contratos que entraram em vigor no ano passado.

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