Terra Fabiano / Klostermann
09/06/2008
A reunião de Cúpula da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), realizada esta semana, em Roma, não trouxe medidas concretas para amenizar a crise do alto preço dos alimentos no mundo. No entanto, na opinião de especialistas, o evento serviu para que o Brasil evitasse a "condenação" do etanol de cana-de-açúcar como um dos vilões do problema.
Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Walter Belik, a mobilização para condenar o biocombustível, em uma campanha orquestrada principalmente pelos europeus, foi rechaçada pela diplomacia brasileira. "O presidente Lula conseguiu colocar bem que os canaviais estão distantes da Amazônia e que a cana não é comida. Foi uma vitória, embora o objetivo da conferência não fosse esse", afirmou.
De acordo com ele, há muito desconhecimento ainda sobre o tema. "Essa semana foi muito importante para marcar essa diferença. Eu acompanhava a imprensa internacional e via jornais sérios colocando os dois (biocombustíveis, a partir da cana e do milho) no mesmo saco. Nesse ponto a diplomacia brasileira foi ágil e conseguiu afastar todo tipo de crítica que pudesse haver com relação ao etanol brasileiro", afirmou.
O bom desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conferência também é citado por Carlos Mielitz, professor do programa de pós-graduação e desenvolvimento rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Particularmente, o presidente Lula se saiu bem na reunião. Ele foi um dos responsáveis por fortalecer a posição brasileira. Mas, o etanol de cana continua não sendo uma unanimidade", explicou.
A avaliação de vitória, no entanto, é contestada por Mauro de Rezende Lopes, pesquisador do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ). Segundo ele, o Brasil falhou, tendo que brigar para não ver os biocombustíveis serem condenados na declaração final da cúpula. "Os (países) produtores de cana precisaram brigar para que não houvesse uma crítica ao etanol. Eles disseram que não assinariam o documento se tivesse alguma menção negativa", afirmou.
De acordo com Lopes, outro reconhecimento esperado pelo País não veio na reunião em Roma. "(O Brasil queria ter seu valor reconhecido) tanto em biocombustíveis quanto em mudança climática. Já que o etanol de cana é uma das melhores formas de capturar CO2 da atmosfera", concluiu.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Etanol brasileiro escapa do papel de vilão, declara FAO
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