BBC Brasil / Daniela Fernandes
06/06/2008
O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quinta-feira que as economias ricas querem "vender caro" aos países emergentes um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo o chanceler, a recente alta nos preços dos alimentos está levando os países ricos a concederem menos subsídios aos seus agricultores, já que os produtores estão se beneficiando dos aumentos das cotações das commodities.
Essa diminuição dos subsídios agrícolas, de acordo com o ministro, reduziu o valor das ofertas dos países ricos nas negociações da rodada de Doha da OMC, que prevê a liberalização do comércio mundial.
"Como os preços dos alimentos devem permanecer elevados por um longo período, as ofertas apresentadas em relação aos produtos agrícolas considerados sensíveis e também em relação aos subsídios são hoje menos atrativas do que teriam sido há dois anos", afirmou Amorim.
"Nós ainda queremos a rodada de Doha porque ela é importante para o sistema multilateral. Precisamos de um carro porque é necessário ir a algum lugar, mas esse carro já está usado e não é possível cobrar por um carro usado o preço de um novo".
Mercosul
Amorim participou nesta quinta-feira em Paris da reunião anual da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), da qual o Brasil participou como país convidado.
Para ele, os países ricos não oferecem cortes significativos de seus subsídios agrícolas, mas exigem, em contrapartida, que os emergentes reduzam suas tarifas de importação para produtos industriais.
"Os países ricos precisam ser realistas em relação ao preço que estão cobrando por um acordo", afirmou Amorim.
"A primeira coisa que pedimos é que os subsídios agrícolas dos países ricos sejam reduzidos consideravelmente. A segunda é que não cobrem muito caro por um carro usado".
Amorim também afirmou que o Mercosul não pode ser prejudicado nas discussões. "O Mercosul não está à venda", disse.
No final da tarde, Amorim participou de uma reunião informal da OMC com ministros do Comércio de cerca de 30 países para fazer um balanço sobre as negociações atuais.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que também participou da reunião em Paris, tenta relançar as negociações, atualmente bloqueadas.
Lamy deseja organizar até o final de junho uma reunião em nível ministerial para tentar obter até o próximo mês um acordo-quadro nas áreas da agricultura e de bens industriais.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Países ricos querem vender caro acordo na OMC, diz Amorim
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