quarta-feira, 23 de julho de 2008

Aumento da Selic pode levar à queda de investimentos, alerta Ipea

Agência Brasil
23/07/2008
O País vai continuar contando com ritmo de crescimento dos investimentos se o Banco Central (BC) conter as elevações na taxa de juros básicos da economia (Selic). Do contrário deverão cair os investimentos a partir de 2009, com crescimento menor da economia e menor oferta de emprego em relação a este ano, conforme análise do diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsu.
Ele lembra que, apesar de a inflação estar dando pequenos sinais de recuo, a tendência é que a alta de preços neste ano, em relação aos índices de 2007, provoque redução no ritmo de crescimento da economia.
No momento, os investimentos estão crescendo em nível acima do próprio Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas pelo País, lembrou Sicsu.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Sicsu falou sobre o documento Carta de Conjuntura, que o Ipea vinha editando a cada três meses e que registrou recuo da inflação nas últimas semanas, em relação aos demais períodos do ano.
Ele destacou o desempenho do item alimentação como principal responsável pela alta da inflação nos últimos meses. Segundo ele, em 12 meses até maio os preços desses produtos, isoladamente, subiram 14,6%, enquanto os demais itens que compõem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram no período a uma média de 3,2%.
Para Sicsu isso mostra que a inflação, excluindo o item alimentos, "está até muito bem comportada" em relação ao ano passado. Ela se torna preocupante, no entanto, particularmente por causa do efeito sobre as camadas mais pobres da população, que estão com a cesta de consumo "a preço bastante elevado".
Na opinião do especialista, o cenário daqui para a frente poderá se tornar mais positivo no que diz respeito à agricultura nacional, em razão dos incentivos que o governo está dando para aumentar a produção e a produtividade no campo. Com isso a oferta de alimentos deverá crescer no segundo semestre, prevê.
Sicsu disse que o preço do petróleo, que está em alta no mercado internacional, impacta apenas de forma indireta na inflação brasileira, no momento. O efeito, para ele, não vem do item transporte, mas do preço dos fertilizantes, agrotóxicos e outros insumos químicos usados nas plantações. Ele lembrou que os fertilizantes por exemplo, subiram 14% neste ano.
"O governo está tomando uma medida corrreta, reduzindo o imposto que incide sobre os combustíveis (a Cide) para equilibrar o preço dos combustíveis nas bombas dos postos de abastecimento, em relação ao que é pago nas refinarias".

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