segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Brasil tem "limitador de crescimento", diz agência internacional

BBC Brasil / Fabiano Klostermann
08/09/2008
O crescimento da economia brasileira, projetado pela Unctad, o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento, em 4,8% em 2008, está próximo do limite do que o País pode suportar sem apresentar desequilíbrios macroeconômicos. A afirmação é do economista sênior da agência de classificação de risco Moody's para a América Latina, Alfredo Coutino.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o aquecimento economia brasileira está desacelerando para um ritmo mais sustentável. Segundo ele, até mesmo a expansão do crédito, que vinha na faixa de 30% ao ano, baixou para valores entre 15% e 20%, o que caracterizaria um crescimento mais saudável.
O economista da Moody's - única das três principais agências de classificação de risco (que inclui Fitch e Standard & Poor's) a não dar grau de investimento ao Brasil - explica que um crescimento entre 4,5% e 5% é o potencial efetivo de expansão da economia brasileira. "Esse potencial é determinado pela capacidade de produção acumulada pela economia nos últimos 10 anos e determinado por três fatores fundamentais de fonte de crescimento permanente: poupança de investimentos, produtividade e mudanças tecnológicas", explicou.
De acordo com o economista sênior da agência, para não gerar desequilíbrios entre oferta e demanda, que ocasionam pressões inflacionárias, é necessário que o crescimento de um país não ultrapasse o seu potencial.
"Se a economia brasileira crescer além de 5%, então a demanda doméstica vai ultrapassar a produção nacional, gerando então um excesso de demanda que vai ser acomodado seja por inflação ou desequilíbrio na balança comercial", afirma Coutino.
O economista cita ainda a taxa de investimento na relação com o Produto Interno Bruto (PIB) como limitador do crescimento que um país pode apresentar sem desequilíbrios e cita o vizinho Chile como exemplo de a ser seguido. "No caso do Chile, a economia tem índices de investimento de cerca de 25% (do PIB), que indicam que a economia pode suportar crescimento acima de 5% sem desequilíbrios", explica.
"No caso do Brasil, as taxas são mais baixas, entre 18% a 20%, o que significa que o País pode crescer menos. Para a economia brasileira ter mais capacidade de crescer, é preciso investir mais na expansão dos negócios", acrescenta.
Apesar deste limitador de 5% ao ano, Coutino diz que o País está no caminho certo para melhorar seu crescimento. "O Brasil está fazendo coisas certas agora, mas o País passou por períodos de alta volatilidade tanto no ambiente econômico quanto no político, que foram um obstáculo para a economia no passado, e também aumentaram a pobreza", diz o economista.
No entanto, ele destaca que as mudanças não surtem efeito rapidamente e exigem anos para incrementar a capacidade produtiva. "Agora que o governo está combinando políticas de livre mercado com políticas públicas de conteúdo mais social, o Brasil está sustentando um crescimento maior. Mas, o incremento da capacidade produtiva leva anos e anos e o Brasil só começou a investir mais nesta década".

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