Gazeta Mercantil/Caderno C / Roberta Scrivano
10/11/2008
Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),afirmou ontem que está na pauta da comissão responsável pela elaboração do Plano Nuclear Brasileiro a possibilidade de instalar até seis novas centrais nucleares no País (sem contar Angra 3). "Na questão nuclear, nós estamos considerando a conclusão de Angra 3 e mais quatro ou seis plantas", comentou Tolmasquim durante reunião na Federação do Comércio (Fecomércio). "A comissão, da qual eu faço parte, que está discutindo o Plano Nuclear Brasileiro, considera concluir uma destas hipóteses até 2030", acrescentou.
Segundo ele, a intenção é colocar uma usina a cada cinco anos em funcionamento. O executivo ressaltou a importância do incremento energético por meio de usinas nucleares e afirmou que "até 2025, não haverá usinas hidrelétricas suficientes para atender a crescente demanda brasileira", para argumentar. "Se não haverá hidrelétricas suficientes, precisaremos de térmicas e, aqui no Brasil, nós só podemos construir térmicas a carvão ou nuclear".
Questionado sobre a potência das térmicas que geram energia com gás natural, o presidente da EPE foi enfático: "Gás natural não dá", disse para completar: "A não ser que haja uma mudança muito grande no cenário nacional e uma redução no preço do combustível". Tolmasquim salientou ainda que o Brasil detém a sexta maior reserva mundial de urânio - minério que, depois de enriquecido, torna-se o combustível das centrais nucleares. "Só há três países no mundo que têm reservas e tecnologia para produzir o combustível - Estados Unidos, Rússia e o Brasil", enumerou. "Com esse cenário não dá para desprezar essa fonte", completou o presidente da EPE.
Ainda segundo ele, trata-se de uma questão estratégica essencial para o desenvolvimento econômico do Brasil. "Não estamos falando que a solução elétrica para o mundo é a energia nuclear. Por enquanto não é, mas no futuro poderá ser", disse Tolmasquim que, para acalmar os ânimos dos ambientalistas de plantão, afirmou que em "2030 a energia nuclear não passará de 2% da matriz energética nacional".
No início do segundo semestre de 2007, o governo federal aprovou a retomada de Angra 3, que irá gerar até 1,3 mil megawatts. Além disso, o governo estima construir, até 2030, no mínimo quatro novas centrais nucleares. Essa proposta já fazia parte do chamado Plano Decenal, que deveria ser concluído em 2015. A grave crise econômica enfrentada pelo Brasil nas décadas de 1980 e 1990 e a forte reação contrária ao setor nuclear depois do acidente da usina de Chernobyl, na Ucrânia, foram os principais fatores responsáveis por afastar o País do programa que agora está sendo retomado. As dificuldades encontradas para operar as usinas em ritmo de normalidade também jogaram água fria em planos de expansão. Com a retomada dos projetos, a previsão do governo é de instalar pelo menos duas das novas unidades na região Nordeste e as outras duas no Sudeste. Até o momento, quatro estados se propuseram a abrigar as usina - Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. "Estrategicamente o Brasil precisava retomar o Plano Nuclear", arrematou Tolmasquim.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
EPE estuda instalar 6 novas centrais nucleares no Brasil
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