Segundo economista, indicadores industriais de outubro mostram que já houve inflexão no ritmo da economia
Agência Estado / Renata Veríssimo
05/12/2008
O economista chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse nesta quinta-feira, 4, que surpreendeu a rapidez com que os efeitos da crise financeira internacional foram transmitidos para o lado real da economia. Segundo ele, os indicadores industriais de outubro mostram claramente que já houve uma inflexão no ritmo da economia. "A rapidez com que a crise se alastrou acabou disseminada pelos dados de outubro", disse durante entrevista para avaliar os indicadores industriais de outubro, divulgados pela CNI.
Ele atribuiu a retração das vendas reais e das horas trabalhadas em relação à setembro a dois fatores, principalmente: a crise de liquidez, que, segundo ele, se alastrou não só para as empresas exportadoras mas também para o setor doméstico da economia, e a retração da demanda.
Castelo Branco destacou que no mercado externo já houve uma queda muito forte da demanda para um grande número de produtos, apesar da mudança de patamar do câmbio. Ele disse que commodities e setores como siderurgia, mineração e celulose já estão sentindo uma queda na demanda mundial. "A conjugação desses dois fatores (crédito e demanda) mudou as condições domésticas", avaliou.
Ele contou que a CNI fez uma consulta emergencial às empresas, há cerca de 10 dias, para saber como elas estavam sentindo a crise. O resultado apontou que a redução da demanda tem sido o principal problema, o que está fazendo com que as empresas revisem os seus investimentos. "O cenário mudou e já começou a influenciar os números reais da produção", disse Castelo Branco.
Segundo ele, as medidas adotadas até agora pelo governo para dar liquidez ao mercado estão na direção correta, mas a crise alterou o quadro de crédito no país, que se tornou mais caro para as empresas e as famílias. Castelo Branco disse que a atividade industrial mudou de patamar em outubro e deve mostrar novas retrações em novembro e dezembro. A CNI irá revisar a sua previsão de crescimento industrial para 2008, que é de 5%, e para a economia, que é de 5,3%. Castelo Branco disse que a entidade irá aguardar a divulgação do PIB do terceiro trimestre, na próxima semana, para revisar as estimativas para 2008.
Castelo Branco, no entanto, afirmou que os resultados da indústria este ano ainda devem ser excepcionalmente elevados porque três quartos do ano foram dominados por um ritmo forte da economia. "Mas, essa inflexão vai dominar este último trimestre", afirmou. Para o economista, o quarto trimestre será de ajuste no ritmo de crescimento da atividade industrial.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Efeitos da crise chegaram rápidos à economia real, diz CNI
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