sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Crise fez 5 de 16 setores reduzir investimentos até 2012

Levantamento é do BNDES; juntos, esses cinco setores reduziram investimentos em R$ 124,5 bilhões
Agência Estado / Adriana Chiarini
06/02/2009
Entre 16 setores com investimentos para o período de 2009 e 2012 levantados pelo BNDES em agosto, antes do agravamento da crise a partir de setembro, apenas cinco cortaram investimento por causa da crise, de acordo com o banco: siderurgia, papel e celulose, "extrativa mineral", automotivo e construção residencial. Juntos esses cinco setores reduziram investimentos em R$ 124,5 bilhões, de R$ 765,1 bilhões em agosto para R$ 640,6 bilhões em dezembro, respondendo por boa parte da diminuição total entre os dois levantamentos, de R$ 1,461 trilhão para R$ 1,305 trilhão, divulgada na semana passada. Três desses cinco setores estão associados à exportação de commodities - "Extrativa mineral", que é basicamente minerais, sem petróleo e gás (de R$ 72,3 bilhões em agosto para R$ 48 bilhões em dezembro); siderurgia (de R$ 60,5 bilhões para R$ 24,5 bilhões) e "papel e celulose", de R$ 26,7 bilhões para R$ 9 bilhões). Os outros dois setores nesse grupo dependem muito de crédito: construção residencial (de R$ 560,4 bilhões para R$ 535,7 bilhões) e automotivo (de R$ 35,3 bilhões para R$ 23,5 bilhões). "Dado que a gente tem a maior crise da economia mundial desde 1930, a redução de cerca de 11% nos investimentos para quatro anos (no total entre os levantamentos de agosto e dezembro) não é grande. Há redução? Há, mas muito suave, dada a gravidade da crise", diz o economista Gilberto Rodrigues Borça Junior, um dos autores do estudo do BNDES "Perspectivas de investimentos 2009/2012 em um contexto de crise". Há um grupo de três setores - sucroalcooleiro, ferrovias e portos - que reduziram investimentos por outros motivos, de R$ 71,0 bilhões para R$ 43,9 bilhões. "No início de 2008 já havia superinvestimento no setor sucroalcooleiro", considera Fernando Puga, que também assina o trabalho com Borça Junior, Ernani Teixeira Filho e Marcelo Machado Nascimento. No sucroalcooleiro, a queda foi de R$ 28,5 bilhões para R$ 19,7 bilhões. Em relação a ferrovias e portos, os motivos estão mais associados a questões regulatórias, de acordo com Puga. Há um grupo formado por oito setores, entre os 16 analisados, que tendem a continuar com investimentos firmes apesar do agravamento da crise. Esses tiveram variação de previsão de investimentos para 2009 a 2012, de apenas R$ 624,5 bilhões, em agosto, antes do agravamento da crise, para R$ 620,4 bilhões em dezembro. Borça Junior destaca petróleo e gás (R$ 269,7 bilhões, sem alteração entre os dois levantamentos); energia elétrica (R$ 141,1 bilhões, também sem mudança) e telecomunicações (R$ 77,8 bilhões, em ambos os casos) como setores com peso grande na economia nacional. "Com o novo plano da Petrobras, o valor para petróleo e gás aumentaria uns R$ 30 bilhões", observa Puga. Além desses, os setores que ficaram sem alteração entre os levantamentos de agosto e dezembro para os investimentos de 2009 a 2012 foram: saneamento (R$ 49,4 bilhões); petroquímica (R$ 23,7 bilhões) e indústria da saúde (R$ 8 bilhões). Também estão nesse grupo, dois setores que tiveram reduções pequenas com a revisão de dezembro: rodovias (de R$ 27,8 bilhões para R$ 26,7 bilhões) e eletroeletrônica (de R$ 27 bilhões para R$ 24 bilhões).

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