segunda-feira, 18 de maio de 2009

Argentina troca Brasil por China

Agência Estado / Ariel Palacios
18/05/2009
Pressionado pelos setores industriais, o governo da presidente argentina Cristina Kirchner aplicou nos últimos meses diversas medidas contra a entrada de produtos estrangeiros, alegando "defesa da indústria nacional e dos trabalhadores". Os industriais afirmam que a proteção é imprescindível para evitar o colapso de suas empresas, afetadas pela queda da atividade econômica interna e da crise internacional.
No entanto, as medidas - embora aplicadas a todos os países - afetaram principalmente as exportações do Brasil, principal fornecedor de produtos industrializados do país. Economistas sustentam que o governo, em vez de criar novos conflitos com o Brasil, deveria ajudar a fortalecer o Mercosul contra a invasão chinesa. "O Brasil é o principal fornecedor estrangeiro de produtos industrializados para o mercado argentino", explica Maurício Claveri, especialista em comércio exterior da consultoria Abeceb.
"Mas a China está ganhando de forma crescente muita participação na Argentina." As exportações chinesas foram as que mais avançaram no país, a taxa de 30% a 40% anual. Há três anos, a China exportava seis vezes menos que o Brasil para o mercado argentino. "Mas, no primeiro trimestre deste ano, a China exportou para a Argentina duas vezes e meia a menos que os exportadores brasileiros."
Mesmo antes de a crise mundial se agravar, a Argentina já acumulava diversos problemas internos, e aplicou uma série de medidas protecionistas no início de 2008. O leque de proteções engloba de licenças não-automáticas, valores critério, direitos antidumping e cotas. "A exigência de licenças prévias praticamente zerou nossas exportações para a Argentina a partir de abril", contou o diretor de relação com investidores da brasileira Teka, Marcelo Stewers. Ele explica que a produção dos pedidos feitos pelos argentino apenas é iniciada com a liberação da licença. "Neste trimestre apenas um cliente conseguiu a licença. A situação está bastante difícil."

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