sexta-feira, 16 de novembro de 2007

G20 diz que êxito da Rodada Doha "está ao nosso alcance"

Gazeta Mercantil/Caderno A / EFE e Reuters

16/11/2007

Ministros e altos representantes do G20, grupo liderado pelo Brasil e que reúne países emergentes, disseram ontem que a agricultura deve ser o centro das prolongadas negociações da Rodada de Doha e alertaram que, sem um consenso nesta área, não haverá acordo. Mas a conclusão do encontro foi otimista: "o êxito na rodada está ao nosso alcance", diz a nota oficial divulgada após a reunião em Genebra, coordenada pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

"O centro da rodada, a locomotiva da rodada é a agricultura e qualquer tentativa de tentar mudar este fato central vai falhar", disse Amorim, em entrevista coletiva após a reunião que ocorreu na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A mesma posição foi adotada pelo titular de Assuntos Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, que pediu "que a agricultura seja o centro das negociações". A reunião do G20 se ampliou depois para um encontro do qual participaram o grupo dos Países Menos Desenvolvidos, as Economias Pequenas e Vulneráveis e as Nações da África, do Pacífico e do Caribe que eram ex-colônias européias, todos países emergentes, que também lembraram da importância da agricultura. "Juntos, representamos quase 95% dos membros da OMC", acrescentou Amorim.

Todos os oradores ressaltaram que a reunião de Doha, que começou há seis anos na cidade de mesmo nome do Catar, foi chamada de rodada do Desenvolvimento porque seu objetivo era promover o crescimento econômico dos países emergentes. "Todo mundo sabe que a maioria dos pobres do mundo é agricultor", disse o ministro de Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez. "Por isso, qualquer tentação de culpar os países em desenvolvimento das dificuldades das negociações está deslocada, pois esta é a rodada da Agricultura", reiterou Amorim.

A rodada está num impasse devido à solicitação dos emergentes aos países desenvolvidos de que ponham fim aos subsídios à agricultura e de que ampliem as parcelas de mercado. Já as nações ricas querem que os países em desenvolvimento reduzam tarifas de importação de produtos industriais. O ministro brasileiro afirmou que o principal problema que os países em desenvolvimento enfrentam atualmente é que o texto da minuta sobre produtos industriais "é claro, o que você vê é o que recebe", disse. "Mas no texto sobre o setor agrícola não se sabe; pode ser que o que oferecem com uma mão podem tirar com a outra", acrescentou. "Queremos um texto de agricultura onde o que se leia seja o que é", disse o ministro de Comércio indiano, Kamal Nath.

Ele disse que os EUA precisam esclarecer sua posição em relação ao procedimento para um futuro acordo, pois há mais de seis meses o governo americano está sem a permissão do Congresso para negociar e aprovar acordos comerciais (o "fast track"). "Queremos saber qual a proposta dos EUA, e não esta incerteza", disse Nath. A posição recebeu o apoio da ministra de Agricultura da África do Sul, Lulama Xingwana, que disse que os países africanos, inclusive o seu, não estavam contentes com o que estavam vendo e criticou os EUA por não eliminarem distorções e subsídios.

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