sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Investimento estrangeiro na América Latina cairá 10%, dizem bancos

Efe

11/01/2008

O investimento privado estrangeiro na América Latina cairá 9,9% neste ano, para US$ 105,4 bilhões, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), a maior associação de bancos do mundo.

Esta queda representa uma "ligeira moderação a partir de números muito altos no passado", explicou hoje o subdiretor-gerente do IIF, economista Yusuke Horiguchi, na apresentação do relatório "Economia Global e Mercados de Capitais para 2008".

De acordo com o cálculo realizado pelo IIF, a região obteve no ano passado US$ 117 bilhões em investimento estrangeiro, o que supõe um grande aumento frente aos US$ 46,3 bilhões de 2006 e aos US$ 70,4 bilhões de 2005.

Mas em 2008 a América Latina receberá US$ 11,6 bilhões menos que em 2007, o que supõe "uma redução pouco expressiva", disse Horiguchi, que acrescentou que o investimento estrangeiro "se mantém ainda muito alto" na região.

Por trás desta queda reside o fato de que os países da América Latina fizeram "boas mudanças em suas políticas fiscais" ao longo dos últimos anos.

"Quando esta tendência se mantém durante um tempo, os resultados são vistos", comentou Horiguchi, que indicou ainda que, devido às reformas tributárias realizadas nos últimos anos, os governos da região já não necessitam "pegar tanto dinheiro emprestado".

Apesar dessas reformas, a América Latina "tem ainda um longo caminho a percorrer", disse o economista.

Com relação ao conjunto dos países emergentes, o IFF revisou para cima suas previsões sobre o fluxo de capital privado em 2008, ao elevar seus cálculos em US$ 77 bilhões.

Assim, estes mercados obterão um investimento estrangeiro de US$ 670 bilhões este ano, frente aos US$ 681 bilhões que o IFF calcula que teriam recebido em 2007.

Esta revisão indicou que os países emergentes "estão em boa posição para suportar as turbulências em mercados considerados mais maduros", completou o relatório.

Quanto às previsões de crescimento econômico para a América Latina, o IFF avaliou que a região terá um avanço menor que em 2007, quando o PIB (Produto Interno Bruto) aumentou em média 5,2%, de acordo com estimativas preliminares.

Neste sentido, a instituição prevê que o PIB da região crescerá 4,6% em 2008, em linha com a tendência de baixa da economia global.

O IFF também indicou que a economia latino-americana sofrerá desaceleração devido às políticas macroeconômicas mais restritas que estão sendo aplicadas por países para resistir à alta de preços.

A demanda doméstica continuará sendo o principal catalisador do crescimento regional.
Entre os países mais afetados pela desaceleração destacam-se Venezuela e Argentina, que registrarão quedas "mais fortes".

Os altos preços das matérias-primas, um menor crescimento das exportações e o rápido aumento das importações, a valorização da moeda local e a tendência de baixa em toda a economia global continuarão freando o superávit da balança comercial da América Latina, que será reduzido a US$ 82 bilhões em 2008.

O IFF não vê ainda, por enquanto, um cenário de recessão para os Estados Unidos, mas reconhece que a maior economia mundial se encontra em um "ponto de inflexão".

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