Rodrigo Postigo
20/02/2008
O déficit comercial da Argentina com o Brasil chegou a US$ 4,160 bilhões, em 2007, completando quatro anos consecutivos de saldo negativo e "a maioria dos setores industriais aumentou o vermelho comercial", segundo estimativa da consultoria argentina Ecolatina, fundada pelo ex-ministro de Economia, Roberto Lavagna. O estudo também alertou para a "falta de interesse argentino em desenhar uma estratégia de relacionamento internacional".
Na opinião da consultoria, diante do aumento das assimetrias no intercâmbio comercial, "o Mercosul reclama mais igualdade e definições estratégicas". Em comparação com o déficit de 2006, da ordem de US$ 3,740 bilhões, o saldo negativo do ano passado apresentou um crescimento de 11%. Para a Ecolatina, os três setores responsáveis por 70% do déficit foram "máquinas, aparelhos e materiais elétricos e de transporte terrestre e metais comuns e suas manufaturas". "Em 2007, a maioria dos segmentos industriais aumentou o saldo negativo, mas a exceção foi a produção automotiva que reduziu o déficit em US$ 269 milhões", observa a Ecolatina.A consultoria opinou, em seu relatório semanal que a visita do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, "deveria servir para dar impulso a um processo de integração regional que há vários anos enfrenta crescentes dificuldades".
O presidente desembarcará em Buenos Aires na quinta-feira à noite e se reunirá com a colega argentina, Cristina Fernández de Kirchner, na sexta-feira. Seguida por uma reunião trilateral no sábado, com a presença do boliviano Evo Morales.De acordo com a apreciação da consultoria, "para a política exterior brasileira, a associação com a Argentina não está gerando os resultados esperados em termos de fortalecimento da capacidade de projetar seus interesses nos foros internacionais".
Segundo o estudo, o "Brasil demonstrou sustentabilidade no tempo de seus instrumentos de acesso aos mercados e apoio à indústria", enquanto a política argentina de apoio à indústria "tem sido pendular".A consultoria afirma que "se o Brasil não começar a nivelar o terreno em matéria de incentivos à produção e aos investimentos, o processo de integração enfrentará crescentes dificuldades".
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