quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dívida é maior obstáculo para upgrade do Brasil, aponta Fitch

Reuters / Walter Brandimarte

13/02/2008

As baixas taxas de crescimento e a alta dívida pública são os principais obstáculos para o Brasil obter o grau de investimento, apontou a agência de classificação de risco Fitch Ratings na terça-feira. Um upgrade pode vir em breve, embora ele dependa do compromisso governamental com a responsabilidade fiscal, disse Shelly Shetty, uma importante diretora da agência. Embora os indicadores econômicos brasileiros estejam em linha, e em alguns casos, até melhores do que a média de países cotados como BBB pela agência, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda está aquém.

O Brasil cresceu somente 3,7 por cento em média durante os últimos cinco anos, enquanto os países considerados BBB pela Fitch tiveram uma expansão econômica média de 5,5 por cento, de acordo com a agência de classificação de risco. A Fitch acrescentou que a dívida do governo brasileiro corresponde a 65 por cento do PIB do país, comparado com a média de 28 por cento do PIB entre os países com nota BBB. "E dado o crescimento ainda modesto do PIB, a dinâmica da dívida brasileira não está melhorando num ritmo rápido. Então está bastante claro que o fardo da dívida do Brasil não cobrirá a média dos (países com nota) BBB em breve", disse Shetty durante painel sobre a América Latina organizado pela Fitch em Nova York.

Ela acrescentou, no entanto, que uma elevação da nota que a Fitch atribui ao Brasil pode ocorrer "antes dessa convergência acontecer". "O que estamos buscando é uma maior segurança de que a política fiscal será conduzida de maneira que permitirá que essa convergência aconteça no médio prazo", disse ela. A analista enfatizou que a perda da arrecadação com a CPMF complicou ainda mais a perspectiva fiscal do Brasil, apesar das promessas do governo de manter sua atual meta fiscal primária de 3,8 por cento do PIB. Shetty disse que "ainda não está claro onde os cortes de gastos serão feitos e se eles terão credibilidade e serão duradouros".

Nenhum comentário: