quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

"Grau de investimento sai este ano"

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados / Viviane Monteiro

13/02/2008

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o País deverá receber este ano o grau de investimento, também chamado "investment grade", apesar das turbulências externas geradas pelo temor de recessão na economia dos Estados Unidos. Mantega ressaltou que o bom desempenho da economia brasileira, alinhado à solidez das contas públicas, é um dado importante para o Brasil ser alçado a condição de país com baixa risco de investimento. "Eu acredito que ele (investment grade) chega este ano, mas não tenho certeza. (A crise) não muda a perspectiva, porque as reservas do País continuam subindo, as solvências continuam bastante fortes e agora com uma diferença grande, ou seja, com o maior vigor da economia (interna)", disse o ministro, que voltou a trabalhar ontem, depois de passar alguns dias na Europa.

Otimista com o desempenho da economia brasileira, que até agora, segundo Mantega, não foi contaminada pela crise internacional, o ministro declarou que os investidores estrangeiros confiam que o Brasil está preparado para enfrentar as turbulências externas. Para Mantega, a economia interna está "descolada" da crise externa. "No Brasil ainda não se nota nenhuma conseqüência, nem uma desaceleração, mas isso não quer dizer que não possa vir", ressalva Mantega. "Mas até agora nada de concreto aconteceu. Os preços das commodities continuam altos e o mercado interno, robusto", avalia.

O ministro esclareceu que os investidores estrangeiros estão mais pessimistas em relação aos Estados Unidos e União Européia, principalmente quanto à duração da crise e suas conseqüências. Mas ele acrescentou que o contexto muda quando os investidores se referem ao Brasil. As ameaças inflacionárias, sinalizadas logo no início do ano, não preocupam o ministro. "A inflação está dentro do centro da meta e até menor do que uma boa parte dos índices de países emergentes. Mesmo na questão inflação estamos numa posição confortável", disse.

Na tentativa de minimizar as ameaças inflacionárias, Mantega lembrou que o Brasil é um país privilegiado por ser um grande produtor de alimentos. "Os países europeus estão com problemas de inflação de alimentos, com uma pressão maior do que aqui, porque eles não produzem uma boa parte de alimentos, enquanto nós produzimos", disse Mantega. "Eles estão com um dilema crucial: não sabem se baixam a taxa de juro para estimular a economia, ou se combatem a inflação com juro maior", declarou. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Banco Central elevar a taxa de juro diante das pressões inflacionárias, conforme indicou na ata da última reunião do Copom, Mantega disse que a leitura, de elevar o juro, estava sendo feita apenas pelo repórter pelo qual estava sendo questionado.

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