Rodrigo Postigo
03/03/2008
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pediu "eqüidade" na balança comercial com o Brasil, num momento em que seu país acumula déficit histórico com o mercado brasileiro.
"Temos que entender, nós e nosso principal sócio, o Brasil, com quem temos um déficit de US$ 4,3 bilhões, que (esta dívida) aumentou 17% frente ao ano passado", disse. "Qual é a solução? Conversei sobre isso com o presidente Lula e a saída é conseguir um equilíbrio razoável na balança através de maior integração e maior grau de complementaridade entre todas as indústrias, principalmente a indústria automotiva. Esse setor explica até 50% do déficit da balança comercial".
Segundo ela, a integração tem que ser vivida "por todos os setores" que a conformam, "de uma maneira igual para que possa trazer benefícios para todos os setores e não só para uns", afirmou. Cristina defendeu a entrada da Venezuela no Mercosul, destacando que o país presidido por Hugo Cháves é "decisivo" para a equação energética da região.
"Não é questão de simpatia pessoal ou de amiguismo político. É simplesmente um exercício de racionalidade para integrar e fechar, definitivamente, a equação energética na América Latina", disse.
É a primeira vez que a presidente argentina critica o déficit comercial de seu país com o Brasil - fato que vem ocorrendo a quatro anos consecutivos, segundo dados oficiais.
Após a reunião, há uma semana, em Buenos Aires, com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Evo Morales, da Bolívia, Cristina Kirchner se referiu ao encontro realizado para discutir a escassez de gás boliviano para atender a demanda dos três países.
"(Essa discussão) não se refere só à administração e o uso racional (de energia) porque estamos absolutamente interconectados. Do mesmo modo que Bolívia vende gás para a Argentina para o Brasil, nós devolvemos em botijões ao Paraguai e a Bolívia."
"E do mesmo modo que o Brasil nos vende energia elétrica, nós lhe devolvemos gás através de Uruguaiana que eles convertem em energia elétrica. Da mesma maneira que mandamos energia elétrica ao Uruguai, ele também nos devolve energia e nós mandamos gás ao Chile", afirmou.
Para Cristina, tentou-se mostrar que a escassez energética é um problema só da Argentina. Mas para ela esse é um problema da região e do mundo em geral.
"E nós estamos no mundo e na região. Portanto, devemos abordar a questão com seriedade e tranqüilidade", declarou. Cristina Kirchner disse ainda que, apesar do interesse de cada país, ela espera "responsabilidade" de cada um dos presidentes da região.
"Mas o certo é que a racionalidade e o acordo terão prioridade entre todos que têm responsabilidade na direção dos Estados que compõem a América do Sul", disse.
"Confio, plenamente, na responsabilidade do presidente do Brasil, da Bolívia, de nós mesmos, do Chile e do Uruguai", afirmou.
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