segunda-feira, 16 de junho de 2008

Aumenta o "fantasma default" da Argentina, diz 'FT'

Terra
16/06/2008
Os níveis da dívida da Argentina são superiores aos registrados quando o país apresentou o maior default de sua história, em 2001, e uma "crise de confiança" no governo instalou o fantasma de um novo default, segundo uma reportagem do jornal londrino Financial Times. As informações são da agência Ansa.
Segundo a matéria, intitulada "Crescimento da dívida argentina aumenta o fantasma de default", apesar de uma reestruturação realizada há três anos, a dívida pública chegou a US$ 114,7 bilhões, 56% do produto interno bruto, comparado com US$ 144,2 bilhões em 2001, o que equivalia a 54% do PIB, "em um momento no qual a economia argentina é maior".
O jornal informou que Martín Krause e Aldo Abram, diretores do Centro de Pesquisas de Mercados e Instituições Argentinas da escola de negócios de Eseade, traçaram ainda uma projeção segundo a qual a dívida é superior.
Se a quantidade comprometida com titulares de bônus que não aceitaram a reestruturação da dívida em 2005 e que estão pedindo para recuperar seu dinheiro for incluída, disseram, a dívida pública de Argentina aumentaria a US$ 170 bilhões, 67% do PIB.
"Não estamos à beira do default, mas se seguirmos por este caminho, com este nível de conflito, poderíamos chegar lá", declarou Abram.
De acordo com o Financial Times, "os seis primeiros meses do governo de Cristina Fernández têm sido marcados pelos conflitos com o setor agrária, falta de combustível e pressões sobre a inflação, que o governo é acusado de manipular".
"Enquanto isso, o governo deve encontrar este ano cerca de US$ 14,6 bilhões para as dívidas do serviço público, mais 11,8 bilhões para o próximo ano, e 10,5 bilhões para 2010", disse.
Ainda segundo o jornal, a Argentina "depende cada vez mais do presidente venezuelano Hugo Chávez, que comprou US$ 6,4 bilhões em bônus nos últimos três anos".
"Mas seu isolamento financeiro internacional lhe custou muito caro. Buenos Aires teve que pagar à Venezuela taxas de juros de até 13%", disse Krause, acrescentando que, por outro lado, o Brasil, que tinha um prognóstico de dívida muito pior que a Argentina em 2001, "obteve recentemente um grau de investimento que lhe permitiu vender bônus por dez anos a 5,3%".

Nenhum comentário: