Gazeta Mercantil/Caderno C / Sabrina Lorenzi
18/08/2008
O pré-sal da bacia de Santos quadruplica as reservas de petróleo do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP). Com os novos campos localizados abaixo da camada de sal na bacia que vai de Santa Catarina ao norte do Rio de Janeiro, as jazidas brasileiras passam dos 13 bilhões de barris (provados) para cerca de 55 bilhões de barris, segundo as estimativas. E até 12 bilhões de barris encontram-se em áreas sem concessão, que não foram licitadas, sendo, portanto, da União. Para uma fonte da Petrobras, as projeções são conservadoras.
"Nossa expectativa em relação ao pré-sal se aproxima dos números divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo)", afirma Márcio Melo, presidente da ABGP. O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, falou em abril que apenas o campo de Carioca teria reservas de 33 bilhões. A Petrobras já divulgou que a reserva de Tupi possui de 5 a 8 bilhões de barris de óleo.
Melo citou os maiores países produtores de petróleo e gás, o que coloca a Rússia em primeiro lugar do ranking. Por esta classificação, que inclui gás natural, o Brasil ficaria em 12º lugar, mesmo com as novas reservas do pré-sal (considerando o total de 55 bilhões de barris). "Temos grande potencial mas o Brasil não é uma Arábia Saudita", avalia o representante dos geólogos.
Em palestra onde apresentou dados sobre o pré-sal, Melo comparou o maior campo de petróleo do país árabe com Tupi. Mostrou que o campo de Ghawar possui 250 quilômetros de extensão e produz 5 milhões de barris por dia. E Tupi tem 35 quilômetros, com possibilidades bem menores. "Não dá para passar disso com nosso cenário geológico (55 bilhões de barris)".
Uma fonte da Petrobras avalia que as estimativas da ABGP são conservadoras demais. Ligado à área de exploração e produção da Petrobras, o executivo citou estimativas do ex-diretor Newton Monteiro, segundo as quais o País tem, sim, reservas comparáveis às da Arábia Saudita, o maior produtor de petróleo do mundo. A fonte, que não quis se identificar, avalia que há mais petróleo nas áreas que não foram concedidas do que nos blocos já licitados, ao contrário do que estima Melo.
Pelas estimativas de Melo, realizadas pela sua consultoria HRT, de 8 bilhões de barris a 12 bilhões de barris não foi licitado no pré-sal de Santos. Se o governo criar uma estatal para administrar petróleo, então, esta empresa vai ser dona deste volume. Outros cerca de 30 bilhões já estariam nas mãos da Petrobras e suas parceiras multinacionais.
O petróleo que não foi licitado motiva o governo a procurar alternativas ao modelo atual de concessão, pelo qual as empresas são detentoras do petróleo, assumem o risco exploratório e em troca da produção pagam royalties e participações especiais. Fontes ligadas aos participantes do grupo interministerial criado para decidir o futuro do pré-sal afirmam que o Planalto já optou pelo regime de partilha com a gestão de uma estatal que não será a Petrobras. Os papéis da companhia estão em plena queda e os acionistas reclamam da criação de uma nova empresa.
"E como é que ficará a Petrobras? Foi graças à Petrobras que o Brasil está descobrindo esse petróleo e agora querem tirar isso dela", defende Melo. O especialista avalia que qualquer decisão do governo é válida, desde que seja rápida, para não afugentar investidores e não prejudicar a Petrobras. A empresa liderou perda de valor de mercado entre todas as companhias da América Latina.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Com pré-sal, previsão é de que País terá reservas de 55 bilhões de barris
Publicado por Agência de Notícias às 18.8.08
Marcadores: Economia, Petróleo e Derivados
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