Movimento foi uma das grandes surpresas nos balanços do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco
O Estado de São Paulo / Renée Pereira
18/08/2008
A retração na oferta de crédito internacional obrigou as empresas brasileiras a buscarem alternativas domésticas para financiar investimentos. Um termômetro da mudança é a forte expansão dos empréstimos bancários, na casa de 30% no primeiro semestre, e a evolução das captações feitas no mercado de renda fixa, com emissão de debêntures e notas promissórias. Já as operações no mercado externo recuaram 36%.O lançamento de ações, uma das principais fontes de recursos das empresas nos últimos anos, foi prejudicado pelo mau humor do ambiente internacional, que reduziu o apetite do estrangeiro por papéis de mercados emergentes. Com investimentos na carteira, as empresas tiveram de retornar ao mercado doméstico, apesar do atual ciclo de alta dos juros.Essa foi uma das grandes surpresas da última safra de balanços dos bancos. Nos quatro principais bancos nacionais (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco), a carteira de crédito para grandes empresas cresceu 30% no primeiro semestre, ante igual período de 2007, e somou R$ 180,3 bilhões. "Nos últimos anos, houve uma mudança grande de escala das companhias brasileiras. Com isso, as necessidades operacionais e de investimento também cresceram", diz o diretor-executivo do Bradesco, Sérgio Clemente.Segundo ele, parte da demanda foi suprida pelas Ofertas Públicas Iniciais (IPOs). Mas, com a turbulência no ambiente internacional, provocada pelos prejuízos bilionários dos bancos com as hipotecas de alto risco (subprime), esse mercado se fechou. No primeiro semestre, apenas quatro novas empresas entraram no mercado acionário, o que representou uma queda de 44,5% no volume total de ofertas, conforme dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid)."As empresas cresceram. Aquelas que fizeram IPOs já gastaram e precisam de mais dinheiro para cumprir os investimentos. Fazer financiamento é mais rápido", diz Clemente, do Bradesco, onde o crédito para grandes empresas cresceu 39,8%. Para o segundo semestre, a expectativa é que esse portfólio continue em alta. Segundo especialistas, o que as empresas estão fazendo é conseguir um empréstimo-ponte, por prazos de um a três anos, e depois tentar lançar algum título no mercado interno ou externo, quando o mau humor passar.Isso tem sido feito até mesmo em investimentos de infra-estrutura. As concessões rodoviárias, cujo leilão ocorreu em 2007, exigiram volume grande de recursos no primeiro semestre por causa das melhorias iniciais exigidas pelo governo. Junta-se aí outras obras, como as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Uma parte do financiamento dos dois empreendimentos, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será repassada pelas instituições financeiras.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Empréstimo bancário para empresas cresceu 30% no primeiro semestre
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