segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Desperdício fiscal com reservas chega a 1% do PIB, diz IPEA

Redação Terra
15/09/2008
A partir de 2006, o volume de reservas internacionais do Brasil tem se expandido a um ritmo acelerado, gerando um desperdício fiscal de até 1,03% do Produto Interno Bruto (PIB) do País como resultado de seu carregamento, de acordo com análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"O elevado nível de reservas internacionais do Brasil é uma espécie de 'seguro' muito caro em termos de custos fiscais", conclui o pesquisador do instituto Christian Vonbun, autor de uma pesquisa sobre o tema.
Os custos fiscais totais anualizados de carregamento das reservas, no primeiro trimestre do ano, estavam, segundo a entidade, entre 1,02% e 1,03% do Produto Interno Bruto (PIB).
O estudo calcula, ainda, os custos fiscais desnecessários esperados em função da manutenção das reservas em patamares diferentes dos ótimos, devido ao excesso de liquidez internacional. O resultado indica que esses valores representam entre 0,06% e 1,03% do PIB ao ano.
Vonbun sugere a necessidade de o Banco Central (BC) rever a política de compra de reservas ou mesmo vender parte da liquidez internacional já acumulada.
O texto aponta que as reservas tendem a se elevar ainda mais, gerando desperdícios fiscais crescentes. De acordo com os resultados obtidos, "o nível de reservas observado no Brasil parece encontrar-se efetivamente acima do nível ótimo", explica Vonbun.
O pesquisador esclarece que essa acumulação tem gerado debates. Na opinião de alguns economistas, o volume corrente de reservas seria importante e necessário como um "seguro" contra crises internacionais ou como forma de evitar a apreciação do real, enquanto, na opinião de outros, o nível de reservas seria "excessivo" e estaria impondo um gasto desnecessário ao País.
Na maior parte do período estudado, entre o primeiro trimestre de 1998 e o mesmo período de 2008, o comportamento do Banco Central parece ter sido adequado, na visão do economista. "Somente sob cenários e hipóteses extremos o volume de reservas registrado no mês de março poderia ser justificado, à luz dos resultados do modelo", avalia.

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