Jornal do Brasil / Cláudia Dantas
22/10/2008
Nem mesmo a crise econômica vai tirar do Brasil a chance de expandir no segmento naval. Os fundamentos macroeconômicos sólidos, os investimentos recentes na indústria através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), e a descoberta das reservas do pré-sal darão condições de competir globalmente. É o que acredita o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Petróleo, Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, Julio Bueno.
– A decisão do governo federal, embora monopolista, foi a mais acertada – avaliou o secretário. – Toda decisão tem ônus e bônus, mas, se olharmos a longo prazo, uma política liberal não se sustentará, se não formos competitivos. A descoberta do pré-sal é uma alavancagem extraordinária para a indústria naval.
Novos estaleiros
Na semana passada, os governos federal e estadual anunciaram a construção de dois novos estaleiros no Rio, no Porto de Itaguaí, com uma área total de dois milhões de metros quadrados, para atender à marinha mercante e à iniciativa privada.
Segundo Bueno, o setor tem capacidade para abrigar mais três grandes estaleiros no Brasil, do porte do Estaleiro Atlântico Sul, obra em andamento no Porto de Suape (Pernambuco/CE). Mas o Rio sai com uma vantagem competitiva à frente do outro Estado: as duas áreas disponíveis já dispõem de infra-estrutura no entorno, que beneficiarão as empresas interessadas: a obra do Arco Metropolitano – rodovia expressa que ligará Rio-SãoPaulo e ficará pronta em até cinco anos – a duplicação da BR-101 e a ferrovia operada pela MRS Logística. Os investimentos no projeto superam a casa de R$ 1 bilhão.
– No Atlântico Sul, a iniciativa privada teve de fazer vários investimentos adicionais – lembrou.
O secretário complementa que há quatro grandes grupos robustos interessados em Itaguaí, e já visitaram o local. O edital de licitação sairá no fim de dezembro.
Para Richard Klien, presidente do Conselho de Administração da Multiterminais – empresa especializada em transporte de cargas –, o pré-sal é um caso a parte para o Brasil. Segundo o especialista, é uma grande oportunidade para o país manter-se presente no setor e atender a demanda que surgirá a partir das novas reservas.
No entanto, o executivo alerta: a crise econômica mundial vai intimidar o setor.
– Só nesse primeiro susto ela já foi responsável por reduzir em 8% o tráfego da indústria marítima no Extremo Oriente e Europa. Mas, se conseguirmos manter o nível atual de movimentação, será um sucesso – aposta Klien.
O presidente do Conselho de Administração da Multiterminais também sustenta que vai haver demanda para suportar dois, três ou até mais estaleiros no Brasil, no entanto, o setor precisará corrigir um problema crucial para se tornar tão competitivo como Coréia e China: incentivar a normatização.
– Não basta investir, é preciso mudar as regras tributárias, fiscais e trabalhistas – analisou Klein. – Praticamente toda a navegação e extração de petróleo hoje ocorre a 200 milhas da costa, livre de impostos. Não adianta nada construir navios e continuar trabalhando livre de amarras.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Mesmo com crise, setor naval tem mercado aquecido
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